domingo, 15 de setembro de 2013

BENFICA - 3 P.FERREIRA - 1 - JUSTA

Competente

Uma exibição competente deu ao Benfica uma merecida e relativamente tranquila vitória sobre o Paços de Ferreira, num jogo em que assistimos à estreia de dois jogadores com a nossa camisola.


Sendo mais ou menos óbvio que o Enzo iria ser desviado para a direita, para ocupar a posição do lesionado Salvio, durante a semana especulou-se sobre quem iria acompanhar o Matic no centro. Falou-se do Fejsa, do André Gomes, mas quem acabou por surgir no onze foi o Rúben Amorim. Com o Gaitán também lesionado, a esquerda ficou entregue ao Markovic, e no ataque alinhou a dupla Cardozo/Lima. Na defesa, estreou-se conforme esperado o Siqueira. Dificilmente o Benfica poderia ter tido uma entrada melhor no jogo. A equipa apresentou-se agressiva e a pressionar alto no terreno, e isso resultou logo num primeiro aviso, em que um mau alívio do guarda-redes do Paços deixou a bola nos pés do Lima, que depois não conseguiu dar o melhor seguimento à jogada. Mas com apenas quatro minutos decorridos o Benfica colocou-se em vantagem. Um passe do Rúben desmarcou o Lima pela esquerda, e o cruzamento deste escapou por pouco ao Cardozo no centro da área, para depois surgir o Enzo ao segundo poste a finalizar de primeira. O Benfica pareceu com vontade de resolver o assunto cedo, e não baixou o ritmo, perante um Paços que mostrou sempre vontade em jogar futebol e nunca baixou os braços, rematando várias vezes mas quase sempre apenas de fora da área. O Lima ameaçou o segundo, com um bom remate também de fora da área que obrigou o guarda-redes adversário a uma defesa mais apertada, e aos vinte e três minutos o Benfica ampliou mesmo a vantagem, num lance 'de laboratório'. Livre descaído sobre a direita, após falta sobre o Enzo, e quando se esperaria um remate directo do Cardozo saiu em vez disso um passe rasteiro para o interior da área, toque de primeira do Enzo a devolver para a direita e a desmarcar o Markovic, e centro rasteiro também de primeira para a finalização do Garay à boca da baliza. Tudo simples, rápido e bem feito. Sofremos depois um contratempo com a lesão do Rúben Amorim - que estava a fazer um bom jogo - o que nos permitiu assistir à estreia do Fejsa. Com uma vantagem confortável no marcador, o Benfica abrandou um pouco a marcação e o Paços dispôs de mais bola, embora sem conseguir praticamente criar uma oportunidade de golo digna desse nome. Foi o Benfica quem poderia ter ampliado ainda mais a vantagem, mas o Lima, completamente isolado, acabou por desperdiçar a ocasião, permitindo a defesa ao guarda-redes. Só mesmo sobre o apito para o intervalo é que o Paços conseguiu criar a sua primeira ocasião clara de golo, num lance em que o inevitável Bebé conseguiu ganhar em força ao Garay, ultrapassou o Artur, e de ângulo apertado viu o seu remate ser cortado pelo Luisão quase em cima de linha de golo.


O início da segunda parte foi animado. Como que a dar sequência à ameaça a fechar a primeira parte, o Paços conseguiu chegar ao golo, numa jogada aparentemente inofensiva em que me pareceu que a nossa defesa ficou meio a dormir. Não excluo a possibilidade da minha visão do lance no estádio ter sido influenciada pelo facto de andar sem paciência nenhuma para o Artur, mas o que me pareceu foi que ele saiu à bola (e fiquei com a sensação que com todas as possibilidades de chegar lá primeiro) e isso fez com que o Luisão desistisse do lance. Só que a meio da viagem o Artur mudou de ideias e parou, permitindo que o jogador do Paços chegasse à bola e finalizasse com alguma facilidade. Foi um golo algo inesperado, visto que o Paços tinha sido pouco perigoso até então (a única excepção foi o referido lance no fecho da primeira parte) e o Benfica parecia ter o jogo completamente controlado. Felizmente este golo acabou por não trazer males maiores, isto porque o Benfica respondeu no minuto seguinte com mais um golo para repor a diferença no marcador. Canto apontado na direita pelo Enzo, e o Garay a ir ao terceiro andar para cabecear cruzado para o fundo da baliza. Isto permitiu ao Benfica manter a tranquilidade, e gerir o esforço durante o resto da partida. Para a fase final do jogo o Cardozo deu o lugar ao Ola John (antes disso já o Siqueira tinha sido poupado, pois deu sinais de fadiga) e o Benfica jogou com o meio campo mais reforçado, pois o Enzo foi para o centro. O Paços raramente conseguiu voltar a ameaçar-nos (recordo-me apenas de um remate mais perigoso do Bebé), e mesmo a jogar com menor velocidade o Benfica aparentou sempre ser a equipa com maior probabilidade de voltar a marcar.


O homem do jogo foi, para mim, claramente o Enzo. Marcou o primeiro golo, participou na jogada do segundo (sofreu a falta e fez o passe para o Markovic) e marcou o canto para o terceiro golo. É neste momento um dos jogadores que mais aprecio ver no Benfica, pois tem inteligência a jogar, garra e uma enorme qualidade técnica. Durante a semana senti-me sempre pouco confortável com a ideia de o retirar do centro, onde me parece que podemos tirar melhor partido da sua qualidade, mas hoje na direita (e no centro, e na esquerda, e por todos os sítios por onde andou durante o jogo) esteve ao seu melhor nível. O Garay, com dois golos, foi obviamente outro dos destaques evidentes. Talvez esta época ele consiga recuperar o estatuto de central goleador que trazia da liga espanhola. Quanto aos estreantes, o Siqueira fez um jogo seguro, sem arriscar subir muito e tentando não complicar. Quanto ao Fejsa, gostei muito do que vi. É agressivo na conquista da bola, tem um raio de acção bastante grande, pois vimo-lo a pressionar em zonas bem distantes da nossa área, e tenta jogar em antecipação. Foi apenas um jogo, mas pareceu-me ser uma alternativa bastante válida ao Matic.

Sem deslumbrar, ainda assim pareceu-me que o jogo de hoje terá sido o mais sólido que o Benfica fez até agora esta época. Espero que a nossa equipa reforce os níveis de confiança e nos vá mostrando cada vez mais aquilo que sabemos que tem qualidade mais do que suficiente para fazer. A desvantagem para o nosso adversário directo já é dilatada para uma fase tão madrugadora da época, e a margem de manobra para erros é praticamente nula.

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