terça-feira, 23 de abril de 2024

FARENSE - 1 BENFICA - 3 -VITORIA

 Em Faro, o Benfica venceu, mas pelos vistos não convenceu. Apesar do triunfo, a fúria dos adeptos encarnados não perdoou Schmidt e Rui Costa, insultados durante e após a partida.

Análise Farense 1-3 Benfica: Sobre sair do coma, mas continuar ligado às máquinas
Roger Schmidt © 2024 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

A análise da vitória do Benfica em Faro começa, inevitavelmente, pelo fim.

Foi nessa altura que a comitiva encarnada, incluindo Roger Schmidt, saiu do relvado do São Luís sob uma vaia descomunal por parte dos adeptos (benfiquistas) que assistiram ao jogo. Os mesmos que presenciaram o triunfo da equipa da Luz por 3-1 diante do Farense. Estará a perguntar-se: Mas a equipa jogou muito mal? Mas os jogadores ripostaram contra os adeptos? Nem uma coisa nem outra. Curiosamente, ao contrário de grande parte dos jogos esta época, o Benfica fez mais do que o suficiente para vencer a partida. E, segundo sabemos, em momento algum houve qualquer jogador, ou mesmo treinador, com uma atitude menos correta em direção à bancada.

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É por isso um caso de estudo a reação intempestiva como os adeptos do Benfica trataram a equipa, com cânticos insultuosos dirigidos ao presidente Rui Costa e ao técnico Roger Schmidt.

É certo e sabido que a relação de Schmidt com os adeptos está longe de ser pacífica. Mas caramba, vencer por 3-1 em Faro, onde, por exemplo, o Sporting ganhou por 3-2, num triunfo suadíssimo, e terminar a partida daquela forma?

Quanto ao jogo, começou animado. A necessidade da conquista dos três pontos aguçou a astúcia de ambas as equipas nos primeiros minutos de jogo. Apesar de ser o Benfica a equipa mais discernida e com mais bola, o Farense revelava aos poucos que estava longe de ir a jogo apenas para agarrar o pontinho. Não, José Mota queria mais. Mas para querer mais, verdade seja dita, teria de estar apetrechado de outros argumentos defensivos.

A partida gozava de alguma falta de governança, no bom sentido do termo, e era o Benfica que mais a sabia aproveitar. Aliás, o pináculo desse aproveitamento chegou cedo, logo aos 16 minutos, depois do Benfica ter descoberto um buraco bem escavado no lado direito da defesa. Di María acelerou, Bah passou nas costas sem qualquer oposição e encontrou Kokçu na área. O médio turco desviou para o fundo das redes, mas nem parecia muito feliz pelo golo marcado. Lá celebrou com os colegas o 1-0 que, apesar de não se justificar inteiramente, não chocava ninguém.

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O golo fez bem à equipa encarnada, que num curto espaço de tempo soube criar um par de oportunidades dignas de registo, mas sem as concretizar. E é nestas alturas que a gíria do futebol faz juz à sua sabedoria: quem não marca...? E sim, foi contra a corrente de jogo que surgiu o golo do empate. Belloumi encheu o pé (oh, se encheu) e fuzilou a baliza de Trubin, apesar do pouco ângulo. O golo, na sequência de uma bola parada, parecia vir baralhar as intenções audazes do Benfica, mas foi só parecer.

Novamente pela direita (uma autoestrada sem portagens para Alexander Bah), o neerlandês desencantou Arthur Cabral no meio da área, que com um toque sublime de calcanhar devolveu a vantagem no marcador às águias. Quase poética a forma como o físico corpulento do brasileiro proporcionou aquele suave a delicado toque, que só parou no interior da baliza de Ricardo Velho, que nem em novo a apanharia.

Era a vantagem assegurada ao intervalo, que traria um novo jogo, muito diferente do primeiro. A loucura tática da primeira parte deu lugar a um jogo mais ponderado, sobretudo das águias, que mantiveram o domínio do jogo de forma extremamente segura, salvo raras exceções.

O jogo era de teste, alto teste, para o Benfica, mas sobretudo para Schmidt. Apostou em Carreras na lateral esquerda e foi precisamente do espanhol que nasceu o terceiro, aos 67 minutos. Foi já depois de uma quantas traquinices de Di María, todas elas lindas, mas todas elas sem quererem nada com o fundo da baliza, que o espanhol chegou ao golo da tranquilidade a praticamente vinte minutos o fim (uma vez mais, com o argentino no lance do golo)

Num jogo em que Rafa, Aursnes e João Neves começaram no banco, Schmidt, tantas vezes criticado, merece uma nota positiva pela forma corajosa como arriscou... e soube petiscar. A ele, que tantas vezes é acusado de alguma inércia na forma como reage ao que o jogo vai pedindo, não se pode acusar ter lido mal o jogo diante do Farense. Opinião contrária terão tido os centenas de adeptos que, no momento da saída de Schmid do relvado, decidiram pedir satisfações pelo rendimento na presente temporada. É caso para perguntar: como teria sido se o Benfica tivesse saído derrotado?

O momento

O segundo golo do Benfica apontado por Arthur Cabral. É uma finalização que parece simples, mas está longe de o ser. O gesto técnico é perfeito, no tempo certo, e Arthur Cabral deixou (uma vez mais) a certeza de que pode e deve ser uma escolha mais frequente e preferencial face a outros jogadores. Foi, sem dúvida, um dos momentos mais cativantes de toda a partida, a par de uns quantos lances absolutamente geniais de Di María, que apesar da magia deixada em campo não conseguiu concretizá-la em golos.

A prova de que a exibição do Benfica valeu realmente pelo é todo é esta: o facto de ser quase impossível destacar alguém, sob pena de ser injusto com mais de meia equipa. Numa avaliação mais distanciada, e mesmo não tendo marcado, talvez seja justo entregar a distinção a Di María. Tem dois ou três lances maravilhosos, mas acabou a partida sem abanar as redes. Também acontece. Mas é inegável o contributo do argentino na vitória das águias em Faro, funcionando como um verdadeiro motor refinado, revestido a elegância, magia e acutilância. É prova disso o facto de ter tido ligação aos três golos dos encarnados. Só faltou marcar, e não esteve longe disso, mas a noite era sobretudo para dar e não tanto para receber.

O pior

A defesa do Farense, especialmente no lado esquerdo, apresentou enormes dificuldades em conter a produtiva parceria entre Di María e Alexander Bah. Foi nesse espaço que nasceram os dois primeiros golos do Benfica. Marco Matias, que pouco cumpriu defensivamente e Talys, um lateral aos papéis, terão sido, porventura, os principais rostos do fracasso defensivo dos leões de Faro - sobretudo no primeiro tempo.

Também no lado negro da história, obviamente, o momento lamentável durante e após a partida, com insultos gratuitos dirigidos a Schmidt (e também a Rui Costa). No caso do técnico alemão, chegou mesmo a ser atingido com uma garrafa no momento em que se dirigia para o túnel. Por mais razões que existam - o que após uma vitória por 3-1 se tornam ainda mais difícil de explicar - é inqualificável o que se passou no São Luís com os adeptos do Benfica. Um comportamento que merece a reflexão de todos, especialmente para os lados da Luz.

domingo, 14 de abril de 2024

BENFICA - 3 MOREIRENSE - 0 - VITORIA

Kokçu, Tomás Araújo e Rollheiser marcaram os golos do Benfica na vitória caseira frente ao Moreirense.
Benfica vence Moreirense com direito a 'pedido de desculpas' e duas estreias a marcar
Tomás Araújo festeja com João Neves após fazer o segundo golo do Benfica. JOSE SENA GOULAO/LUSA © 2024 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

O Benfica mexeu, viu e venceu o Moreirense, por 3-0, na 29.ª jornada da I Liga,  no Estádio da Luz e continua a pressionar o líder do campeonato, o Sporting.

Orkun Kokçu, Tomás Araújo e Rollheiser foram os obreiros da goleada encarnada frente ao Moreirense, um adversário que Roger Schmidt ainda não tinha conseguido vencer desde que chegou ao Benfica.

Veja as melhores imagens da partida

Já não é preciso pedir desculpa: Kokçu vai do inferno à Luz e coloca águias em vantagem

Foi uma autêntica revolução aquela que Roger Schmidt fez ao onze encarnado. Bah, João Neves e Neres foram os únicos que resistiram em relação aos últimos jogos dos encarnados, apesar de Otamendi e Aursnes serem ausência devido a castigo (por acumulação de amarelos na I Liga, no caso do capitão das águias, e, no caso do norueguês devido ao vermelho visto em Alvalade).

Depois de um primeiro quarto de hora jogado, praticamente sem balizas, um contra-ataque rápido veio alterar o rumo do jogo. Kokçu combinou com Tiago Gouveia que devolveu a bola ao internacional turco que rematou para o fundo das redes da baliza do Moreirense, não desperdiçando assim a oportunidade para fazer as pazes com os adeptos encarnados ao colocar o Benfica em vantagem antes dos 20 minutos, depois da polémica entrevista.

Kokçu queria demosntrar serviço e ainda voltou a ameaçar a baliza de Kewin Silva, mas o guardião evitou o segundo do médio turco.

Depois da aflição, estreia a marcar na Luz

Os momentos seguintes foram de aflição na Luz, com Samu Soares a sentir-se pouco seguro entre os postes. Numa primeira ocasião, Tomás Araújo acabou por facilitar e Samu ao sair à queima por pouco não permitiu que Alan restabelecesse a igualdade no marcador. E pouco depois novo reboliço nas bancadas, uma vez que, o guardião encarnado a puxar a bola para trás e a ficar a poucos centímetros da linha de golo.

Depois do Moreirense 'dar o ar da sua graça', Arthur Cabral voltou a colocar o jogo a rumar para o lado encarnado, ao estar muito perto de ampliar a vantagem no marcador com um grande remate de fora da área que foi direitinho à trave da baliza.

Muito perto do intervalo, Kewin Silva brilhou com uma grande defesa que evitou o golo de Álvaro Carreras depois de um grande remate do lateral.

A Luz ansiava por voltar a gritar golo e o mesmo aconteceu já no tempo de compensação: Canto batido por Neres, com Tomás Araújo a cabecear para nova defesa de Kewin Silva, na recarga Arthur Cabral atirou ao poste e voltou a sobrar para o jovem central que desta vez não desperdiçou e fez o segundo golo do Benfica na partida.

Benfica ameaçou e... Rollheiser marcou

Roger Schmidt voltou a mexer ao intervalo ao retirar Neres, João Neves e Tomás Araújo (que deverá ter ficado tocado após um lance aos 32 minutos), fazendo entrar Rollheiser, Florentino e António Silva.

Apesar das mudanças, o Benfica voltou a ser o primeiro a criar perigo depois de um livre batido por Kokçu, que apesar de ter batido na barreira não saiu muito longe da baliza do Moreirense.

O Benfica estava 'dono e senhor' do encontro e começava a acumular oportunidades desperdiçadas de golo, como foi o caso do remate de Tiago Gouveia, aos 65 minutos, que ainda tirou tinta ao poste da baliza de Kewin Silva.

Os encarnados tanto avisaram que o golo acabou mesmo por chegar. Depois de Tomás Araújo estrear-se a marcar pelas águias, Rollheiser não quis ficar atrás e aproveitou a assistência de Tiago Gouveia e dilatou a vantagem encarnada para três golos.

Roger Schmidt voltou a mexer e colocou Tengstedt, para o lugar de Kokçu, e estreou Diogo Spencer que rendeu Tiago Gouveia no encontro.
Antes do final da partida, grande receção de Rollheiser, que deixou para Carreras que tentou assistir Arthur Cabral, mas o avançado encarnado não conseguiu rematar com perigo para a baliza do Moreirense.
O Benfica fecha assim a 29.ª jornada com os olhos postos na segunda-mão dos quartos de final da Liga Europa frente ao Marselha e continua a pressionar o líder do campeonato português, o Sporting, que segue com uma vantagem de quatro pontos e um jogo a menos.