segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ACADÉMICA - 0 BENFICA - 1 - COMPLICADO

 A vitória encarnada pintou-se com cores graves e uma Mancha enorme. Será o triunfo da capacidade de sofrimento, dirá Jorge Jesus. Talvez. Fica, para a história, uma arbitragem fraquíssima e uma Briosa do tamanho do Mundo. O Benfica foi perdulário e ganhou pela margem mínima. Suficiente, apenas.
A Académica entrou em campo com protestos pelo Metro do Mondego. Causa nobre, desde logo associada a outro protesto, com meros 19 minutos de jogo. Desta vez, contra um metro de Saviola, a medida estimada do fora-de-jogo no primeiro golo encarnado
As contas são feitas por alto, mas não restam a mínima percentagem de dúvida, quanto à posição do Conejo no momento do remate de Cardozo. Bola parada, auxiliar no enquadramento do lance, erro gravíssimo e incompreensível.
A bola disparada pelo Tacuara desviou no corpo do argentino (parece braço, mas involuntário) e entrou. Sexto jogo consecutivo de Saviola a marcar! Não fosse a indesejada intromissão de Elmano Santos nos momentos decisivos, reclamaria maior protagonismo.
Um meio cheio de nada
Até aqui, assistira-se a um duelo interessante. O Benfica comprovava o bom momento com uma entrada forte, um futebol alegre e ofensivo. A Briosa depositava todas as esperanças num belo trio de ataque, procurando disfarçar a disparidade de qualidade na comparação com os restantes sectores.
A meio-campo, nada. Airton parecia ter engatado uma mudança mais baixa, em relação aos seus companheiros. Diogo Melo e Bischoff faziam ainda pior, cavando igualmente um fosso para a respectiva defesa. Ou seja, quatro para quatro quando o Benfica atacava, três para três ou quatro nas respostas estudantis.
A chave do encontro seria esta, pensou-se. Mas Elmano Santos estragou a festa, uma vez mais. Vítor Pereira vê um jogo mau a cada fim-de-semana. Entre Alvalade e Coimbra, 24 horas apenas, vimos duas. Péssimas.
Chutos e pontapés na lei do juíz

A equipa de arbitragem, num jogo com vários condimentos de real interesse, entrou numa espiral de erros e não conseguiu evitar a tal sensação de compensação. Fábio Coentrão, por exemplo, viu um amarelo por simular um penalty que realmente sofreu. Mais um lance capital.
À terceira, o benefício da dúvida. 37 minutos. Bola pelo ar no centro do terreno e Pape Sow, com a cabeça não se sabe onde, salta estapafurdiamente com o pé à altura dos ombros de Cardozo. Foi lá que acertou, ou o resultado seria dramático. Cartão vermelho. Medida dura e penalizadora em termos desportivos, aceitável na análise disciplinar.
Assim, passou-se uma parte a pensar no juiz, desejavelmente discreto. Esqueceu-se a brilhante defesa de Roberto, quando Fidalgo ameaçou verdadeiramente o empate, esqueceu-se a raça de Diogo Valente à esquerda, mais um punhado de oportunidades falhadas do Benfica.
Mancha enorme na sonolência encarnada
A etapa complementar prometia espectáculo vermelho. A equipa de Jorge Jesus gozava um belo momento, a Académica estava reduzida a dez e José Guilherme tirara o goleador Fidalgo para recompor a defesa. E então, o velho Benfica, aquele dos maus momentos, relaxado e arrogante.
Alicerçada num ataque com dois extremos rapidíssimo, mais dois médios com pontapé forte, a formação local conseguiu assustar a Bela Adormecida, confortavelmente iludida. Em dois minutos (68 e 69), o 1-1 ficou à distância de centímetros, com um poste pelo caminho. Jesus esbracejava, fazia tocar o despertador.
Agressivo, antes apático, o onze (terminaria com dez, Coentrão expulso ao minuto 89) encarnado cheirou o segundo golo. Luisão atirou ao poste, Cardozo falhou vários, tantos que a vitória parecia garantida sem nunca o ser.
A incerteza perdurou até ao apito final, o tal som que ecoou com desacerto ao longo da noite. Pelo meio, mais bases para um eventual castigo máximo, por mão na bola na área da Académica.

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