domingo, 18 de fevereiro de 2018

BENFICA - 4 BOAVISTA - 0 - GOLEADA

Evidente

Uma vitória tão evidente quanto natural, e o espelho fiel da enorme superioridade da equipa do Benfica sobre a do Boavista. Nem mesmo uma noite menos inspirada do melhor marcador do campeonato evitou mais uma goleada.


Durante toda a semana pairou a incógnita sobre a presença do Jonas neste jogo. Mas ele foi mesmo presença no onze inicial, que voltou a contar com o Rafa na posição do Salvio. O nosso início de jogo não foi tão pressionante como tem sido, mas não foram necessários muitos minutos para ficar convencido que dificilmente a vitória nos escaparia. Porque bastava a bola ir até à esquerda que o trio Grimaldo-Cervi-Zivkovic mostrava que estava em mais uma noite inspirada, e que era quase impossível o Boavista travá-los. As triangulações entre eles acontecem a uma velocidade vertiginosa e são feitas quase de olhos fechados, de tal forma que provavelmente nove em cada dez investidas por aquele lado vão acabar com um jogador a isolar-se em direcção à área ou a ganhar a linha de fundo para servir alguém à entrada ou no interior da área. O Boavista, por seu lado, até tentava de forma vã pressionar a nossa saída de bola mas o sucesso era nulo. E em termos ofensivos ficava-se pelo mesmo rendimento: nem um remate, nem uma jogada sequer de perigo - o que era também uma consequência natural de quase não terem bola. De qualquer forma era necessário traduzir a nossa superioridade em golos, porque recordava-me bem do que aconteceu no jogo da primeira volta, em que dominámos por completo a primeira parte, fomos para o intervalo com a magra vantagem de um golo, e depois quase sem saber como o Boavista deu a volta ao resultado e deu-nos a nossa única e extremamente injusta derrota no campeonato. 


Foi naturalmente pelo lado esquerdo que surgiu uma grande ocasião para ganhar vantagem, quando o inevitável Cervi foi derrubado dentro da área com quinze minutos decorridos. Mas o Wagner conseguiu defender o penálti marcado pelo Jonas (não me pareceu mal marcado, simplesmente o guarda-redes adivinhou o lado e fez uma boa defesa). Mas não foi preciso esperar muito pelo golo, que surgiu apenas três minutos depois: canto marcado na esquerda pelo Cervi, cabeceamento do Jardel a devolver a bola para a zona do primeiro poste, e cabeçada para o golo do Rúben Dias (e se não fosse ele, ainda lá estaria o André Almeida para finalizar). Se há algo a apontar à exibição do Benfica no primeiro tempo, foi o facto de apesar de ter tanto domínio, ter enfeitado demasiado as jogadas junto da área adversária. É certo que não é fácil encontrar espaços para rematar frente a um adversário que defende quase todo o tempo com onze, mas pareceu-me que houve situações em que exagerámos nas tabelas e nos passes quando parecia mais aconselhável o remate, mesmo de fora da área. Porque ainda estava escaldado com o jogo da primeira volta, desejava pelo menos mais um golo antes do intervalo, e foi mesmo a fechar a primeira parte que ele apareceu. Mais um canto do Cervi na esquerda, desta vez a encontrar o Jardel bem no centro da área para um cabeceamento colocado e sem hipóteses de defesa. Apesar da dinâmica apresentada e da enorme superioridade sobre o Boavista, foi em dois lances de bola parada que conseguimos marcar. E apesar do Boavista meter onze jogadores dentro da área para defender os cantos, não conseguiram marcar eficazmente o melhor cabeceador da nossa equipa.


A ganhar por dois ao intervalo frente a um adversário incapaz de atacar, a perspectiva era naturalmente de uma goleada. Mas os minutos iniciais até acabaram por mostrar um pouquinho de Boavista, que conseguiu mesmo fazer finalmente um remate no jogo - foi um remate disparatado e que não causou perigo nenhum, na sequência de um pontapé de canto marcado 'à futsal' com um balão para a entrada da área a pedir um remate de primeira, mas foi para todos os efeitos um remate. Achei que houve um período durante o qual o Benfica perdeu dinâmica no ataque, talvez por culpa da experiência de, primeiro, trocar os extremos, e depois disso ter o Pizzi a jogar mais sobre a esquerda e o Zivkovic sobre a direita. A coisa funciona melhor quando temos os três canhotos perto uns dos outros, parece-me. O que é certo é que houve ali um período em que o jogo ficou demasiado partido para o meu gosto. Não que isso se tenha traduzido em qualquer pressão da parte do Boavista, mas achei a nossa equipa um pouco menos ligada e a dar mais espaços no meio campo, com o jogo numa toada de parada e resposta em que toda a gente parecia ter demasiado espaço e tempo para jogar. Por vezes até deu a sensação de alguma sobranceria, já que as situações mais complicadas para nós resultaram de erros individuais: numa o Jardel deixou-se desarmar perto da área, e na outra uma má reposição de bola da parte do Varela acabou num remate que passou perto do poste. E houve tempo também para a tradicional má saída a um cruzamento pelo nosso guarda-redes, que deu origem a alguma confusão na nossa área até que o Varela agarrasse finalmente a bola. Mas depois voltámos à fórmula inicial, e tudo regressou à normalidade. O Jonas não estava mesmo num dia inspirado e falhou um par de situações que normalmente concretizaria, mas os defesas do Boavista acabaram por fazer o trabalho por ele, e num lance às três tabelas fizeram com que uma bola cruzada pelo Grimaldo acabasse dentro da própria baliza. Foi aos setenta e sete minutos, e logo a seguir o Jonas cedeu o lugar ao Jiménez. Que ainda foi atempo de marcar, mesmo sobre o minuto noventa, aparecendo à boca da baliza para emendar um bom passe rasteiro do André Almeida. E não fosse o João Carvalho (tinha entrado para o lugar do Pizzi) ter decidido tentar ele próprio o golo e poderia ter marcado um segundo, já que estava em posição privilegiada para receber o passe.


Destaques óbvios para o Cervi (duas assistências e ainda um penálti que foi desperdiçado), Grimaldo e Zivkovic. Os três baixinhos canhotos são o motor do futebol ofensivo da equipa e quando jogam desta forma é praticamente impossível travá-los. A quantidade de lances de perigo que conseguem criar é tanta que mais cedo ou mais tarde um golo acaba por surgir. Destaque também para a dupla de centrais, que tal como contra o Rio Ave acabou o jogo com dois golos distribuídos entre si. A isto o Jardel somou uma assistência e o Rúben um par de bons cortes a evitar males maiores, como no lance em que o Jardel perdeu a bola. Menção ainda para o Fejsa, importantíssimo como sempre, e para o André Almeida, que apesar de ainda haver quem seja incapaz de lhe reconhecer a importância e o valor que tem, insiste em desempenhar a sua função de forma exímia. Hoje somou a sexta assistência para golo na Liga, a somar a dois golos marcados - nada mau para um defesa lateral. E se aqueles que insistem em colocar um defesa direito como prioridade absoluta em qualquer janela de transferências se derem ao trabalho de consultar os dados estatísticos sobre a eficácia dele nas acções puramente defensivas, são capazes de ter uma surpresa.

Mais uma etapa ultrapassada com distinção e mais uma demonstração de vitalidade da nossa equipa. Estamos a atravessar o momento de forma ideal para enfrentar a fase decisiva do campeonato, e se o conseguirmos manter certamente teremos uma probabilidade enorme de celebrar no final. 

P.S.- Mais uma exibição deplorável do jovem prodígio verde da arbitragem nacional. Depois do magnífico desempenho como VAR no último derby, hoje voltou a mostrar que pelo menos um critério mantém: mãos dentro da área nunca dão penáltis a favor do Benfica. Já o critério disciplinar, parece ser avisar os adversários do Benfica e amarelar os jogadores do Benfica. Só ele conseguirá explicar como é que o Boavista conseguiu acabar o jogo sem um amarelo enquanto que os jogadores do Benfica viram dois por lances sem qualquer perigo disputados ainda dentro do meio campo adversário. Parece-me mesmo que o critério que ele segue é em qualquer lance em que o possa fazer, decidir a favor do adversário do Benfica. A forma como ele conseguiu transformar uma cacetada no Cervi em canto quando o jogador do Boavista nem toca na bola é digna de qualquer manual de arbitragem.

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