domingo, 1 de abril de 2018

BENFICA - 2 V.GUIMARÃES - 0 LOGICA

Paciência

Foi uma vitória da paciência. Perante uma equipa montada com um único objectivo em mente, que era tapar todos os caminhos possíveis para a sua baliza, só mesmo um jogo muito paciente da parte do Benfica é que permitiu ultrapassar a boa organização defensiva do Vitória e conquistar mais três pontos.


O onze titular não teve qualquer surpresa. A pausa para os inúteis jogos da inútil equipa da FPF teve a consequência positiva de permitir a recuperação completa do Rúben Dias (e ainda do Salvio, que começou no banco) e por isso jogámos com a equipa que tão boa conta tem dado de si nos últimos jogos. Ficou evidente ndesde o início que tínhamos uma tarefa complicada pela frente. O Peseiro é um treinador experiente, que evidentemente estudou bem a nossa equipa e montou a sua de forma a bloquear completamente o nosso jogo ofensivo, com duas linhas sempre muito juntas e organizadas, deixando o Raphinha sozinho na frente. Perante uma equipa que voluntariamente entregava a iniciativa de jogo e que se limitava a defender é sempre complicado conseguir jogar de forma positiva, por isso estou um pouco dividido sobre a quem atribuir a maior quota parte de culpa pela enfadonha primeira parte. Por um lado achei que o nosso futebol foi demasiado lento e previsível para conseguir ter ambições legítimas em ultrapassar a muralha defensiva do Vitória, mas por poutro lado compreendo que pode ser muito difícil encontrar soluções contra um adversário com esta postura. E claro que num jogo assim há sempre o risco acrescido de sofrer um golo numa das raras ocasiões em que o adversário consegue ir à frente, sobretudo nos lances de bola parada. Isso esteve perto de acontecer, quando na sequência de um canto o Vitória introduziu mesmo a bola na nossa baliza, mas felizmente o lance foi anulado por fora de jogo. Quando o nulo ao intervalo parecia ser o mais provável -  o mais ajustado, porque não me recordo de uma boa ocasião de golo para o Benfica na primeira parte, nem de uma defesa do guarda-redes do Vitória - apareceu um penálti providencial. O penálti é claríssimo por uma mão flagrante de um defesa do Vitória na sequência de um pontapé de canto, mas foi mesmo caído do céu. O Jonas não desperdiçou esta oportunidade soberana e assim saímos para intervalo em vantagem, e com uma boa parte do problema que o Vitória representava resolvido.


Seria expectável que a perder o Vitória arriscasse um pouco mais mas nada disso aconteceu, pois mantiveram a mesma postura defensiva. O que até tem alguma lógica. O Peseiro foi o último treinador a vencer na Luz, com o Porto, e na altura fê-lo exactamente desta forma. Jogou sempre à defesa, e apesar do Benfica ter marcado primeiro conseguiu dar a volta ao resultado graças à eficácia de marcar nas poucas oportunidades que construiu e um guarda-redes numa noite diabólica. Mas o Benfica veio um pouco mais agressivo e conseguiu logo nos primeiros minutos criar duas grandes ocasiões de golo, ambas na sequência de diagonais do Grimaldo para o centro a aproveitar dois bons passes de rotura para as costas da defesa. O domínio do Benfica foi ainda mais evidente durante toda a segunda parte, mas o nervosismo permanecia pelo facto de não conseguirmos obter o golo da tranquilidade. O Vitória não existia em termos atacantes, mas há sempre a possibilidade de algum lance fortuito ter consequências desastrosas. E isso até poderia ter acontecido, porque do nada um pontapé para as costas da nossa defesa deixou o Raphinha a correr isolado em direcção à nossa baliza. O auxiliar assinalou posição irregular mas o árbitro (bem) deixou o lance seguir, porque poderia depois verificar a regularidade ou não do mesmo pelo VAR. Felizmente o Varela conseguiu evitar que a bola entrasse na nossa baliza, porque o lance seria mesmo validado. Era necessário acabar com estes sustos e para isso recorremos ao 'descomplicador' do costume. A vinte e um minutos do final o Jiménez entrou para o lugar do Cervi (mais apagado do que tem sido habitual) e nove minutos depois fazia, de letra, o cruzamento junto da linha de fundo para o Jonas encostar de cabeça para o golo. O lance tinha começado numa recuperação de bola do Grimaldo quando o Vitória tentava sair para o ataque. Até final mais duas boas situações para o Benfica, uma para o Zivkovic depois de interceptar um mau passe da defesa adversária e outra para o Seferovic, que tinha entrado para os últimos minutos.


Num jogo em que não houve exibições individuais de encher o olho o Jonas acaba por ser o homem do jogo por ter marcado os dois golos que definiram o resultado. Mas a destacar alguém acabaria por escolher o Grimaldo, curiosamente por ter sido o jogador que mais deu nas vistas no ataque. Para além dos golos, a maior parte dos lances de perigo do Benfica saíram dos pés dele. De lamentar apenas os amarelos ao Jardel e ao Fejsa, tendo este último parecido claramente exagerado. Assim ficam ambos à beira de uma suspensão que os deixaria de fora do jogo com o Porto, o que pode sempre condicionar as escolhas para o nosso próximo jogo.

Mais um adversário que se empenhou afincadamente em conquistar um ponto - que neste caso de pouco lhe serviria, já que o Vitória está numa posição tranquila na tabela e praticamente não tem objectivos a conquistar. Foi difícil, mas ultrapassámos mais um obstáculo e somámos a oitava vitória seguida. Segue-se um jogo tradicionalmente complicado em Setúbal, mas se mantivermos esta atitude e a onda vermelha em movimento, conseguiremos receber o Porto na posição de dependermos de nós para ficarmos no primeiro lugar.

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