domingo, 1 de fevereiro de 2015

BENFICA - 3 BOAVISTA - 0 - 3 PONTOS

Inequívoca

Ganhámos tranquilamente e sem aparente grande esforço ao Boavista, mas não terão sido muitas as vezes em que saí da Luz irritado depois de vencer um jogo por três a zero. Irritado por causa da lesão do Júlio César, e também porque a nossa superioridade sobre o Boavista foi tão inequívoca que o resultado me soube a pouco. Talvez seja eu que estou a ser demasiado exigente, mas fiquei mesmo com a sensação que os nossos jogadores nos ficaram a dever uma goleada das antigas.


Foi quase o mesmo onze que alinhou em Paços de Ferreira que entrou hoje em campo. Uma única alteração, que foi o Pizzi no lugar do Talisca. Não tenho acompanhado com muita atenção os jogos do Boavista esta época, por isso não sei se hoje foi um dia particularmente mau ou se isto tem sido o padrão da época, mas muito sinceramente, ao fim de dois ou três minutos de jogo já tinha uma opinião formada, que era que só mesmo um alinhamento absolutamente impossível dos astros conseguiria fazer com que conseguissem sacar qualquer coisa deste jogo. Juro que não estou a exagerar no que digo, até porque tenho respeito pelo Petit por motivos óbvios, mas o Boavista foi uma das piores equipas que eu vi jogar na Luz esta época, se não mesmo a pior. O único objectivo que pareceram ter foi acantonar jogadores à frente da área, e nos raros momentos em que conseguiam recuperar a bola não pareciam sequer saber o que fazer com ela. Quase todos os jogadores pareceram-me bastante limitados e sem qualidade suficiente para uma primeira liga normal, mas nesta aberração de dezoito equipas que temos o Boavista até consegue estar fora da zona de despromoção (embora desconfie que o sintético do Bessa seja o seu maior trunfo). Assim se compreende que durante a primeira parte o Boavista não tenha construído uma jogada de ataque (ou melhor, uma jogada sequer que os fizesse passar do meio campo sem ser através de chutões para a frente). E que mesmo com o amontoado de jogadores em frente à sua área tenha parecido relativamente simples ao Benfica ultrapassar a muralha defensiva: uma tabela rápida ou um passe de ruptura para as costas da defesa e aparecia logo um jogador nosso solto. Só mesmo algum nervosismo ou falta de confiança da nossa parte pode explicar a falta de eficácia que fez com que demorássemos vinte e três minutos a chegar ao golo. Foi nessa altura que o Lima aproveitou uma assistência do Maxi, que picou a bola sobre os defesas, para de cabeça fazer a bola passar sobre o Mika e desfazer o nulo. Isto já depois de um par de perdidas algo flagrantes da parte do Ola John e do Salvio. Não demorou muito até surgir o segundo golo, da autoria do Maxi, que depois de um canto marcado à maneira curta entrou à vontade pela quina da área e rematou cruzado de pé esquerdo. Até ao intervalo o resultado podia e devia mesmo ter sido ampliado, com destaque para a segunda perdida do Salvio, isolado em frente ao guarda-redes.


Acho que as facilidades que o Benfica encontrou ou soube criar fizeram com que a equipa jogasse de forma mais relaxada na segunda parte, e tivesse perdido uma boa ocasião para construir um resultado ainda mais desnivelado. Logo a abrir, pareceu-me ter ficado um penálti por assinalar após falta sobre o Lima, em mais uma tabela rápida com o Jonas que o deixaria na cara do golo. Não foi assinalado esse lance, foi erradamente assinalado outro com dez minutos decorridos. Um slalom individual do Samaris terminou com uma falta perto do limite da área, mas ainda fora, que o árbitro Hugo Miguel transformou em penálti e o Jonas converteu. De assinalar também que este lance ocorreu imediatamente a seguir a mais uma perdida escandalosa do Benfica, na qual o Luisão surgiu completamente sozinho quase na pequena área e com tempo para tudo, mas rematou de forma a permitir a defesa do Mika quando tinha o Lima completamente solto ao seu lado. A ganhar por três o nosso treinador mesmo assim resolveu arriscar a entrada do Talisca, e deu ainda oportunidade ao Gonçalo Guedes de somar mais alguns minutos pela equipa principal.  Quanto ao jogo, foi um desfilar de ocasiões perdidas ou mal aproveitadas, com os nossos jogadores a parecerem querer sempre dar mais um toque na bola, fazer mais um passe ou uma tabela, como se quisessem entrar com a bola pela baliza dentro. Pelo meio o Boavista teve a sua primeira e única ocasião no jogo, quando após um livre despejado para a área o Júlio César foi obrigado a fazer uma defesa fantástica para evitar o golo após um cabeceamento. E ate final, duas situações a mencionar: primeiro, a incrível lesão do Júlio César, que depois de passar o jogo quase todo ao frio e sem nada para fazer fez um sprint para tentar evitar um possível canto e ficou agarrado à coxa. Isto significa que há agora a possibilidade de para a semana o Sporting poder contar com o jogador que foi mais decisivo para que conseguisse arrancar um empate no jogo da primeira volta. A segunda foi mais um penálti evidente cometido sobre o Lima, já perto do final, e que não só não foi assinalado como resultou ainda na expulsão do Pietra do banco. Até estranharia se o lagartão Hugo Miguel acabasse um jogo nosso sem um saldo negativo para nós.


Na minha opinião o destaque em termos individuais vai para o Maxi, sobretudo pelo que fez na primeira parte. Assistência para o primeiro golo e marcador do segundo, para além de ter sido sempre dos mais activos e lutadores da equipa. O Samaris voltou a fazer um bom jogo e está a crescer bastante naquela posição. Gostei também do Jonas e do Lima, e quanto ao Salvio, apesar de muito participativo esteve trapalhão hoje. Não é normal vê-lo desperdiçar duas ocasiões isolado em frente ao guarda-redes.

Obrigação cumprida sem sobressaltos, e agora é começar a pensar no jogo que se segue. Com Artur ou Júlio César na baliza, é indiferente. O objectivo é o mesmo de sempre e em todos os jogos, seja qual for o adversário.

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