segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A. VISEU - 0 OPERÁRIO - 1 - INFELICIDADE


Quem desperdiça não pode ganhar

O Académico de Viseu disse adeus a mais três pontos no Fontelo. Na recepção ao Operário dos Açores, que já se aguardava difícil, o resultado foi tudo menos positivo para os academistas que assim agravaram a sua posição na classificação. O conjunto de António Borges não consegue acertar com os bons resultados e a ansiedade aumenta à medida que as derrotas se acumulam. Neste capítulo, aliás, o Académico comprovou este domingo a estatística que lhe atribui (embora com mais 1 jogo) o título de pior equipa a jogar em casa. Ninguém como o Académico já leva 3 derrotas em casa e nenhum empate obtido. A pressão de jogar no Fontelo nota-se, mas não serve de desculpa, e nem os pedidos de Guima, na passada quinta-feira, fizeram os adeptos e sócios do clube puxar pela equipa. Aliás, nem por uma só vez apenas se ouviram os adeptos unir-se no apoio aos jogadores.

Desacerto na finalização
António Borges profetizou um bom jogo, muito táctico, e de resultado "apertado". Confirmou-se. Mas não como, certamente, o treinador academista pretendia. O Académico entrou bem no jogo, foi 'rei e senhor' da 1.ª parte mas não conseguiu bater Nuno Ricardo, atirando, na maior parte das vezes, ao lado da baliza açoriana.
Foi assim aos 12', com Fernando a rematar de livre ao lado, aos 18', com Rui Santos a cruzar de livre para novamente Fernando atirar de cabeça por cima do travessão, aos 30', com Álvaro a rematar forte e colocado mas uns centímetros ao lado do ângulo superior direito da baliza do Operário e aos 31' com Rui Santos a rematar de primeira ao lado apesar de ter colegas a desmarcarem-se pela esquerda. Muitas oportunidades falhadas que faziam antever o pior para os viseenses. Aos 39', o Operário deu o aviso mas Marco Aurélio, depois de deixar Tiago pelo caminho, acabou por ver o próprio número 5 academista a evitar o cruzamento perigoso para a área.
Em cima do intervalo, Rui Santos através de um pontapé de canto colocou o esférico na cabeça de Guima mas este executou mal o movimento nas alturas, atirando muito desviado.
Em tempo de descanso, o 'nulo' aceitava-se pelo desacerto ofensivo dos academistas que, ainda dominando o jogo e detendo mais tempo a bola, não usaram isso da maneira mais eficiente. O Operário, que cedo mostrou querer 'trabalhar' com o relógio, espreitou a 'espaços' a baliza de Augusto mas sem grande perigo.

Expulsão 'abençoada'
A segunda parte começou, praticamente, com a expulsão de Ruizinho. O 'trinco' açoriano, que já tinha amarelo, fez falta por trás sobre Rui Santos e acabou expulso após o 2.º amarelo. Da expulsão nada a dizer embora esta pareça ter tido o efeito inverso no Académico que, daí para a frente, e apesar de manter o domínio do encontro, atacou quase sempre de forma despropositada e aproveitando pouco ou nada a vantagem numérica.
Aos 51 minutos, ainda assim, um bom lance para os academistas. Rui Santos de canto e novamente Guima de cabeça a proporcionar a Nuno Ricardo defesa segura. Pouco depois Guima entrou novamente em acção com um remate forte à figura do guardião que já representou o S.L. Nelas. E como quem dá 2 dá 3, o avançado de Santa Maria da Feira tentou aos 56' o remate colocado com o pé esquerdo mas Nuno Ricardo voou para a defesa da tarde.
A partir daqui as coisas mudavam já que, aos 60', numa jogada rápida pela direita do ataque, o Operário, por intermédio de Hugo Santos, rematou cruzado para boa defesa de Augusto só que o esférico não saiu da zona de perigo e Amaral serviu o recém-entrado Costinha que rematou rasteiro para facturar, com Augusto a ver o lance impotente.
Caía o 'carmo e a trindade' sobre o Académico que, a jogar com mais um, sofria o golo e passava a ficar ainda mais pressionado psicologicamente. A falta de pontaria, essa, mantinha-se. Aos 64', Rui Santos tirou bem Luís Soares do caminho mas atirou em arco para muito longe.
Com o resultado de feição ao Operário, os açorianos começaram a fazer o jogo que mais lhes convinha e até tiveram uma pequena ajuda para 'matar' à nascença a reacção do Académico ao golo sofrido. Aos 69', Nuno Ricardo teve de sair lesionado mas o árbitro não fez questão de lhe recomendar a saída pela linha final, permitindo que este 'coxeasse' até ao banco de suplentes onde se assistiu ao cúmulo do guarda-redes suplente ter de 'roubar' a camisola de Nuno Ricardo. Momento crucial do jogo que poderá ter cortado aos academistas o ritmo que estes tentavam impor para dar a volta ao 'placard'.
Pior só mesmo um lance aos 71 minutos com queixas legítimas dos academistas. Hugo Seco passou por três contrários e foi derrubado na área. Para nós não ficam dúvidas mas para o árbitro houve. Augusto Costa hesitou e esperou pelo auxiliar até que assinalou pontapé de baliza. Primeira ideia: penálti claro. Segunda ideia: a não ser penálti o árbitro deveria ter admoestado Hugo Seco com cartão amarelo (seria o 2.º já que tinha visto o primeiro por simular, curiosamente, uma grande penalidade). Conclusão: o árbitro errou e expôs as dúvidas que teve no lance.
Os últimos minutos foram jogados mais com o 'coração' do que com a cabeça. Aos 82', de livre, Marcelo ainda atirou às malhas laterais e aos 83', Armindo aos 'papéis' quase comprometia. Ao minuto 95 (árbitro deu 7 de compensação), o Académico teve a última oportunidade de chegar ao empate. Tiago subiu no relvado para rematar potente à figura de Armindo. Este socou mal a bola e Zé Bastos na emenda falhou redondamente. Ainda assim o lance já estava anulado por fora-de-jogo.
No final, a conclusão a que se chega, mais uma vez, é que o futebol nem sempre é aquilo que parece e o Académico, apesar de dominar o encontro, acabou vergado a uma derrota que se considera injusta mas que premeia um Operário que, não jogando um futebol vistoso, foi mais pragmático e, sobretudo, mais prático, na hora de atingir a baliza de Augusto.
A sorte e os erros do árbitro acabaram também por beneficiar mais os açorianos.

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