domingo, 1 de setembro de 2013

SPORTING - 1 BENFICA- 1 - NADA MAL

Frustração

Podemos olhar para este jogo de duas formas. Ou como um péssimo resultado - não ganhar a estes tipos é, para mim, sempre um mau resultado - ou como um mal menor, dado todos os azares que nos aconteceram no jogo. Consigo olhar um pouco para a segunda opinião como consolo, mas a verdade é que este resultado me deixa acima de tudo com uma sensação de frustração. Sabemos que somos muito melhores do que isto e temos obrigação de o mostrar.


Mais uma vez, num jogo em que é óbvio que o domínio da zona central será sempre fundamental, entramos em campo com o Lima e o Rodrigo, oferecendo a superioridade numérica nessa zona ao adversário e obrigando trabalho redobrado à dupla Enzo/Matic. Já o tinha escrito na crónica do jogo anterior: fico sempre menos confiante quando entramos em campo com esta dupla de avançados. Seria previsível que o nosso adversário desta noite, moralizado após duas vitórias robustas contra equipas teoricamente do seu campeonato, iria tentar aproveitar esse ímpeto para ter uma entrada forte no jogo e chegar ao moralizador golo madrugador. Foi isso mesmo que aconteceu, com apenas nove minutos decorridos, após uma perda de bola no ataque na sequência de mais um livre 'de laboratório' horrivelmente marcado (que basicamente serviu para meter a bola directamente nos pés de um adversário). A jogada foi simples e rápida, e deixou o Montero à vontade para cabecear na cara do Artur (estava deslocado no início da jogada, mas recordemos que não estamos a falar de um golo do Benfica, por isso não tem importância nenhuma - a posição era 'duvidosa' ou 'milimétrica', como sempre contra nós). O nosso adversário esteve claramente melhor durante toda a primeira parte, controlando a posse de bola e sendo muito mais rematador, embora não tenha conseguido criar mais nenhuma oportunidade flagrante de golo. O Benfica mostrava dois problemas: a referida inferioridade numérica no centro do campo, agravada ainda pelas sucessivas descidas do Montero para vir buscar a bola atrás, e ainda imenso espaço nas costas dos laterais, que foram sucessivamente deixados ao abandono pelos médios que jogavam à sua frente e não tinham velocidade para acompanhar os adversários directos. Mesmo sem jogar grande coisa, o Benfica conseguiu criar duas ocasiões: um cabeceamento do Lima à barra (embora me parecesse que o Patrício tinha o lance controlado) e um falhanço clamoroso do Salvio, que praticamente sobre a linha da pequena área conseguiu rematar o centro do Cortez para a bancada. Tivemos ainda dois azares grandes: as lesões de dois jogadores fundamentais como o Enzo e o Salvio, que obrigaram à sua substituição. A desvantagem ao intervalo era um resultado justo, porque a verdade é que produzimos muito pouco durante este período.


A segunda parte começou praticamente com mais um azar: nova lesão, desta vez do Gaitán, que dentro do pouco que o Benfica tinha feito na primeira parte ainda assim tinha sido dos nossos jogadores menos desinspirados. Talvez apostando no factor psicológico, o nosso treinador decidiu-se pela entrada do Cardozo, desviando o Rodrigo para a ala. Embora fosse claro que o Benfica tinha falta de uma presença mais forte entre os centrais adversários (mais uma vez a questão da dupla Lima/Rodrigo andarem por tudo quanto é sítio), tendo em conta a falta de ritmo do Cardozo, teria preferido outra opção, como o Djuricic. Ainda para mais adivinhando-se que o Markovic, que praticamente não treinou durante a semana, poderia não estar nas melhores condições físicas. Mas a verdade é que o Benfica melhorou, dando o primeiro sinal precisamente pelos pés do Markovic, que pegou na bola depois de um mau passe de um adversário e foi por ali fora correndo quase meio campo 'armado em Messi', deixou tudo e todos pelo caminho, e na cara do Patrício viu o golo ser-lhe negado por uma enorme defesa deste, que ainda voltou a defender a recarga do Rodrigo. O Benfica entrou então naquele que foi o seu melhor período no jogo, equilibrando um pouco mais as contas na posse de bola e fazendo-a andar mais tempo no meio campo adversário, ainda que nunca tivesse podido ficar descansado com os contra-ataques que podiam sempre surgir. O golo do empate acabou por surgir, com vinte minutos decorridos, e inevitavelmente pelo Markovic. Não resultou à primeira, resultou à segunda. Mais uma vez recebeu a bola, desta vez na zona central, arrancou em direcção à baliza, deixou todos para trás e meteu a bola entre as pernas do Patrício. Infelizmente o Benfica não durou muito mais: houve ainda um remate relativamente perigoso do Matic, mas o factor físico pareceu começar a pesar nos nossos jogadores. O Markovic eclipsou-se, o Cardozo mostrou estar, como esperado, longe da forma ideal, e a equipa foi-se retraindo cada vez mais, com o adversário a voltar a ganhar superioridade em campo. Mas os únicos lances de algum perigo que criou vieram apenas dos sucessivos livres que o amigo Hugo Miguel foi assinalando, de forma unilateral e em catadupa, à medida que o final se aproximava, pelo que nunca senti que houvesse grande probabilidade de perdermos este jogo.


Os destaques do Benfica vão para o Luisão na defesa, e obviamente para o Markovic, que voltou a demonstrar ter qualidades únicas para brilhar com grande intensidade na nossa equipa esta época. O Matic melhorou na segunda parte, o Rúben teve uma boa entrada em jogo e foi muito útil na desigual luta do meio campo, e o Gaitán foi dos menos maus na primeira parte, pelo que a sua lesão foi uma contrariedade grande. Pela negativa estiveram sobretudo o Lima e o Maxi. Sinceramente, em relação ao Maxi, a sua má forma tem sido tão frequente nos últimos meses que começa a tornar-se quase a norma. Parece ter perdido pelo menos metade da velocidade que tinha, e vejo-o frequentemente tomar decisões absurdas.

Para mim, no papel, este empate é um mau resultado. É um jogo que estamos habituados a vencer, e são dois pontos que podemos perder para o nosso principal adversário. Mas considerando tudo o que aconteceu durante este jogo, tenho mesmo que olhar para isto como um mal menor. É um mau resultado, mas também não tem que ser o fim do mundo. Podemos além disso tentar ser um pouco positivos e não olhar apenas para a parte negativa (acima de tudo, o facto de termos voltado a jogar bem pior do que aquilo que seria exigível) e ver um ponto positivo: assistimos à confirmação (como se nesta altura ainda fosse necessária, depois daquele cartão de apresentação de sonho em Coimbra há dois anos) de mais um dos valores emergentes da arbitragem portuguesa. Será certamente uma aposta segura para o futuro, e prevejo que se cruzará connosco muitas mais vezes em jogos de dificuldade mais elevada.

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