Olympique Marselha: 11 e 18 de Março de 2010
Depois de uma retrospectiva à meia-final da Taça dos Campeões em 1990, chegou a altura de esmiúçar a equipa francesa no presente.
Plantel
No conjunto dos jogadores, há uns que se destacam dos demais: Gabriel Heinze, defesa central (lesionado durante 3 semanas); Souleymane Diawara, defesa central; Benoit Cheyrou, médio centro; Lucho González, médio centro; Hatem Ben Arfa, médio-ala/extremo; Mamadou Niang, ponta-de-lança. Sem menosprezar os restantes elementos do plantel estes são os jogadores mais experientes ou consagrados, aqueles que acrescentam um toque de qualidade extra ao futebol do Marselha. A espinha-dorsal. Para observarem a equipa, em maior detalhe, é favor clicar no próximo link.
Estatísticas
Os números não explicam tudo. Ainda assim, fornecem informação susceptível de ser analisada e rapidamente assimilada. Sendo certo que podia adicionar uma série de dados, fico-me por aqueles que mostram a capacidade ofensiva da equipa francesa: golos e assistências por minutos:
Jogador - Minutos jogados - Golos - Assistências - Média (minutos)
Mamadou Niang - 1.723 - 14 - 3 - 101.4
Bakari Kone - 749 - 2 - 4 - 124.8
Lucho Gonzalez - 1275 - 4 - 4 - 159.4
Brandao - 1606 - 6 - 2 - 200.8
Benoit Cheyrou - 1946 - 5 - 3 - 243.3
Hatem Ben Arfa - 990 - 1 - 3 - 247.5
Fabrice Abriel - 1534 - 1 - 5 - 255.7
Mathieu Valbuena - 877 - 2 - 0 - 438.5
Souleymane Diawara - 2160 - 3 - 1 - 540.0
Charles Kabore - 656 - 0 - 1 - 656.0
Sistema preferencial
Confesso que não conheço muitas das particularidades inerentes ao modelo de jogo do Marselha. Para começar esta secção, sugiro a leitura de um artigo de Luís Freitas Lobo, intitulado 'tempo dos renascimentos'. O treinador, Didier Deschamps, utiliza o 4x3x3 como sistema preferencial, aliás bem vincado na eliminatória frente ao Copenhaga.
Na Dinamarca, resultado de 1-3, a equipa jogou com o seguinte onze titular: Mandanda (GR), Bonnart (DD), Mbia (DC), Diawara (DC) e Taiwo (DE); Cissé (n.º 6), Cheyrou (ME) e Lucho (MD); na frente, Valbuena (AD), Koné (AE) e Niang (PL). Graficamente, o desenho táctico pode ser visto aqui.
Em França, igualmente desfecho de 3-1, o Marselha mudou algumas 'pedras', sem alterar a estrutura táctica base: Mandanda (GR), Bonnart (DD), Hilton (DC), Diawara (DC) e Taiwo (DE); Cheyrou (n.º 6), Kaboré (ME) e Abriel (MD); no ataque, Koné (AD), Ben Arfa (AE) e Morientes (PL). Comparativamente à 1.ª mão mantiveram-se, apenas, 6 jogadores. Mais uma vez, o esquema táctico pode ser identificado aqui.
Alternativa táctica
Curiosamente, julgo que no próximo dia 11 de Março, data do jogo no Estádio da Luz, a equipa francesa irá posicionar-se num sistema semelhante ao 4x4x2 losango, com a particularidade de poder ser facilmente transformado em 4x3x3. Passo a explicar: em determinadas partidas, consoante o advesário e o grau de dificuldade que apresenta, o treinador molda a equipa num esquema de 4x4x2, onde Lucho é o vértice ofensivo, correndo em tarefas de recuperação e sendo o primeiro a pressionar alto. Não creio que Deschamps venha a Lisboa jogar só com 3 homens no meio-campo, sabendo como as questões de superioridade numérica podem ser decisivas nessa zona do terreno. Basta pensar que, por exemplo, Cissé pode 'cair' em cima de Aimar, enquanto 'El Comandante' pode pressionar a saída de bola feita por Javi García. Em losango, o futebol do Marselha pode 'encaixar' nas peças encarnadas, de forma a manietar a posse e circulação de bola do Benfica. Nesta situação, dar-se-ão imensos duelos individuais e a inspiração e qualidade técnica de cada jogador poderá fazer a diferença. Quanto à particularidade que referi anteriormente, ela prende-se com um nome: Mathieu Valbuena. O médio francês actua preferencialmente numa ala, em 4x3x3, mas também pode ser o homem que tapa o lado direito, enquanto Cheyrou, no flanco esquerdo, fecha terrenos mais interiores. Um pouco à semelhança do que acontece com Di María, que oferece maior profundidade, e Ramires, que presta maior apoio à zona central. Assim, com Ben Arfa, ou Koné, e Niang, junto aos centrais contrários, o francês Valbuena pode ser a chave para alguma maleabilidade táctica entre o 4x3x3 e o 4x4x2 losango.
Antevisão
Face à indisponibilidade física do argentino Heinze (boa notícia para o nosso lado), e pelo que escrevi anteriormente, penso que equipa que subirá ao relvado da Luz não andará muito longe do seguinte: na baliza, o inevitável Mandanda; no quarteto defensivo, Bonnart, à direita, Taiwo, à esquerda, Diawara e Mbia ou Hilton, ao centro; no meio-campo, Cissé será o pivot defensivo, Lucho actuará uns metros à frente, como vértice avançado, Cheyrou apoiará a construção do lado esquerdo e, finalmente, Valbuena será o 'camaleão' táctico, na tal alternância de sistema que referi; por fim, na frente, Koné ou Ben Arfa terão a companhia do goleador Niang.
O Benfica terá que ter atenção redobrada com a velocidade e virtuosismo da dupla da frente, quer seja Koné/Niang ou Ben Arfa/Niang, assim como cautelas acrescidas nos apoios que possam surgir de Valbuena, Lucho e Taiwo, lateral muito ofensivo. Na verdade, o Marselha consegue criar oportunidades de golo com alguma facilidade, graças à multiplicidade de combinações atacantes entre as várias opções ofensivas disponíveis.
Em sentido contrário, o Benfica também poderá aproveitar alguns pontos fracos do adversário, nomeadamente: (i) a fragilidade patenteada por Bonnart nos duelos 1v1; (ii) a inoperância demonstrada por Diawara, quando pressionado na saída de bola; (iii) o espaço que fica nas costas de Taiwo, quando se envolve demasiado nas jogadas ofensivas; e, (iv) a indisponibilidade física de Heinze que enfraquece o sector mais recuado, em termos de experiência e eficácia nos lances de bola parada.
Em suma, creio que o Benfica terá muitas hipóteses de tornar ocasiões de golo em remates com sucesso, aproveitando erros ou deslizes adversários. Contudo, do outro lado, estará uma equipa capaz de provocar embaraços à defesa encarnada, pelo que os 90 minutos vão exigir a máxima concentração e inspiração. Um resultado final de 2-0 já me deixaria muito satisfeito, mas um simples 1-0 também não me travaria a convicção e esperança em seguir para os quartos-de-final.
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