Repetição
Depois de termos ultrapassado o Vitória na Supertaça, repetimos a dose frente aos seus vizinhos e rivais minhotos. E 'repetição' é mesmo uma boa forma de descrever o jogo desta noite, que teve um resultado e uma evolução do marcador igual, mas onde apesar de não termos conseguido fases prolongadas de domínio territorial tão flagrante como no jogo anterior, saí do estádio com a sensação de que a vitória foi mais fácil de conquistar.
O onze foi quase o mesmo da Supertaça, apenas com a troca forçada do Grimaldo pelo Eliseu. Esperava que o Benfica aplicasse a mesma fórmula de pressão em todo campo que tão bem tinha resultado na Supertaça, mas por estratégia ou incapacidade isso não aconteceu. O jogo, conforme disse, teve um domínio repartido, com as duas equipas a jogar de forma relativamente aberta e a tentarem chegar ao golo, mas depressa o Benfica começou a parecer mais perigoso e capaz de marcar primeiro. O que aconteceu aos quinze minutos, numa boa combinação entre os dois avançados que acabou com o Seferovic a concretizar ao segundo poste um cruzamento largo do Jonas. Depois de aberto o marcador, o domínio do Benfica intensificou-se, e depois de uma série de ocasiões em catadupa (Seferovic, Jonas, Salvio) o segundo golo apareceu com toda a naturalidade. Livre despejado de muito longe pelo Pizzi para a área e alívio de cabeça disparatado do Raúl Silva, que fez a bola subir e cair perto do limite da mesma. Onde estava o Jonas à espera dela para rematar de primeira sem a deixar cair, levando-a a entrar bem junto do poste. Este lance deu-me um pequeno prazer adicional, que foi o facto do disparate ter sido cometido por um de dois jogadores na equipa do Braga por quem nutro uma particular antipatia (o outro é o Jefferson). Depois foi a repetição do jogo com o Vitória, com o Benfica a continuar a dominar o jogo perante um Braga quase inofensivo e que quase só conseguia aproximar-se da nossa baliza quando aproveitava algum livre para despejar a bola para essa zona. E quando tudo indicava que o terceiro golo era o cenário mais provável, com o Salvio a assumir o mesmo destaque na vertente do desperdício, o Braga é que acabou por reduzir contra a corrente do jogo quase em cima do intervalo. Um lance em que me pareceu haver demasiada passividade por parte do Eliseu e, sobretudo, do Jardel, que permitiu que o Hassan lhe fugisse nas costas para depois finalizar bem já com um ângulo muito apertado. Nos instantes antes do intervalo, o Benfica ainda conseguiu criar mais uma boa ocasião, mas mais uma vez o Salvio não conseguiu finalizá-la da melhor forma.
Para evitar os sobressaltos do jogo anterior, o melhor seria mesmo marcar o terceiro golo nos primeiros minutos da segunda parte, e foi isso que o Benfica tentou fazer. O Braga não conseguia criar muitas situações de perigo, mas quando lá foi conseguiu assustar, porque fez mesmo a bola entrar na nossa baliza mas o lance foi anulado por fora-de-jogo. Praticamente na resposta a esse lance, o Benfica chegou ao golo. Passe do Jonas para a desmarcação no Cervi pela esquerda, o cruzamento deste foi desviado por um defesa do Braga para a própria baliza, mas em cima da linha ainda apareceu o Salvio para confirmar. Estavam decorridos doze minutos, e por isso cumprimos o exigível para evitar sobressaltos. A partir daqui o vencedor do jogo ficou na prática decidido, mas não o resultado, porque o Benfica continuou a carregar e a mostrar que o quarto golo era uma probabilidade muito grande. Não aconteceu, umas vezes por mérito do guarda-redes do Braga, outras por falta de pontaria nossa, mas fica na retina a forma como a nossa equipa não descansou sobre o resultado e continuou sempre a tentar oferecer ao público que quase lotou a Luz mais explosões de alegria. O Braga por sua vez foi quase inexistente no ataque, mas quando foi à frente voltou a introduzir a bola na nossa baliza, com o lance a ser mais uma vez invalidado por fora-de-jogo. Nos minutos finais a substituição do costume para consolidar o meio-campo, com a troca do Salvio pelo Filipe Augusto, e uma pequena prenda mesmo a acabar para o Diogo Gonçalves, permitindo-lhe a estreia oficial na equipa principal do Benfica.
O Seferovic é um dos destaques deste jogo. Remate muito fácil e pronto com os dois pés, boa capacidade de desmarcação e muito lutador. Marcou na estreia oficial, voltou a marcar na estreia na Luz, e se continuar neste registo irá de certeza marcar muitos mais esta época. Jonas, sempre e obviamente. Um golo, uma assistência, e o passe decisivo para o Cervi no lance do terceiro golo. Antes de marcarmos o primeiro golo dizia para mim mesmo que o Jonas estava muito escondido do jogo. Assim que apareceu, ofereceu o golo ao Seferovic. Também inevitável destacar o Pizzi. É o cérebro da equipa e quase todo o jogo ofensivo passa pelos seus pés numa ou noutra fase. O Fejsa foi a regularidade do costume. Gostaria também de destacar o André Almeida. Não tem obviamente a técnica ou a velocidade do Nélson Semedo, mas é um pêndulo. Está completamente identificado com o futebol da equipa, sabe perfeitamente como e quando se integrar nos movimentos ofensivos ou defensivos e hoje exibiu uma confiança que até achei anormal nele, com vários toques e pormenores de classe. O Salvio fez um jogo muito à imagem de vários a que assistimos a época passada, alternando o bom com o disparate, conseguindo um golo que atenua as más decisões que tomou durante o jogo, sobretudo na primeira parte.
Dois jogos contra duas das melhores equipas da nossa liga, duas vitórias convincentes. Acho que as notícias da crise do tetracampeão começam a parecer manifestamente exageradas.
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