Foi a exibição possível frente a uma equipa do União que veio à Luz para jogar da forma mais retraída possível. Não sendo brilhante, o Benfica jogou no entanto mais do que o suficiente para vencer de forma inequívoca, devendo a si próprio (e ao guarda-redes do União) um resultado mais desnivelado.
O perigo de suspensão para o próximo jogo fez com que apresentássemos um onze algo diferente do habitual, no qual o André Almeida e o Renato Sanches cederam os seus lugares ao Nélson Semedo e ao Talisca. O único jogador em risco de exclusão que fez parte da equipa foi o Jardel, tendo ao seu lado o Lindelöf, que continua a manter a titularidade apesar da recuperação do Lisandro. Na esquerda da defesa, devido à suspensão do Eliseu, o Grimaldo teve a oportunidade de se estrear em jogos da liga. O jogo foi aquilo que se esperava, com um União ultra defensivo acantonado nos últimos trinta metros e que saía para o ataque com dois, no máximo três jogadores, e o Benfica a fazer a bola circular na tentativa de encontrar uma brecha naquela muralha defensiva. Felizmente aconteceu o melhor que podia acontecer num jogo assim, que foi marcar um golo cedo. Logo aos cinco minutos, um mau alívio da defesa do União a um livre marcado pelo Pizzi na esquerda fez a bola ir parar aos pés do Jonas, que no limite da área rematou sem deixar a bola cair para um bonito golo. A grande vantagem de um golo cedo num encontro em que o adversário só vem para defender é que evita o acumular do nervosismo à medida que o tempo corre e o nulo se mantém. Outra possível vantagem é obrigar o adversário a desmontar a estratégia defensiva, mas não foi esse o caso com o União, que se manteve a jogar exactamente da mesma forma, como se ainda estivesse empatado. O Benfica continuou o exercício de paciência, e nos minutos seguintes construiu diversas ocasiões claras de golo que poderiam ter permitido resolver desde logo o assunto. O Pizzi e o Mitroglou, por duas vezes cada, tiveram oportunidades claras para marcar, mas o guarda-redes do União acabou por resolver. União que, conforme disse, quase não atacava e quando o fazia era com dois ou três jogadores, mas mesmo assim ainda conseguiu criar uma ocasião de bastante perigo, numa bola colocada nas costas da nossa defesa, que obrigou o Júlio César a sair da área para cortar de carrinho perante um adversário isolado. Nos minutos finais da primeira parte o Benfica abrandou bastante o ritmo e quase se limitou a circular a bola lentamente entre os seus jogadores, sem criar grandes ocasiões - apenas me recordo de um cabeceamento do Pizzi já quase sobre o intervalo.
O ritmo lento manteve-se no regresso para a segunda parte, o que ao fim de algum tempo até levou a alguns sinais de impaciência por parte dos adeptos - apesar do controlo absoluto do jogo por parte do Benfica, a vantagem mínima deixava-nos sempre expostos a um qualquer azar que pudesse ocorrer, mesmo tendo em conta que o União conseguia agora ser ainda mais inofensivo no ataque do que o tinha sido durante a primeira parte. A posse de bola do Benfica deve ter andado por valores à volta dos 70% ou ainda superiores, mas faltava-nos velocidade para desorganizar o amontoado de jogadores do União em redor da sua área, e por isso, ao contrário do que tinha sucedido na primeira parte, não estávamos a ser capazes de criar ocasiões de golo. Melhorámos um pouco nesse aspecto na segunda metade desta parte, sobretudo depois do nosso treinador ter decidido retirar finalmente o Talisca do jogo, substituindo-o pelo Salvio e passando o Pizzi para o centro. Houve também mais envolvimento ofensivo do Néslon Semedo e do Grimaldo, e o Benfica carregou mais na busca do golo da tranquilidade. Que surgiu a um quarto de hora do final, pelo inevitável Jonas. Na jogada anterior o guarda-redes do União tinha conseguido negar, de forma incrível, o golo ao Mitroglou, com uma defesa por instinto para canto. Na sequência do mesmo, novo remate do Mitroglou, mas desta vez um desvio subtil do Jonas tirou a bola do caminho do guarda-redes. Com a vitória praticamente assegurada, foi então possível gerir tranquilamente o jogo até final - o único risco foi mesmo que não havia nenhum defesa central no banco que permitisse retirar o Jardel do campo. Houve apenas um sobressalto, quando um jogador adversário conseguiu ficar completamente isolado, mas complicou demasiado na hora de rematar e acabou desarmado à entrada da área.
O Jonas foi inevitavelmente o homem do jogo, com mais dois golos - o primeiro foi muito bom - que decidiram o jogo. O Lindelöf voltou a mostrar grande sobriedade e segurança na defesa nas poucas vezes que teve que intervir. É um defesa que joga simples e não complica nada, e acima de tudo é isso que se lhe pede nesta fase. Também me agradou a exibição do Pizzi, embora me irrite o facto de parecer ter desaprendido a marcar cantos. O Grimaldo fez um jogo em crescendo, nada de muito brilhante mas parecendo ganhar confiança à medida que os minutos passavam. Mas neste momento parece-me claro que o Eliseu é o dono do lugar. O Nélson Semedo ainda está com notória falta de ritmo. O Gaitán foi muito pouco influente neste jogo, e dele espera-se sempre algo especial. O pior mesmo, para mim, foi o Talisca, que jogou a um ritmo excessivamente pausado e não pareceu mostrar grande empenho.
Reduzimos a diferença para o topo da tabela para um ponto, e no próximo jogo teremos a oportunidade para disputar essa posição. O Benfica é neste momento uma equipa muito diferente daquela que, na fase inicial da época, tão má imagem deixou, pelo que me parece legítimo acalentar esperanças que possamos conquistar um resultado que nos deixe em aberto todas as possibilidades de continuarmos a defender o título que nos pertence. Haja atitude e brio para lutar por esse objectivo, e deixar orgulhosos os benfiquistas que não deixam de acreditar nesse objectivo - e que hoje voltaram a marcar presença significativa na Luz.
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