Desilusão
Uma enorme desilusão. É a única forma que encontro para descrever o jogo de hoje. E a desilusão nem é tanto pelo resultado; o que me deixou realmente desiludido foram a exibição e atitude da nossa equipa, em especial na segunda parte, numa ocasião única e muito difícil de repetir na história do nosso clube.
O anúncio da ausência do Jonas já não deixava bons augúrios, e só desejei que pelo menos não repetíssemos a má exibição do outro jogo em que não pudemos contar com ele - a semana passada, em Setúbal. A primeira parte nem foi má de todo, já que o Benfica foi a equipa mais dominante, ainda que apenas tenhamos conseguido criar um par de ocasiões, num remate do Cervi e numa ocasião flagrantíssima desperdiçada pelo Pizzi já perto do intervalo (a que o Porto respondeu de imediato com uma do Marega). Mas quando esperava que o Benfica viesse para a segunda parte ainda mais incisivo em busca de uma vitória que nos colocaria numa posição privilegiada para obtermos um feito ímpar na história do nosso clube, aquilo que vi foi uma equipa na qual o receio de perder parecia que claramente se sobrepunha ao desejo de ganhar. Então a partir da hora de jogo a exibição foi deplorável. Fomos uma equipa sem garra, sem crença, que via os adversários a ganhar quase todas as bolas divididas, quase todas as segundas bolas porque os nossos jogadores ou se encolhiam, ou desistiam dos lances. Quando perdiam a bola na frente, a maior parte deles deixava-se lá ficar ou recuava a passo. O Porto ficou com diversas bolas em que dois jogadores nossos que podiam ficar com ela encolhiam-se ambos à espera que fosse o outro à bola. Perante uma equipa que basicamente tem dois planos de jogo, o plano A que é mandar bolas compridas para os avançados, e o plano B que é passar a bola ao Brahimi, não soubemos apresentar qualquer tipo de soluções e ficámos simplesmente a ver o tempo passar, à espera do apito final. O Porto foi ganhando confiança e crença e foi recompensado mesmo sobre o apito final com um golo obtido num remate do Herrera em posição frontal de fora da área. Num lance de insistência em que a multidão de jogadores nossos que andavam por ali foram demasiado moles para meter o pé ou afastar a bola. De uma forma simples, ganhou a equipa que mais quis ganhar.
Acho que a grande excepção na nossa equipa foi o Fejsa. Esse meteu sempre o pé, o corpo, a cabeça e o que mais podia, mas não pode estar em todo o lado. O Varela não teve qualquer culpa (ou hipóteses) no golo e fez um dos jogos mais seguros que o vi fazer no Benfica. O Pizzi foi basicamente um empecilho. Desperdiçou a oportunidade mais flagrante do Benfica em todo o jogo, teve uma atitude péssima durante a maior parte do tempo (foi um daqueles que referi que se deixava constantemente ficar na frente de cada vez que perdia uma bola) e ainda passou uma data de tempo a refilar com os colegas, não sem bem porquê.
Já escrevi várias vezes que consigo aceitar de forma mais ou menos pacífica dias maus ou menos inspirados. O que nunca consigo aceitar bem são falhas na atitude. O Benfica tinha hoje, em sua casa, perante um estádio repleto de adeptos fiéis, uma ocasião única na sua história para se colocar na melhor posição possível para uma conquista inédita na vida do nosso clube. Era difícil pedir condições mais propícias. E a resposta foi uma equipa sem chama, sem crença, longe daquilo que uma ocasião destas pedia. O (previsível) resultado foi deixarmos de ser senhores do nosso destino e entregarmos esse privilégio ao principal adversário. O campeonato ainda não acabou e nada está definitivamente decidido, mas isto foi um erro que tem uma enorme probabilidade de vir a ser irreparável.
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