Feliz
Foi uma vitória bastante feliz a do Benfica esta noite. O Leverkusen mostrou que não é uma equipa qualquer. Controlou o jogo durante largos períodos do mesmo, criou as melhores oportunidades de golo, e honestamente só posso admitir que a vitória por 2-1 acaba por ser um resultado lisonjeiro para o Benfica.
Foi desde o apito inicial que os alemães mostraram vir decididos a não dar esta eliminatória como perdida. Com o pragmatismo habitual, como precisavam de vencer para se apurarem, não estiveram com cautelas e jogaram para vencer, atacando imediatamente a nossa baliza, e forçando o Artur à primeira defesa apertada logo com dois minutos de jogo. Com os laterais extremamente subidos no terreno, depois dois dos avançados (Schürrle e Castro) flectiam para o meio para explorar o espaço entre a defesa e o meio campo, o que fizeram com bastante eficácia, entrando depois muitas vezes entre os centrais e os laterais. No meio campo, a luta também foi ganha pelos alemães, fruto de uma muito boa organização e ocupação eficaz dos espaços, e também porque o Benfica, apesar de em teoria jogar com três médios, na prática jogava quase com um jogador a menos - o Carlos Martins, que seria o terceiro médio, jogou muito quase ao lado do Cardozo, o que o retirou efectivamente do jogo. Depois, os muitos passes falhados na zona do meio campo impediam o Benfica de construir lances de ataque eficazmente, já que poderíamos ter tentado explorar o constante adiantamento dos laterais adversários. Apenas ao fim de quinze minutos, e já depois de ter levado com uma bola no poste, o Benfica deu algum sinal de si, com o Gaitán a ter um cabeceamento perigoso após centro do André Almeida. Este lance teve o condão de acordar um pouco o Benfica, que teve então o seu melhor período na primeira parte, mas com o aproximar dos minutos finais o Leverkusen voltou a ser mais forte, e mais uma vez vimos uma bola a ser devolvida pelo poste da baliza do Artur. O Benfica podia portanto considerar-se feliz com o nulo à saída para o intervalo.
Na reentrada no jogo, o pendor do mesmo manteve-se, e nos primeiros minutos o Leverkusen voltou a deixar um sério aviso, pois o Kiessling chegou mesmo a marcar golo, mas este foi anulado por fora-de-jogo. Novamente aos quinze minutos, o Benfica voltou a dar sinal de si, e da melhor forma possível, com um grande golo do Ola John - que até então tinha passado praticamente despercebido no jogo. Já depois de ter passado para a sua posição natural na esquerda - o Carlos Martins, lesionado (que surpresa!), tinha dado o lugar ao Salvio - aproveitou da melhor maneira o adiantamento do lateral e depois de ultrapassar o adversário de ocasião e ganhar um ressalto, colocou a bola em arco para o ângulo mais distante. Mas este golo pouco afectou o ímpeto do Leverkusen, que continuou a procurar o golo e pouco depois obrigou o Artur a uma enorme defesa para canto, logo seguida de nova defesa apertada no seguimento do canto. Claro que, ao lançar-se mais declaradamente ao ataque, o Leverkusen também se expôs mais na defesa, e o Benfica poderia ter tirado partido disso e resolvido a eliminatória de vez mais cedo, quando a quinze minutos do final o Salvio falhou de uma forma algo escandalosa um cabeceamento a um centro do Ola John, quando estava completamente sozinho na área. Não marcou o Benfica, marcou o Leverkusen na resposta. Um alívio da defesa para a zona frontal da área resultou num pequeno toque de cabeça para o remate de primeira do Schürrle, que não deu hipóteses ao Artur. Mas o Benfica voltou a ser feliz no jogo, pois quando se adivinharia um assalto final dos alemães na procura do golo que lhes daria a passagem, foi o Benfica quem marcou praticamente na resposta. Um pontapé longo do Artur apanhou a defesa alemã em contrapé, e depois o Lima (que tinha substituído o Cardozo) teve a calma suficiente para ver bem as movimentações dos colegas antes de centrar com perfeição para a entrada de cabeça do Matic, que colocou a bola com classe junto ao poste mais distante. Este segundo golo partiu literalmente o Leverkusen, que acusou o golpe e foi para o ataque de uma forma muito mais desordenada, correndo imensos riscos atrás. Na fase final do jogo o Benfica poderia ter aproveitado todo o espaço concedido para dilatar o resultado, tendo mesmo falhado uma oportunidade flagrante para o fazer, novamente pelo Salvio. Mas caso tal tivesse acontecido, seria certamente um castigo demasiado pesado para aquilo que o Leverkusen jogou.
Esta noite o Artur foi um dos jogadores em destaque. Defendeu tudo o que havia para defender, não teve hipóteses no golo sofrido, e ainda teve um papel fundamental no segundo golo. Gostei também bastante das exibições do André Almeida, do Luisão (teve diversos cortes providenciais) e do Matic - só foi pena que tenha visto o amarelo que o retira do primeiro jogo da próxima eliminatória.
Com maior ou menor grau de felicidade, conseguimos eliminar um adversário forte e marcar presença nos oitavos-de-final, onde mediremos forças com o Bordéus. A exibição não foi a melhor, mas o resultado foi o mais importante - e a verdade é que na Europa muitas vezes o que nos acontece é o contrário, e somos nós que ficamos a queixar-nos da falta de sorte e a elogiar a eficácia do adversário. De qualquer forma, não devemos ignorar o facto do Benfica já ir no terceiro jogo consecutivo com exibições de menor fulgor. Segue-se um importante jogo contra uma das melhores equipas da Liga, e urge corrigir esta situação.
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