Calafrio
Ainda deu para apanhar um pequeno calafrio, mas o Benfica lá cumpriu a sua obrigação de vencer, carimbando assim a passagem às meias-finais da Taça da Liga, e mantendo a invencibilidade nas provas internas esta época.
Já é habitual nesta competição apresentarem-se equipas menos rodadas, e a noite de hoje não foi excepção. Dos jogadores mais utilizados habitualmente apenas jogaram de início o Jardel, Lima e Ola John, sendo que a titularidade do holandês poderá querer dizer que será o Gaitán a alinhar de início no jogo de Domingo. Destaque para o regresso do Aimar à titularidade, o que já não acontecia há bastante tempo. O recentemente regressado Roderick também foi titular no centro da defesa. O jogo não foi muito diferente daquilo que seria previsto. O Benfica a ter naturalmente maior iniciativa no jogo, e a Académica fechada mais atrás, tentando sair rapidamente para o contra-ataque sempre que possível. O ritmo imposto pelo Benfica é que nunca foi muito forte; jogou-se de forma pausada e sem muita qualidade, com demasiados passes falhados e muitos deles pelo Aimar, que mostrou estar ainda longe da melhor forma. Com o Ola John e o Bruno César também bastante abaixo do expectável, isso reflectiu-se na qualidade do nosso jogo ofensivo, com pouquíssimas ocasiões de golo a serem criadas. Apenas por uma vez durante a primeira meia hora se viu uma real ocasião de golo, com o Nolito a rematar e a bola a sair muito perto do poste. À medida que o intervalo se aproximava o Benfica aumentou um pouco mais a pressão e foi recompensado a cinco minutos do apito, quando o Lima, isolado após um bom passe do Bruno César, contornou o guarda-redes e marcou com facilidade. Infelizmente o Bruno César decidiu que não se ficaria por aí em matéria de assistências, e no último lance da primeira parte colocou a bola nos pés do Makelele, que seguiu em direcção à baliza e empatou o jogo.
Se a primeira parte acabou mal, a segunda pior começou. Estavam passados cinco minutos e já o Benfica se via numa situação de virtualmente eliminado, após o segundo golo da Académica, numa jogada muito semelhante à do nosso primeiro golo: passe para as costas da defesa e o Saleiro, isolado, marcou. A Académica revelava-se extremamente eficaz, marcando dois golos nas duas oportunidades de que dispôs, e cabia agora ao Benfica inverter esta situação. Isto não aconteceria certamente se continuássemos a jogar da mesma forma, e foi portanto com toda a lógica que vimos o nosso treinador mexer na equipa pouco antes de termos completado uma hora de jogo, retirando dois dos jogadores com menor rendimento (Bruno César e Aimar) para colocar mais um avançado (Kardec) e o Carlos Martins, o que fez o Benfica regressar ao esquema táctico mais habitual esta época, com dois avançados. As alterações depressa surtiram efeito, pois cinco minutos após ter entrado em campo foi mesmo o Kardec quem, aproveitando um centro do Ola John na direita, cabeceou para o golo do empate. E decorridos mais quatro minutos, novamente o Kardec a ter uma intervenção decisiva, combinando com o Lima para que este, isolado, marcasse o terceiro golo. Já com o Salvio em campo (entrou imediatamente a seguir ao empate) e o Ola John na esquerda, onde claramente está mais à vontade, o Benfica jogava agora num ritmo bem mais elevado e que a Académica já não conseguia acompanhar. Mais facilitada ficou ainda a nossa tarefa para os últimos vinte minutos, quando a Académica ficou reduzida a dez, permitindo-nos gerir tranquilamente o resultado, sendo que até poderíamos tê-lo ampliado, pois oportunidades para isso não faltaram.
O Lima foi o man of the match esta noite, com dois golos marcados e ficando perto do hat trick. Gostei da exibição do André Gomes, e a entrada do Kardec revelou-se decisiva para o desfecho do jogo. O Salvio também entrou muito bem na partida.
Mais uma vez nas meias-finais da Taça da Liga, e mais uma vez com a ambição de a vencer. Já o disse antes: gosto de ver o Benfica vencer este troféu repetidamente, e gosto de ver a urticária que isso provoca aos nossos rivais, que os obriga a esforçarem-se para desvalorizá-lo. E não percebo muito bem porque é que este troféu há-de valer menos do que outro para o qual basta um único jogo para o conquistar. Deve ser porque, ao contrário do que se passa com esse, somos nós quem tem mais Taças da Liga.
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