sábado, 7 de abril de 2018

V. SETUBEL - 1 BENFICA . 2 - SORTE

Estrelinha

Se há jogos a que se pode aplicar a expressão gasta de 'estrelinha de campeão', está foi um deles. Não fizemos uma boa exibição, em especial na segunda parte, mas soubemos lutar e a vitória acabou por nos cair no colo mesmo a fechar o encontro, garantindo a manutenção da liderança isolada.


As coisas começaram a correr mal logo no aquecimento quando o Jonas, melhor jogador e marcador do nosso campeonato, se lesionou e ficou de fora da partida. Para o seu lugar avançou o Jiménez, que mesmo sendo uma espécie de décimo-segundo jogador, atravessa um dos melhores momentos da sua carreira no Benfica. E continuaram a correr mal quando o Setúbal se colocou em vantagem logo no dealbar do jogo: um cruzamento largo da direita para a esquerda da nossa defesa, onde surgiu o Costinha sem oposição para rematar cruzado e fazer o golo. A reacção do Benfica foi boa, e aos poucos fomo-nos acercando da baliza adversária em busca do golo do empate. Um remate perigoso do Cervi, depois uma grande defesa do guarda-redes a um cabeceamento do Jardel, nova oportunidade para o Cervi, até que aos vinte e oito minutos chegou mesmo o golo do empate, que nessa altura já se justificava. Foi um cruzamento largo do Rafa a partir da direita, que fez a bola atravessar toda a área até ao Jiménez surgir sozinho do outro lado, junto ao poste, para marcar. O Benfica estava nesta fase por cima do encontro e continuou a carregar até ao intervalo em busca do empate, mas a tarefa não era fácil. A exemplo do que fez o nosso adversário a semana passada, o Setúbal fechava-se atrás com duas linhas muito juntas a deixar muito pouco espaço para explorar, e nas ocasiões em que conseguia recuperar a bola tentava sair rápido para o ataque - numa ocasião chegou mesmo a introduzir a bola na nossa baliza, mas o lance foi bem invalidado por fora-de-jogo.

Para a segunda parte esperava uma pressão fortíssima do Benfica logo desde o apito inicial, de forma a obter um golo o quanto antes e evitar o nervosismo inerente a ver-se o tempo passar e um resultado que não nos interessava de todo a persistir. Não foi isso que aconteceu. Após uns minutos iniciais em que a equipa revelou vontade mas pouco acerto, não tenho problema nenhum em reconhecer que foi o Setúbal quem esteve melhor e justificou a obtenção do segundo golo - construiu aliás ocasiões para o fazer. A defender, o nosso adversário continuava quase irrepreensível, a conseguir bloquear quase completamente as faixas e a obrigar os nossos alas a vir para dentro e a afunilar o jogo. Durante largos minutos, aliás, parecia que a única forma que o Benfica encontrava para chegar ao ataque eram bolas longas, quase sempre condenadas ao insucesso. O facto de termos três dos jogadores mais importantes na recuperação da bola extremamente limitados por receio de um amarelo que os retiraria do próximo jogo (Fejsa e Jardel) ou até mesmo deste (Rúben Dias) limitava seriamente a nossa agressividade, o que fez com que por diversas vezes víssemos o Edinho a conseguir receber bolas no nosso meio campo defensivo sem qualquer tipo de pressão, pois os centrais nem sequer encostavam nele. Num curto espaço de tempo passámos por três calafrios que poderiam ter resultado em golo para o Setúbal, em especial num falhanço clamoroso do Edinho, que atirou por cima quando parecia mais fácil marcar. À medida que o jogo caminhava para o final o Benfica arriscou tudo, colocando o Seferovic e o Salvio em campo e colocando o Cervi como lateral esquerdo enquanto que o Setúbal apostava mais na defesa e fazia entrar jogadores mais defensivos. Mas o nosso jogo ofensivo continuava a ser quase sempre bloqueado e o recurso às bolas longas mantinha-se. Numa delas, a cinco minutos do final, os centrais adversários atrapalharam-se e o Salvio seguiu isolado para a baliza, rematando por cima. Já no período de descontos, noutra delas o alívio do defesa adversário ressaltou no Jiménez e sobrou para o Salvio, que foi derrubado em falta dentro da área. Nestas alturas é sempre reconfortante saber que se tem na equipa um jogador que nunca falhou um penálti na carreira, e o Jiménez fez questão de mostrar porquê. É que o guarda-redes do Setúbal adivinhou o lado e a bola só entrou porque foi colocadíssima para junto da base do poste. Um golo importantíssimo a dar-nos uma vitória quando se calhar já poucos a esperariam.

Homem do jogo, obviamente, Raúl Jiménez. Dois golos e a habitual atitude de lutar por todas as bolas, que acabou por resultar no lance do penálti. De resto nem consigo fazer outros destaques. Foi um jogo difícil e chato, e não deu para grandes brilhos individuais numa equipa que claramente se sentiu orfã do melhor jogador da Liga, aquele que acaba por servir de elo de ligação para quase todas as dinâmicas ofensivas.

Na minha opinião foi das exibições menos conseguidas do Benfica nos últimos meses, mas estamos numa fase em que o mais importante é conquistar os três pontos mesmo que para isso seja necessário jogar feio. Era fundamental ganhar hoje, era fundamental consolidar a liderança isolada e não dar uma nova alma aos nossos adversários. Era fundamental entrar em campo na próxima jornada para defender esta liderança e não para a conquistar a outros. E assim estamos um pequeno passo mais perto do inédito pentacampeonato.

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