quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

BENFICA - 1 SPORTING - 1 - PENA

Frustração

Uma oportunidade desperdiçada para conquistarmos três pontos na luta pelo campeonato. O sentimento da maioria dos benfiquistas no final deste jogo deve ser de frustração por não termos conseguido reflectir no resultado final a nossa superioridade em campo, tendo durante vários períodos do jogo praticamente vulgarizado o crónico campeão anunciado pelo menos nas últimas quarenta pré-epocas.


Nem vou falar muito do futebol jogado, porque fomos superiores ao nosso adversário quase de todas as maneiras e feitios. Fomos superiores a jogar em 4-3-3, a jogar em 4-4-2, a jogar em 3-5-2, e até a jogar praticamente com tudo à molhada, com apenas um central em campo, o Salvio a fingir que era lateral, e o André Almeida a fazer três posições. O Sporting (que mais uma vez teve a delicadeza de não respeitar a tradição da escolha dos campos - é a equipa da primeira divisão que mais frequentemente faz isto na Luz) colocou-se em vantagem aos dezanove minutos numa jogada de insistência pela esquerda que terminou num cruzamento para o cabeceamento do Gelson, e pouco mais mostrou depois disso - teve uma flagrante ocasião para marcar o segundo golo perto do intervalo, e nada mais. O Benfica teve a infelicidade de ver o Korvinovic acertar no ferro quando parecia ser mais fácil marcar, e ainda ver a recarga passar ao lado com a baliza escancarada - isto na sequência de um penálti grotesco do Coentrão, que foi olimpicamente ignorado pela dupla de lagartos a arbitrar no campo e em frente à televisão. Na segunda parte então o nosso adversário não existiu em termos ofensivos e passou a maior parte do tempo a cerrar fileiras junto à área, segurando a vantagem com unhas e dentes e deixando o Bas Dost como espectador privilegiado na frente. O Benfica teve o domínio territorial, teve mais posse de bola, mais remates, mais ocasiões de golo, mais cantos, tudo menos mais golos, infelizmente. Podemos queixar-nos, e muito, da má finalização em vários lances. E depois apanhámos também pela frente a dupla temível Hugo 'Macron' Miguel e Tiago Martins. 


A nomeação destas duas criaturas (para quem não sabe, e não se deixem levar pelas várias tentativas da parte dos avençados do Sporting para demonizar o Hugo Miguel, são os dois árbitros mais lagartos - e são lagartos mesmo, não são sportinguistas; eu tenho amigos que trabalham com o Hugo Miguel e sei do que falo - que existem na primeira categoria) já não deixava antever nada de bom. Aqui dou o braço a torcer e digo que estamos muitos, muitos anos atrás do Sporting nestas coisas. Se uma arbitragem como a de hoje tivesse acontecido ao contrário, o berreiro seria tal que daqui a 25 anos ainda ouviríamos os ecos. Assim sendo, vai uma aposta que amanhã as primeiras páginas vão destacar o 'excelente espectáculo a que se assistiu'? Só à quarta - sim, quarta! - mão flagrante na bola dentro da área, ao minuto noventa, é que tivemos finalmente direito a beneficiar de um penálti - que o Jonas converteu, evitando assim uma injustiça ainda mais atroz no resultado. Em relação ao Hugo Miguel, só a título de exemplo da sua coerência, foi ele o VAR que confirmou o célebre mergulho do Bas 'Louganis' Dost nos minutos finais do jogo do clube do seu coração contra o Setúbal esta época. O lance hoje entre o Jardel e o Coentrão? Tudo normal (note-se que eu nem estou a dizer que seria lance para penálti, mas que seria muito mais falta do que o mergulho canhestro do Bas Dost no referido jogo, era de certeza). Só numas continhas rápidas, assinale-se que no somatório dos dois últimos jogos que fizemos contra os eternos perseguidos e prejudicados pelas arbitragens, ficaram seis(!) penáltis por assinalar contra eles, e empatámos ambos os jogos.


A atitude de toda a equipa foi excelente, todos os jogadores lutaram até à exaustão para contrariar um destino tão injusto e hoje deixaram-me orgulhoso. O treinador merece elogios também, fez tudo o que podia para tentar ganhar, e na altura em que nada mais havia a fazer senão correr todos os riscos foi isso mesmo que se fez. Justo o reconhecimento ao Cervi no final com a eleição de melhor em campo por tudo aquilo que lutou, mas seria igualmente justo se essa distinção fosse para vários outros jogadores. Como o Krovinovic, que fez um jogo fantástico, ou o André Almeida, que foi lateral direito, central e trinco num jogo desta importância sem sequer pestanejar. O Rafa entrou muito bem no jogo, e se soubesse manter este nível seria um excelente 'reforço' para a segunda metade da época.

O título ficou mais difícil, porque a desvantagem para o topo aumentou para cinco pontos e deixámos de depender exclusivamente de nós próprios, isto num campeonato em que cada vez mais parece que as equipas do topo vão perder muito poucos pontos contra as chamadas mais pequenas. Mas se soubermos manter, mais até do que a qualidade, a atitude mostrada esta noite perante as adversidades que encontrámos, de certeza que estaremos na luta até ao final.

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