segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

SPORTING - 1 BENFICA - 1 - SORTE

Sorte

Tendo em conta as circunstâncias tenho que considerar o resultado do jogo desta noite como um mal menor, que nos mantêm em posição privilegiada na luta pela renovação do título de campeão. Mas não deixo de me sentir algo desapontado pelo facto do Benfica ter passado a maior parte do jogo numa estratégia de risco mínimo e aparentemente satisfeito com o empate. É certo que o jogo era muito mais decisivo para o Sporting do que para nós e que não pudemos contar com o nosso maior desequilibrador, mas esperava mais da nossa parte.


A estratégia de maior segurança ficou visível logo na escolha do onze inicial - visto a olho, já que o clube anfitrião fez questão de não anunciar a constituição da equipa do Benfica, ou melhor, do 'visitante', porque durante todo o tempo foi assim que se referiram à nossa equipa (certamente em casas de viscondes e gente diferente é assim que se demonstra classe). André Almeida em vez do Talisca, com a equipa a dispor-se em campo num 4-4-2 em que o Samaris e o André actuaram praticamente lado a lado, em vez do mais habitual 4-1-3-2. Sobre o jogo jogado, tenho pouco a dizer. Foi um jogo bastante táctico, em que as defesas se superiorizaram aos ataques e não houve uma única ocasião de golo para qualquer uma das equipas durante os primeiros quarenta e cinco minutos. Senti bastante a falta do Gaitán, uma vez que o seu substituto Ola John foi um dos jogadores mais desinspirados de toda a equipa e não fez uma contribuição positiva que fosse para o nosso jogo. Atrás dele também o Eliseu esteve longe do desejável, pelo que a nossa asa esquerda praticamente não serviu para nada. Também é justo referir que na direita o Salvio foi tudo menos brilhante, pecando por individualismo excessivo e por complicar jogadas em que se impunha a opção mais simples. No centro o Samaris, pelo contrário, esteve sempre muito bem e juntamente com o André e os frequentes recuos no campo do Jonas encaixaram no meio campo do Sporting, impedindo que tirassem partido de alguma teórica superioridade numérica nessa zona do terreno. 


Não vi grandes diferenças no início da segunda parte. Nenhuma das equipas parecia querer correr grandes riscos, e da parte do Benfica via uma aparente ainda maior vontade em deixar correr o marfim e satisfazer-se com o nulo. Uma vez que era ao Sporting a quem menos interessava este resultado, na fase final do jogo foi por isso natural que tentassem carregar mais na procura do golo. O facto de termos ficado com ambos os laterais e os dois médios centro (o Samaris já perto do final) amarelados creio que também contribuiu para uma menor agressividade a defender e para que os extremos do Sporting passassem a ter um pouco mais de liberdade - vi vários lances em que claramente os nossos jogadores se retraíram e não arriscaram meter o pé. Mas apesar disso o jogo nunca ficou particularmente desequilibrado, e recordo-me apenas de uma boa ocasião para o Sporting, num cabeceamento do Carrillo (no qual o Eliseu ficou a assistir de cadeirinha) que obrigou o Artur a uma boa defesa. No Benfica apenas me chamou a atenção um bonito passe do Samaris para o Jonas, que dentro da área decidiu tentar assistir o Lima quando me pareceu que poderia ter rematado. Parecia-me que o jogo estava inevitavelmente destinado a um nulo, e que apenas algum lance fortuito poderia alterar o estado das coisas. E nos minutos finais, foi mesmo isso que acabou por acontecer, e por duas vezes. Primeiro, e porque no melhor pano cai a nódoa, o Samaris, que estava até então a fazer um jogo sem mácula, teve um mau corte que isolou o João Mário entre os nossos centrais. O Artur defendeu o remate, mas já não conseguiu evitar a recarga do Jefferson. Um duro golpe a três minutos dos noventa, ainda por cima sendo o golo marcado por um dos jogadores que eu mais detesto à face da terra (desde que lesionou o Salvio por seis meses que não suporto aquele animal). Claro que os adeptos da casa soltaram logo a sua tradicional arrogância e desataram a dar 'olés', como se o jogo medíocre a que se assistia sequer o merecesse. Levaram o castigo merecido para isso, porque já em período de descontos uma confusão dentro da área que se seguiu a um lançamento lateral do Maxi e posterior insistência com um despejo da bola para lá acabou com a bola a sobrar para o Jardel, que rematou no meio da confusão para o golo do empate.


Apesar da má intervenção que resultou no golo do adversário creio que o Samaris fez um jogo muito bom. O Artur também merece referência porque depois da campanha vergonhosa levada a cabo pelo Record durante a semana para o desestabilizar fez um jogo seguro e defendeu o que havia para defender. Não foi muito, mas o que fez fê-lo bem e nada mais poderia fazer no golo sofrido. O Jardel mereceria destaque quanto mais não fosse pelo golo, mas também esteve sempre bem na defesa, sobretudo tendo em conta o trabalho adicional a que foi muitas vezes sujeito para compensar o Eliseu. E também gostei do Maxi, que nunca revelou grandes dificuldades para controlar o jogador potencialmente mais desequilibrador do Sporting. O Nani passou praticamente ao lado do jogo, e isso muito por culpa do Maxi.

Perdemos dois pontos para o rival na luta pelo título, mas objectivamente mantemo-nos como a única equipa que depende apenas de si própria para conquistar o título. Espero que a sorte que tivemos hoje ao obter o empate no último fôlego de um jogo que poderíamos perfeitamente ter deixado fugir tenha sido também uma boa injecção de motivação adicional para que consigamos fazer a festa no final do campeonato.

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