quinta-feira, 8 de abril de 2010

LIVERPOOL - 4 BENFICA - 1 - ACABOU-SE PARABENS

Sem dramas


Derrota pesada em Liverpool, e fim da campanha no Euroliga. O Benfica hoje foi diferente daquilo que tem sido habitual esta época, e por isso a derrota não me surpreende, ainda que considere que esta seja demasiado pesada, já que o Liverpool revelou uma enorme eficácia e converteu praticamente todas as oportunidades que teve. Pela primeira vez esta época, não fiquei muito agradado com as opções do nosso treinador. Apresentar, da defesa habitual, apenas um jogador a jogar na sua posição (Luisão) num jogo destes deu mau resultado, e não terá sido por acaso que, pela primeira vez esta época, sofremos mais do que dois golos num jogo. Mas apesar de não ter ficado agradado com as opções (sou adepto e, portanto, pouco racional nestas coisas) compreendo que a gestão do plantel tenha que ser feita para que consigamos atingir o objectivo proposto para esta época.



Conforme disse, na defesa apenas o Luisão jogou no seu lugar. Júlio César a titular, Amorim na direita, Sídnei ao lado do Luisão, e David Luiz na esquerda, num déjà vu da época passada. Na frente, Aimar a fazer de Saviola. Se se esperava um Liverpool a entrar forte e pressionante de início, isso não aconteceu. O jogo foi abordado com muitas cautelas de parte a parte, e como tal a toada foi muito equilibrada desde início, praticamente sem ocasiões de perigo perto de uma ou outra baliza. Seria um cenário agradável se as coisas assim se mantivessem, mas quando estávamos a chegar perto da meia hora de jogo, e sem que nada o justificasse, o Liverpool colocou-se em vantagem. Após um canto do lado esquerdo, o Júlio César permitiu que o Kuyt, encostado a ele e a um metro da linha de golo, cabeceasse para golo. Mesmo se o lance fosse faltoso (tenho dúvidas que seja), é incompreensível que o nosso guarda-redes nem sequer se faça à bola, preferindo abrir os braços e ficar à espera de uma eventual falta. Sete minutos depois, numa jogada simples pelo centro, o Lucas isolou-se, ultrapassou o guarda-redes com facilidade, e fez o segundo golo. Só sobre o intervalo, num remate do Sídnei, o Benfica conseguiu criar algum perigo. Muito pouco.



No segundo tempo o Benfica tentou forçar um pouco, já que bastaria um golo para empatar a eliminatória, mas hoje houve muita falta de inspiração. O Liverpool, sobretudo em contra-ataques, ia mostrando poder aumentar a vantagem, o que acabou por acontecer mesmo, quando estavam decorridos quase quinze minutos. O lance inicia-se com um livre a favor do Benfica, no seu ataque, e no contra-ataque que se seguiu o Kuyt entrou pela esquerda da nossa defesa e centrou para o segundo poste, onde a gaja espanhola fez um golo fácil. Dez minutos depois, num livre a castigar falta sobre o Ramires, o Cardozo fez o golo de honra e ainda deu para alimentar algumas esperanças, já que bastaria apenas um golo para passarmos. Que esteve perto de acontecer cinco minutos depois, em mais um livre do Cardozo, que desviou na barreira e passou perto do poste, com o Reina batido. Mas aos oitenta e dois minutos, em mais um contra-ataque após uma perda de bola do David Luiz, o Liverpool matou a eliminatória, com mais um golo da espanhola, que picou a bola sobre o Moreira (tinha entretanto entrado a substituir o Júlio César). A nossa defesa hoje esteve irreconhecível e comprometeu o jogo. A passagem do David Luiz para a esquerda não resultou, já que não conseguiu travar eficazmente o Kuyt (se por acaso era essa a intenção). E depois o centro sentiu a ausência dele, já que não havia velocidade suficiente para acompanhar as movimentações da espanhola - compare-se o jogo que ela fez na primeira mão, em que o David Luiz a meteu no bolso, e as liberdades de que dispôs hoje. São opções que se fazem, e será obviamente mais importante termos o Fábio Coentrão descansado para o jogo com a lagartagem.



Vários jogadores estiveram hoje a um nível muito inferior ao que sabem fazer. Cardozo (apesar do golo), Carlos Martins, Aimar ou Di María foram uma sombra de si mesmos, e não admira portanto que a produção do nosso ataque tenha sido tão reduzida. Não me recordo de um jogo esta época em que tenhamos tido tão poucas oportunidades. Com um ataque desinspirado e uma defesa desacertada, o resultado final não surpreende. Quanto ao melhor em campo, para mim foi o Ramires. Não terá sido propriamente muito melhor do que os colegas, mas lutou sempre por cada bola, e empurrou a equipa para a frente.



Ao fim de vinte e tal jogos, lá perdemos. Sem dramas. É difícil ganhar sempre, e apesar de todos nós querermos e sonharmos com uma campanha ainda melhor na Euroliga, o objectivo desta época não era esse. Seria agora profundamente ingrato e injusto que, por causa deste resultado, eu me esquecesse de todas as alegrias que este grupo já me deu. Tenho sim que agradecer à equipa pelo que fez até esta fase, e agora continuar a apoiá-la para que nos consiga dar a grande alegria de sermos campeões nacionais. E desejar que na próxima terça-feira, no final do jogo com a lagartagem, já nem sequer me lembre deste resultado.

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