Tranquilo
Exibição quase sempre segura, resultado positivo, boas perspectivas de apuramento para as meias-finais, e gestão do plantel mais uma vez conseguida num jogo tranquilo. Pedir mais do que isto, só mesmo que não tivesse havido a infelicidade da lesão do Rúben Amorim - esperemos que não seja demasiado grave.
Como esperado, muitas alterações em relação ao onze-tipo do Benfica. A defesa foi a habitual, mas na baliza jogou o Artur. No meio campo, Rúben Amorim e André Gomes, com o Salvio e o Gaitán nos flancos. E na frente tivemos a dupla Rodrigo/Cardozo. Fiquei um pouco surpreendido com a não titularidade do Djuricic e do Sulejmani. Como ambos os jogadores conhecem bem o campeonato holandês, pensei que o Jorge Jesus apostasse neles, até mesmo para manter a lógica que ele tinha dito estar por detrás da titularidade do Sílvio em Braga. O início de jogo foi complicado para o Benfica, como AZ a ter mais bola e a tentar pressionar bastante, enquanto que nós assumimos uma atitude mais expectante, para tentar manter o jogo num ritmo mais calmo. Os holandeses rondaram mais a nossa baliza, tiveram um cruzamento/remate que deixou a sensação de perigo, e apenas ao fim do primeiro quarto de hora o Benfica deu o primeiro sinal de inconformismo, numa boa acção de toda a equipa que levou a bola a andar durante algum tempo nas imediações da área do AZ, sem que no entanto tivéssemos descobrir uma aberta para o remate. Ficou no entanto a sensação que se o Benfica quisesse apertar um pouco, conseguiria encostar os holandeses atrás. Mas pouco depois disso foram os holandeses quem, no espaço de apenas um minuto, tiveram duas grandes oportunidades para inaugurar o marcador, e nas duas vezes o Artur respondeu da melhor forma. Primeiro ao defender com a perna o remate de um adversário isolado, e depois com uma palmada a afastar um remate que levava muito perigo à nossa baliza. Embora estivesse longe de assim o parecer, a verdade é que essas duas oportunidades foram praticamente o canto do cisne do AZ no jogo, porque a seguir a isso o Benfica espevitou e tomou conta do jogo, não voltando a permitir grandes veleidades ao adversário (apenas à beira do intervalo o Artur foi obrigado a nova intervenção um pouco mais esforçada). A bola passou a aparecer mais vezes junto da baliza holandesa, e os remates começaram a aparecer mais frequentemente, ainda que sem a direcção desejada. Perto do intervalo aconteceu o infortúnio da lesão do Rúben Amorim, que a julgar pela reacção dele (saiu do campo em lágrimas) pode ser grave. Para o seu lugar entrou o André Almeida.
O regresso para a segunda parte foi perfeito. Logo no reinício o Salvio ficou perto de marcar, a passe do Gaitán. E com três minutos decorridos, marcou mesmo. Depois do Cardozo ter aproveitado uma má intervenção de um defesa adversário para se isolar e ver o seu remate defendido pelo guarda-redes, na recarga sobre o limite da área, em pontapé de moinho, o Salvio atirou para a baliza deserta. O golo teve bastante impacto no jogo: o AZ acusou-o imenso e ficou meio perdido em campo, enquanto que o público no estádio ficou praticamente silenciado. Nos minutos que se seguiram o Benfica construiu jogadas e oportunidades para voltar a marcar, tendo sido então a vez do AZ ser salvo pelo seu guarda-redes com algumas intervenções decisivas. Noutras ocasiões foi mesmo por falta de acerto que a bola não entrou (estou a recordar-me da situação em que quase em cima da linha de golo o Rodrigo não conseguiu acertar bem na bola e enviou-a para a bancada) ou por mau aproveitamento de situações que exigiam melhores decisões - uma jogada sobre o final em que fazemos um contra-ataque com três jogadores para dois defesas adversários e acabámos por não conseguir sequer rematar é o melhor exemplo disso. O facto relevante é que durante toda a segunda parte o 2-0 para as nossas cores foi quase sempre uma possibilidade, enquanto que os holandeses tentavam atacar de forma descoordenada e praticamente não conseguiram levar qualquer perigo à nossa baliza. Houve apenas um momento de tensão, já mesmo a acabar o jogo, quando o Artur teve a única falha durante os noventa minutos e após ter saído ao limite da área para agarrar um cruzamento acabou por largar a bola, mas a nossa defesa acabou por resolver o problema.
Apesar desta falha mesmo a acabar, o Artur é um dos destaques da nossa equipa. As defesas que fez no período inicial do jogo, em que o AZ esteve mais perigoso, foram fundamentais, e as coisas poderiam ter-se complicado se os holandeses tivessem chegado ao golo cedo. Para não variar, voltei a gostar dos nossos centrais, e em especial do Garay. O Salvio vai regressando à melhor forma, e hoje para além do golo gostei do trabalho defensivo que fez, até porque o Maxi continua a dar muito espaço atrás sempre que sobe. Bom jogo do Gaitán (continuo extremamente agradado com a evolução táctica dele e a forma como ajuda a defender e a lutar pela recuperação da bola), e estava a gostar de ver o Rúben Amorim. Nada mal também o André Almeida, sobretudo se tivermos em conta que entrou praticamente a frio e há meses que não jogava. O André Gomes é frequentemente criticado por ser 'lento', mas eu honestamente gosto de o ver jogar e irrita-me um bocado essa mania. Nem todos os jogadores têm que jogar de forma eléctrica, e agrada-me que ele pareça sempre já saber o que fazer à bola quando a recebe. Além disso é inteligente na movimentação em campo, e praticamente nunca é desarmado quando tem a bola nos pés.
Foi mesmo uma noite europeia praticamente perfeita para nós, e agora se mantivermos a concentração não deverá ser complicado assegurarmos a passagem às meias-finais, porque temos muito mais futebol do que este AZ. Agora é mais uma vez altura de voltarmos a pensar muito a sério no próximo jogo do campeonato, porque muito do possível sucesso desta época deverá passar pela capacidade para conseguirmos arrumar a questão do título o mais cedo possível. Vou também ficar a torcer para que a lesão do Rúben não seja grave. É um jogador muito útil e que nos faz muita falta.
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