Desvantagem
Jogo pouco inspirado do Benfica, particularmente durante os primeiros minutos, e que foi justamente penalizado por uma derrota pela margem mínima, devido a um golo sofrido ainda muito cedo - precisamente na pior fase do Benfica no jogo.
A coerência com o discurso de termos como principal aposta vencer o campeonato manteve-se: deixámos seis titulares de fora para este jogo. Mantiveram-se o Maxi, Luisão, Garay, Fejsa e Rodrigo, completando o onze o Artur, Sílvio, Sulejmani, Salvio, Rúben Amorim e Cardozo. Não fiquei nada surpreendido com esta opção: esperava-a e, mais do que isso, desejava-a. A entrada do Benfica no jogo foi má (toda a primeira parte foi bastante fraca, aliás) e a do Porto foi forte. Foi recompensada muito cedo, logo aos seis minutos, num golo de cabeça do Jackson após a marcação de um canto, em que se antecipou ao Garay. O Benfica foi quase inofensivo no ataque, porque raramente conseguia sair de forma rápida e organizada. O Porto teve muito mais posse de bola, mas nunca chegámos a assistir a qualquer massacre à baliza do Artur - foram muito poucos os remates feitos, e as oportunidades de golo ainda menos. Mas as poucas que aconteceram, quase todas para o Porto, foram perigosas. A maior de todas deixou o Varela cara a cara com o Artur, num lance em que não percebo como é que o Fernando não viu um vermelho directo pela entrada horrível que teve sobre o Fejsa (foi de tal forma que provavelmente por vergonha a SportTV não mostrou mais do que uma repetição sorrateira). O Artur correspondeu com uma defesa miraculosa com a ponta da bota. As respostas do Benfica foram muito tímidas, e apenas me lembro de um mau cabeceamento do Rodrigo (nem acertou com a cabeça na bola, mas sim com o ombro) quando estava em posição para fazer melhor, e uma bola solta na área que o Maxi rematou contra os defesas do Porto.
A segunda parte foi mais equilibrada. O Benfica não pareceu particularmente incomodado com a desvantagem, e preocupou-se mais em controlar o ritmo do jogo. Prova disto o facto de apenas a quinze minutos do final o Porto ter feito o primeiro remate da segunda parte, pelo Herrera (remate perigoso, diga-se). As substituições feitas (entradas de Gaitán, Lima e Markovic, já na fase final do jogo) fizeram com que o Benfica se atrevesse um pouco mais no ataque, mas o jogo continuou a ser de muito poucas oportunidades de golo, ainda que a bola aparecesse mais vezes junto de uma e outra baliza. O Benfica criou apenas uma grande ocasião para marcar, através de um pontapé de canto no qual o Rúben Amorim apareceu solto na área a rematar, mas o Fabiano correspondeu com uma grande defesa. Houve ainda mais um cruzamento perigoso, que o Fabiano afastou e depois o Markovic não conseguiu fazer o chapéu de primeira, passando a bola perto do alvo. Mas a melhor ocasião foi mesmo do Porto, num remate do Jackson ao poste, com a sorte da bola depois ressaltar para o alívio do Luisão e não de outro jogador do Porto que estava em boa posição. Para além disso, já muito perto do final, o Porto libertou dois jogadores nas costas da nossa defesa mas depois o passe final do Quintero não saiu.
Não houve destaques esta noite, num jogo cinzento da nossa equipa. Mas houve decepções. Eu gosto do Cardozo e por isso custa-me escrever isto, mas neste momento jogar com ele na equipa é jogar com dez. Não creio que consiga fazer uma contribuição positiva que seja. Chega atrasado a todos os lances, perde todas as bolas divididas, e às vezes parece totalmente alheado do jogo. Jogo muito fraco também do Sulejmani, particularmente pelo elevado número de vezes que conseguiu perder a bola devido a agarrar-se demasiado a ela. O Salvio também continua muito longe da melhor forma, e o Maxi não me dá segurança a defender.
A opção pelo campeonato foi bastante clara neste jogo, e sobre isso não tenho nada a criticar. Se vencermos em Braga no domingo, considerarei esta semana positiva. Acho no entanto que, mesmo tendo em conta a rotatividade, poderíamos ter feito um pouco melhor, sobretudo no ataque - marcar um golo teria sido muito importante. Quanto à Taça de Portugal, a desvantagem de um golo está muito longe de ser irrecuperável. A jogar na Luz, e com uma equipa mais completa, não tenho dúvidas de que o Benfica tem capacidade mais do que suficiente para dar a volta ao resultado e conquistar o direito a regressar ao Jamor. Mas isso é coisa para pensarmos na altura, e nem vou preocupar-me demasiado a digerir este resultado - e não, isto não é abdicar da Taça de Portugal, que também desejo, e muito, vencer; é racionalizar e lembrar-me que isto é uma eliminatória a duas mãos, que temos a segunda mão em nossa casa e que a desvantagem é mínima. Mas a prioridade tem mesmo que ser vencer em Braga.
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