Susto
Mal ganhámos para o susto. Foi uma vitória dificílima e arrancada a ferros já nos minutos finais de um jogo que esteve longe de ser dos mais conseguidos, e que nos permite continuar no topo da tabela. Valeu pelo crer até ao último minuto.
Onze quase o esperado - quase porque esperaria ver o Seferovic a titular em vez do Jonas. A entrada do Benfica no jogo nem foi má, perante um Tondela sempre muito bem organizado e com linhas muito juntas, mas que também cedo começou a revelar a irritante tendência para os seus jogadores se deixarem cair a pedir assistência. Na fase inicial do encontro o Benfica até criou ocasiões de golo, viu um penálti claríssimo por derrube ao Samaris não ser assinalado nem pelo incomparável Xistra (a nomeação deste emblema da incompetência foi mais uma provocação ao Benfica) nem pelo VAR e chegou mesmo a introduzir a bola na baliza do Tondela, pelo André Almeida, mas o golo foi anulado por posição irregular do Jonas no início do lance. A melhor ocasião de golo surgiu pelos pés do Rafa, que ficou isolado depois da marcação rápida de um livre, mas permitiu a defesa ao guarda-redes. A partir daqui fomos uma equipa progressivamente mais nervosa que perdeu esclarecimento. Deixámos de explorar convenientemente as alas e insistimos demasiado pelo meio, com o Pizzi e o Gabriel a revelarem estar francamente desinspirados na construção. Não me recordo de ver o Gabriel falhar tantos passes num jogo. Por isso a primeira parte arrastou-se até ao intervalo com o Benfica a rematar muito pouco e a não conseguir praticamente criar mais nenhuma ocasião de golo.
Logo ao intervalo trocámos o Samaris pelo Seferovic, passando o Félix para a direita e o Pizzi para o meio. Mas como referi, o Pizzi esteve numa noite pouco inspirada, a par do Gabriel, e a construção de jogo continuava a deixar muito a desejar. Mas até conseguimos voltar a introduzir a bola na baliza do Tondela bastante cedo, depois de um muito bom trabalho individual do Jonas. Só que assim que percebi que o VAR tinha intervindo, perdi qualquer esperança. Intervenção do VAR num jogo do Benfica significa imediatamente decisão contra o Benfica, e mais uma ves a regra confirmou-se. Golo anulado por mão do André Almeida no início do lance, e tudo como dantes. O nervosismo da equipa e do público era agora bastante evidente, e para piorar as coisas o meio campo do Benfica deu o estoiro completo ao fim de quinze ou vinte minutos. A partir desse momento o Tondela ganhou superioridade nessa zona do campo, e apesar do Benfica precisar de marcar era o Tondela quem começava a estar demasiado à vontade para manter a posse de bola, começando até a criar situações de perigo junto da nossa baliza. A vinte minutos do final o toque de exotismo com a entrada do Taarabt para o lugar do Pizzi (pior do que aquilo que o Pizzi estava a fazer também seria difícil) e quase golo do Tondela, que só não aconteceu porque o Vlachodimos fez a defesa da noite a um remate cruzado. Seguiu-se a troca do Rafa pelo Jota e no período final o Benfica ganhou nova vida. Tudo continuou a ser feito mais com o coração do que com a cabeça, mas o Jonas por duas vezes podia ter feito o golo. Na primeira falhou de forma incompreensível um cabeceamento depois de um óptimo centro do Félix (era quase só encostar para o golo) e depois teve um grande remate de fora da área ao qual o Cláudio Ramos respondeu com uma enorme defesa. Mas o golo apareceu mesmo a seis minutos do final, num cabeceamento do Seferovic depois de um cruzamento teleguiado do Grimaldo. Desta vez não houve Xistra ou VAR que valessem ao Tondela e o golo contou mesmo. Enorme suspiro de alívio na Luz, mas foi preciso sofrer até final, porque mesmo ao cair do pano o Tondela desperdiçou uma flagrantíssima ocasião de golo. Felizmente para nós, o desvio em posição quase frontal na linha de pequena área saiu para a bancada.
Foi um jogo pouco inspirado da nossa equipa em que é complicado destacar jogadores. O Seferovic acaba por ser o homem do jogo por ter marcado o golo que o decidiu, e para mim parece-me evidente que deverá ser titular no lugar do Jonas. O Rafa foi quem esteve mais em evidência na primeira parte, mas foi desaparecendo do jogo. O Grimaldo foi muito menos solicitado do que é habitual, mas das poucas vezes que o explorámos foi quando conseguimos causar mais perigo, e o golo surgiu dali mesmo.
Foi muito mais complicado do que se poderia antecipar, e isto pode muito bem ser um exemplo daquilo que enfrentaremos até final. Hoje com o factor extra de verificarmos mais uma vez as disparidades de critérios entre umas equipas e outras. Um penálti evidente a nosso favor foi olimpicamente ignorado e um golo que não tenho dúvidas que seria validado a outros foi anulado. O nosso adversário directo deu a volta ao resultado com dois penáltis a seu favor, sendo o primeiro no mínimo anedótico, e depois nos minutos finais um penálti a favor do Braga foi obviamente ignorado. Já os desgraçados do Lumiar, a outra cara-metade da Santa Aliança, continuam no seu andor a ser carregados até ao terceiro lugar: um penálti do tamanho de um elefante foi ignorado nos descontos, o que é particularmente irónico tendo em conta a quantidade de penáltis de que já beneficiaram por jogadores seus serem confrontados por uma brisa mais forte. É contra estes critérios que temos tido que lutar toda esta época, e isto vai continuar e até intensificar-se enquanto não conseguirem colocar o nosso adversário à nossa frente. Por isso mesmo não podemos facilitar com jogos menos conseguidos como o de hoje.
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