A festa dos cinco anos do Estádio da Luz já tinha deixado um mau augúrio para o jogo que se seguiu. A águia Vitória, no meio de tantos confetis no ar, recusou-se a levantar voo e a equipa de Quique Flores também não o chegou propriamente a fazer, voltando a cair nos mesmos erros que já tinha cometido em Matosinhos e em Berlim. Mais uma vez, a equipa de Quique Flores deu uma primeira parte de avanço, ganhou vantagem e perdeu-a. Valeu um golaço de Cardozo para a história não se repetir pela terceira vez.
Quique Flores manteve intacta a linha defensiva, mas mudou praticamente todo o meio-campo, deixando apenas Reyes sobre a esquerda e acrescentando Yebda (baixa de última hora em Berlim), Carlos Martins e Ruben Amorim. No ataque, Suazo rendeu Cardozo na companhia a Nuno Gomes. Três linhas que demoraram uma eternidade a formarem uma equipa e a responder aos pedidos do treinador que, na véspera, tinha reclamado mais regularidade, melhor leitura de jogo e segurança.
A Naval, fiel ao 4x3x3 de Ulisses, também não facilitou, cobrindo bem todo o relvado e pressionando a toda a linha, sem dar nem espaço, nem tempo para os de encarnado pensarem o seu jogo. A partida começou a uma velocidade demasiado reduzida para um jogo de alta competição, com o Benfica a falhar muitos passes no último terço. Um enorme calafrio despertou os homens de Quique: Alex levantou uma bola sobre a adormecida defesa do Benfica e Marcelinho destacou-se na cara de Quim para um remate ao lado.
O Benfica acelerou então um pouco o seu jogo e as oportunidades começaram finalmente a aparecer, quase sempre na esquerda e quase sempre a terminarem com um pontapé de Reyes, com destaque para uma abertura de Suazo para um tiro de primeira do espanhol. Pelo meio, um lance polémico, com Ruben Amorim a cair na área depois de tocado por Alex. O médio já tinha adiantado a bola e o jogador da Naval acertou-lhe nas pernas. A falta pareceu evidente, mas Rui Costa mandou seguir.
Voltar ao onze de Berlim para derrubar muro da Naval
Mais uma vez, o Benfica dava uma primeira parte de avanço e entrava na segunda à procura do tempo perdido. O jogo começou nos mesmos moldes, mas a uma rotação bem mais elevada. A Naval continuava ousada, bem estendida sobre todo o relvado, mas agora tinha mais dificuldade em marcar o ataque encarnado. Maxi deu o primeiro sinal com um cruzamento largo para Nuno Gomes atirar por cima. Quique Flores não esperou mais e tentou oferecer mais dinâmica à amorfa ala direita, trocando Ruben Amorim por Di Maria. O argentino deu logo uma ar da sua graça numa das melhores jogadas do Benfica que só não deu golo porque Suazo estava adiantado.
Ulisses Morais continuava a jogar de igual para igual e respondeu na mesma moeda, refrescando a sua ala direita, trocando o esgotado Davide pelo empenhado Marinho. Com mais duas alterações, Quique quase reconstruiu o onze de Berlim, fazendo entrar Cardozo e Katsouranis para os lugares de Suazo e Yebda, mas não havia maneira do Benfica encontrar desequilíbrios. A festa voltou à Luz num lance de bola parada: Reyes, na marcação de um livre, colocou a bola junto ao segundo poste e Luisão marcou de cabeça.
O Benfica relaxou mas, tal como tinha acontecido com o Leixões e com o Hertha, relaxou em demasia, de tal forma que não demorou, nem custo muito à Naval conseguir o empate: Simplicio cruzou da direita, Carlitos desviou ao primeiro poste e Marcelinho surgiu solto a marcar com a coxa. Um enorme silêncio caiu sobre as bancadas da Luz, mas desta vez ainda havia tempo para corrigir o resultado. Três minutos depois, cruzamento de Jorge Ribeiro e cabeçada imparável de Cardozo. Havia ainda tempo para sofrer até final, mas o Benfica acabou por tirar máximo rendimento do desaire do F.C. Porto.
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