Bomba
Foi à bomba e a ferros que o Benfica deu a volta ao resultado negativo de Zagreb e, após prolongamento, garantiu a passagem aos quartos-de-final de Liga Europa.
Foi com um onze um pouco surpreendente que o Benfica entrou em campo. Grimaldo, Samaris, João Félix e Jonas poupados, e uma frente de ataque constituída pelo Rafa e o Jota. No meio campo, destaque para o Fejsa após dois meses de ausência. O Zivkovic e o Yuri Ribeiro foram as outras duas novidades. A primeira parte foi complicada. Os croatas vieram à Luz basicamente para defender e o Benfica teve um enorme domínio territorial, mas fomos quase sempre uma equipa inócua. Foi muito complicado romper as linhas cerradas que o Dínamo montou em frente à sua área, e quando lá chegávamos regra geral faltava presença na zona de finalização, onde os nossos jogadores perdiam claramente no duelo físico com os defesas adversários. Nem sei quando é que conseguimos fazer o primeiro remate no jogo, mas certamente terá sido já depois de metade da primeira parte ter passado. Muito pouco para quem precisava de marcar. Na entrada para a segunda parte, duas alterações mais ou menos óbvias face ao rendimento da primeira parte. Saíram o Yuri e o Zivkovic, claramente os jogadores que estiveram menos bem, e entraram o Grimaldo e o Jonas. O Benfica melhorou muito com a nova ala esquerda - o Rafa saiu do centro e começou a cair mais para esse lado - e a muralha croata começou a abrir brechas. O golo passou a ser uma possibilidade muito mais real, enquanto que ofensivamente o nosso adversário não existia. Nem sequer em contra-ataque conseguiam fazer qualquer jogada relevante, sendo remetidos para o seu meio campo durante praticamente todo o tempo. O golo que empatou a eliminatória finalmente surgiu a cerca de vinte minutos do final, pelo inevitável Jonas. Subida do Ferro com a bola controlada, que levantou para a área onde o Pizzi atrasou de cabeça para o remate enrolado do Jonas, feito com a parte de fora do pé, que fez a bola entrar bem juntinho da base do poste. O golo em nada alterou a atitude do Dínamo, que continuou a jogar como se estivesse em vantagem na eliminatória.
O Benfica foi à procura do golo que evitasse o indesejável prolongamento e o que fez até final justificaria esse mesmo golo, mas infelizmente não conseguimos resolver a eliminatória nos noventa minutos. No prolongamento, nada de novo, Benfica sempre em cima e croatas inofensivos. O Pizzi deu logo a abrir o primeiro aviso num remate de longe, e pouco tempo depois foi mesmo assim que o Benfica marcou o segundo. Na sequência de um canto (resultado de mais um remate forte do Jonas que o guarda-redes tinha defendido com dificuldade) a defesa do Dínamo não foi eficaz a afastar a bola, que o Ferro recuperou numa zona adiantada e depois ainda de fora da área desferiu um remate indefensável. Um golaço que nos colocava em vantagem e que, a não ser que o Dínamo tivesse a capacidade para se transfigurar completamente, muito dificilmente não significaria o apuramento. E não, o nosso adversário não conseguia mesmo fazer mais do que aquilo que tínhamos visto até então, pelo que foi com naturalidade que a fechar a primeira parte do prolongamento ficou tudo resolvido. Primeiro os croatas deram um tiro no próprio pé, já que o seu lateral direito Stojanovic se fez expulsar com dois amarelos consecutivos por protestos. E logo a seguir, mais uma bomba no jogo, desta vez do Grimaldo, que num remate cruzado fez a bola subir muito e depois cair a pique para dentro da baliza, deixando o guarda-redes pregado ao relvado. A segunda parte foi apenas para cumprir o horário. O Benfica poderia ter chegado a um quarto golo se forçasse porque o Dínamo estava completamente entregue - apesar de ter tido a sua única ocasião de golo digna desse nome, mas o suplente Atiemwen atirou de forma inacreditável ao lado depois de ficar isolado após ganhar um ressalto na zona central - e mesmo a fechar foi o guarda-redes quem negou esse quarto golo ao Pizzi, que bem o mereceria.
Gostei muito das exibições do Rafa (incrível como mesmo no prolongamento continuava a ser capaz de correr de uma baliza à outra com a bola nos pés) do Pizzi ou do Gabriel, mas escolho destacar o Ferro. Continua a jogar com uma calma e qualidade que seria mais própria de alguém que já andasse na equipa principal há vários anos. Para além disso marcou o golo que nos colocou em vantagem na eliminatória e ainda deu início à jogada do golo que a igualou. A entrada do Grimaldo foi importantíssima, sendo no entanto preocupante confirmar que é um jogador quase impossível de substituir.
Teremos que esperar por domingo para perceber a influência que este indesejado prolongamento possa ter tido no aspecto físico da equipa, mas o apuramento certamente que terá feito muito bem à parte psicológica. Veremos o que o sorteio amanhã nos reserva, mas o fundamental agora é mesmo ganhar ao Moreirense. Será um dos obstáculos mais complicados que teremos que ultrapassar se queremos ser campeões.
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