quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

RIO AVE - 0 BENFICA -2 - PASSOU

Taça de Portugal: Rio Ave-Benfica, 0-2


À segunda tentativa, Oscar Cardozo colocou a grande penalidade no sítio certo e o Benfica na próxima fase da Taça de Portugal. Atrás da baliza, numa espera expectante, estava o F.C. Porto. Vai haver Clássico a dobrar nas meias-finais, com dois jogos, muitas promessas e outras tantas provocações de parte a parte, certamente.
Para lá chegar a equipa de Jesus teve de sofrer privações das grandes em Vila do Conde. Desperdiçou duas grandes penalidades (uma por Cardozo, outra por um David Luiz de malas feitas para Londres), viu o Rio Ave também falhar uma logo no início, e apanhou alguns sustos ao longo do jogo. Daqueles que surgem sem aviso, apanham-nos desprevenidos e surripiam-nos o ar.
O principal problema do Benfica foi, aliás, a asfixia parcial. Uma equipa com quatro argentinos talentosos, compatriotas do eterno Carlos Gardel, precisa de espaço para dançar o tango. Quase nunca o teve. A claustrofobia imposta pelas paredes erguidas na defesa e meio-campo do Rio Ave foram-se aproximando até se tornarem exíguas.
Só em cima do intervalo os homens da Luz puseram a cabeça de fora, mas o alívio supremo surgiu já no minuto 90, com um pontapé de Cardozo embrulhado em sorte e coragem.

Não é raro suceder isto em partidas da taça. O favorito olha para o êxito anunciado como se fosse uma ilha. Isolada e rodeada por todos os lados pelo mar da decepção. Reina sobre aquele pedaço de terra, normalmente sem oposição à altura, mas de quando em vez vê-se tentado a molhar os pés.
É aqui que surgem os imprevistos. Não em forma de dentes de tubarão pontiagudos, mas numa ameaça em jeito de tsunami. Desta vez, porém, as luvas de Júlio César bloquearam a calamidade logo no início, acalmaram as hostes encarnadas e precaveram as naturais réplicas.
O Rio Ave, naquela paixão contida pela incredulidade, percebeu ter falhado uma oportunidade única. Não se rendeu, jamais se tornou um náufrago desorientado no oceano se fim, mas não voltou a estar tão perto do golo como naquele pénalti falhado por João Tomás.

A segunda parte manteve o ritmo intenso e o interesse num patamar elevado. Embora num registo distinto. As paredes vilacondenses foram demolidas pela necessidade de explorar novos mundos, o relvado tornou-se mais arejado e os sul-americanos do Benfica (consta que o paraguaio Cardozo também gosta de Gardel) usufruíram de muito mais território.
Houve um pontapé de Aimar ao poste, duas ou três arrancadas de Salvio e um manto de despedida a cobrir David Luiz. O negócio com o Chelsea ainda não é oficial, mas tudo o que rodeou o defesa soou a adeus. A lesão na perna esquerda reprimida, o prémio atirado por cima na marcação de uma grande penalidade, o abraço ao histórico Moreira e as palmas para a bancada.
Com as quatro grandes penalidades assinaladas (uma para o Rio Ave, três para os visitantes) e a polémica correspondente, são já sete castigos máximos nos dois últimos jogos realizados em Vila do Conde. No estádio é impossível dizer se o árbitro acertou em todas as decisões. É bem provável que não.

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