Tristeza
Numa semana em que os nossos excelentíssimos jogadores juntaram a cabeça de mais um treinador à sua vitrine de troféus pessoais, nova visita ao Porto e no final a tristeza do costume. Nova derrota, e o quase definitivo adeus a qualquer tipo de esperança realista em sermos campeões.
Mudou o treinador, mudou o esquema táctico e finalmente abandonámos os três centrais. Entrámos em campo num híbrido 4-4-2/4-3-3, com o Gonçalo Ramos a fazer a ligação entre o meio campo e o ponta-de-lança Yaremchuk. Na defesa, face às ausências, a escolha de centrais recaiu sobre o Morato e o Vertonghen, com a esquerda a ser entregue ao mais que previsível elo mais fraco André Almeida. O início de jogo conseguiu não ser tão desastroso como o último (também era difícil) mas antes de se completar o primeiro quarto de hora já todos os benfiquistas tinham percebido que o Benfica dificilmente acabaria o jogo com onze, e que o André Almeida era o mais que provável candidato à saída. Pelo amarelo mdrugador, mas também porque o Porto obviamente quase que só carregava por aquele lado. O jogo até estave relativamente equilibrado na primeira fase, com o Benfica a conseguir responder às ameaças do Porto - que chegou a marcar, mas o golo foi anulado por fora-de-jogo. Até que pouco depois da meia hora o Yaremchuk teve uma ocasião flagrante para marcar, ficando isolado mas finalizando de forma muito pobre, com um remate rasteiro à figura do guarda-redes. Seguiu-se um canto no qual o mesmo Yaremchuk cabeceou novamente à figura, e na reposição da bola em jogo o nosso André Almeida deixou toda uma avenida para que o Porto fosse por ali fora. O Vlachodimos saiu da baliza e atirou a bola para fora, o Porto repô-la rapidamente em jogo e acabou por marcar pelo Fábio Vieira, num remate de ângulo muito fechado no qual o Vlachodimos fica muito mal na fotografia, deixando a bola passar entre as pernas. A questão é que o golo foi completamente ilegal, porque o Fábio Vieira controla a bola com o braço. É só ver a repetição em câmara lenta que os dois toques são claros: o primeiro no peito, o segundo no braço. Mas como o VAR só funciona às vezes e quando quer, o nosso amigo Tiago '5 Cents' Martins por algum motivo validou mesmo o golo (face ao historial que temos com ele, e aliás com o árbitro de campo também, desconfiamos do motivo, mas não vale a pena aprofundar). A validação deste golo é simplesmente escandalosa, mas já sabemos que amanhã levaremos com o habitual discurso sobre termos que dar o 'benefício da dúvida' ao VAR. Completamente desnorteados, três minutos depois sofremos um segundo golo. Novamente pelo lado do André Almeida, o Octávio cruzou completamente à vontade para que no centro da área o Gilberto ficasse a dormir enquanto o Pepê se lhe antecipava e cabeceava também à vontade. Tudo bem encaminhado, portanto.
Foi no entanto inesperada a entrada do Benfica na segunda parte. Marcámos logo no primeiro minuto, quando Rafa cruzou rasteiro da direita para o Yaremchuk finalizar sem dificuldades bem no meio da área, e assim relançámos o jogo. O Porto até pareceu acusar um pouco o golo, mas depressa se resolveu o assunto: André Almeida para a rua três minutos depois. Para nos rirmos um bocado, vamos todos lembrarmo-nos que a semana passada o Fábio Cardoso, no lance em que retirou o Darwin daquele jogo e deste, nem amarelo viu. Neste caso, um lance dividido, o solícito Hugo Macron sacou logo do amarelo e do vermelho. Um cenário clássico nas nossas visitas ao Porto, portanto. Normalidade restabelecida, e tudo na paz do senhor. O Benfica reorganizou-se, trocou de imediato o Yaremchuk pelo Valentino e ainda se aguentou bem apesar da desvantagem numérica. O Gonçalo Ramos até teve uma boa ocasião para empatar, mas o passe que lhe foi feito deixou-o algo desenquadrado com a baliza e o remate dele não saiu com muita força, permitindo o corte a um defesa quando a bola se encaminhava para a baliza. Na minha opinião o que acabou de vez com o Benfica foram as substituições: de uma assentada, o Veríssimo trocou o João Mário, Rafa e o Gonçalo Ramos pelo Taarabt, Pizzi e Seferovic e o Benfica praticamente acabou. Para começar, num jogo com o perfil que estava, em que a melhor hipótese que teríamos de surpreender o Porto seria a velocidade para aproveitar espaços deixados atrás quando subiam, retirar o Rafa para mim não fez qualquer sentido a não ser que tenha sido por motivos físicos. Depois, intensidade de jogo com os três que entraram, zero. São jogadores que já entram cansados, que não metem o pé e que desistem de qualquer jogada em que a bola lhes seja passada para mais de dois metros do pé. Se mesmo com a mudança de treinador vamos continuar a ter que levar com jogadores como o Pizzi, o Taarabt, o André Almeida ou o Seferovic em vez de algum miúdo que tenha vontade de jogar futebol, então mais valia ter cá ficado o outro, porque em breve nova cabeça de treinador se irá juntar à colecção (e acrescento que apesar da minha satisfação em ver pelas costas um treinador que eu nunca quis que regressasse, acho que a situação que acabou por resultar na sua saída é inadmissível num clube profissional e teria obrigatoriamente que haver consequências disciplinares para os 'cabecilhas' da revolta). Voltando ao jogo, o Porto resolveu o jogo marcando o terceiro golo a vinte minutos do final, em mais um lance onde a moleza dos nossos jogadores resultou em mais uma de inúmeras bolas divididas ganhas pelos jogadores do Porto ao longo de todo o jogo, desta vez à entrada da nossa área, deixando o Taremi isolado para marcar. Até final foi basicamente tentar não sofrer mais golos ou ter mais jogadores expulsos, tendo-se revelado bastante difícil cumprir ambas as tarefas - aliás, acho que o Gilberto só não foi mesmo expulso porque o jogo já estava resolvido e mesmo a acabar.
Em mais um descalabro quem destacar? Talvez o Morato ou o Weigl. Pareceram-me dos menos maus, com o Morato a acabar esgotado e com cãibras, num lance em que o Octávio poderia ter feito o quarto golo do Porto porque o Morato já não o conseguiu acompanhar.
Sinceramente, deixando-nos este resultado praticamente afastados da luta pelo título, acho que seria de aproveitar este cenário de menor pressão para começar a fazer uma limpeza de balneário e ir lançando sementes para o futuro. Há jogadores neste plantel que já muito pouco acrescentam e que nada terão a contribuir para o futuro do Benfica. Essa é a minha expectativa para a nomeação do Veríssimo para treinador principal. Desfazer o mal e o tempo que perdemos no último ano e meio, e reencaminhar o Benfica para o projecto que nos permitiu conquistar cinco campeonatos em seis épocas. Hoje seria sempre difícil mudar muita coisa, tendo em conta o pouco tempo de trabalho que há. Mas tenho esperança de ver mudanças nos próximos tempos.