terça-feira, 23 de abril de 2013

A.VISEU


Académico de Viseu garante promoção à 2.ª Liga


 Viseu: «Devemo ser o papão das subidas»

José António Monteiro, dirigente de longa data do Académico de Viseu e conhecido como o «faz-tudo» Monteiro, viveu de perto os momentos difíceis que o clube teve de atravessar.


Desde visitas do sindicato dos jogadores, passando pelas comissões eleitas em AG para gerir o clube e terminando nos processos judiciais que acabaram por ditar o fim do CAF, António Monteiro assistiu a tudo.

Para seu gáudio, assistiu, também, ao renascer do Académico a partir das cinzas, e a uma subida vertiginosa por entre os diversos escalões nacionais até atingir a II Liga.

Este histórico dirigente viseense, recorda que o fim do CAF não foi ditado por falhas de gestão do departamento de futebol, mas sim por um pedido de insolvência iniciado por duas funcionárias ligadas à natação do clube.

«Em janeiro de 2006 o tribunal de Viseu entendeu decretar a insolvência do clube, mas isso nada teve a ver com o departamento de futebol. No futebol tivemos que lidar com um caso complicado, mas não impossível de resolver. O jogador Paulo Ricardo exigiu uma idemnização bastante elevada para as nossas possibilidades, mas a coisa podia ter sido resolvida», afirma o dirigente.

«Quatro subidas em seis anos»

O momento é de festa e ainda não há planos em concreto para o futuro, no entanto, António Monteiro lá vai deixando escapar que o «principal objetivo da próxima época deverá passar pela manutenção».

«É cedo para falar no futuro. Ainda estamos a digerir a subida. Para este clube é um marco histórico, pois embora os equipamentos possam ser os mesmos, não é o mesmo Académico que passou por este escalão há 15 anos», frisa. «Em princípio, o Filipe Moreira continuará a ser o técnico da equipa na próxima temporada. Ainda não conversámos e não sei qual é a ideia do presidente. Também não sei o que pensa o treinador. Acredito que vai ficar, mas só agora vamos começar a pensar no futuro», conclui.

Sobre as dificuldades financeiras que os clubes atravessam, e o acréscimo de encargos que uma competição como a II Liga representa, o dirigente viseense não se mostra muito preocupado, adiantando que «o presidente tem feito uma gestão que faz com que haja ordenados em dia e não se deva nada a ninguém».

O Ac. Viseu conseguiu quatro subidas de escalão nos últimos seis anos, facto que, como é óbvio, enche de orgulho António Monteiro. «Este clube tem quatro subidas nos últimos seis anos. Devemos ser o papão das subidas. Desde o campeonato distrital até à II Liga», lembra.

Filipe Moreira foi o treinador que festejou a subida à II Liga, porém a temporada foi iniciada com outra pessoa ao comando, Carlos Agostinho.

Numa hora de festejos, António Monteiro não se esquece que foi Agostinho quem deu início a este percurso. Porém, não concretiza quanto aos motivos que levaram à saída do treinador.

«A saída do Carlos Agostinho apanhou-nos um pouco de surpresa. Sinceramente, não estou muito por dentro do assunto. Talvez se tenha devido a algum desgaste emocional do treinador», finaliza, em conversa com o Maisfutebol.

O Clube Académico de Futebol (CAF), mais conhecido por Académico de Viseu, foi fundado em julho de 1914 e ombreou com os grandes emblemas do futebol português, disputando o primeiro e segundo escalões nacionais por diversas vezes ao longo da história, até ao momento em que viu declarada a sua insolvência, decorria o mês de janeiro de 2006.

«Devemos ser o papão das subidas»

Atualmente o clube tem uma outra designação, Académico de Viseu Futebol Clube, mas o espírito mantém-se intacto. Tendo recomeçado a partir do zero, o Ac.Viseu fez um longo percurso desde os distritais até à II Liga, que acabou de alcançar no passado domingo, com um empate a uma bola frente ao S. João de Ver.

Maisfutebol foi em busca da chave deste sucesso, tentando perceber qual o segredo por detrás deste novo Académico. 

Filipe Moreira, treinador do Ac.Viseu, admite que a subida era um objetivo. «O propósito quando aqui cheguei era subir. Era um objetivo do presidente e essa era a ideia que eu tinha de passar ao grupo de trabalho», declara o técnico, que já orientou equipas como o Nacional, Portimonense, Santa Clara ou Tondela, acrescentando que rapidamente percebeu a existência de «um grupo de trabalho que também acreditava», sendo que o passar do tempo contribuiu, de forma decisiva, para consolidar essa postura, através «da entrega e do crer».

Quanto à importância da subida de uma equipa do interior do país, a uma competição com o nível da II Liga, dominada por equipas do litoral, o treinador afirma que Viseu «é uma região de pessoas que gostam de futebol».

«Tem uma massa adepta que consegue audiências incríveis, maiores que muitos outros clubes. Também eles queriam muito esta subida. Tenho a certeza que muita gente vai voltar ao estádio e vamos continuar a ser um campo muito complicado», assumiu.

«Não há muitos treinadores com este registo»

Filipe Moreira entrou para o comando técnico da equipa já com o campeonato a decorrer, tendo feito 21 jogos no total. «Quando chegámos, tentámos perceber se o convite havia sido feito para trabalhar como nós queríamos, com liberdade. Aí, devo dizer que o presidente foi fantástico. Transmitiu-nos uma mensagem de liberdade e de confiança», confessa o treinador, admitindo que «houve alguns ajustes», como a saída e entrada de alguns jogadores.

Nas últimas três temporadas, Filipe Moreira tem tentado consecutivamente a subida de escalão, se bem que por clubes diferentes. Porém, esse objetivo tem-lhe vindo a fugir, sempre no último jogo. Este ano a subida foi mesmo alcançada, e o técnico mostra-se satisfeito por isso.

«Peço desculpa pelo que vou dizer, mas não há muitos treinadores com este registo. Não é fácil. Desta vez não foi o caso, mas quando estamos perante um último jogo que é decisivo, acaba por passar tudo pela sorte, pela inspiração ou por saber controlar melhor a ansiedade», refere Filipe Moreira, sublinhando que esta temporada o caso era diferente, uma vez que o Académico levava vantagem «no confronto direto com o Cinfães» e, assim sendo, a equipa dependia apenas dela própria.

«Gostava de salientar que o mérito desta subida vai todo para os jogadores, pois foram eles os grandes obreiros deste feito», salienta o técnico, que não se esquece de mencionar o Cinfães, equipa que disputava o lugar de subida com o Ac. Viseu. «Queria deixar uma palavra para o Cinfães que se bateu muito bem. Infelizmente, só uma equipa pode subir», finalizou.

Sem comentários: