segunda-feira, 9 de novembro de 2015

BENFICA - 2 BOAVISTA - 0 - CERTO

Indiscutível

Vitória indiscutível da única equipa que jogou para ganhar e que até poderia ter sido por números mais dilatados, ainda que a exibição tenha ficado longe do que seria mais desejável. Mas o Boavista nunca conseguiu apresentar argumentos em campo para dar ao Benfica uma oposição digna desse nome, em particular no ataque, e acabou por ser uma presa fácil.


Apenas uma alteração no onze que tinha jogado na Champions, com o regresso do Samaris a significar a saída do André Almeida das escolhas iniciais. O jogo foi, desde o início, aquilo que se esperava tendo em conta o conhecimento que tenho da equipa do Boavista. Montou um castelo em frente à sua área, apostou em defender o nulo até à exaustão, e literalmente não existiu em termos ofensivos - deixou apenas um homem sozinho na frente (Uchebo), que eu considero um dos avançados tecnicamente mais limitados que eu já vi jogar (a sério, o Martin Pringle seria um virtuoso comparado com este tipo). O Benfica no entanto revelou sempre muitas dificuldades para derrubar a muralha defensiva do Boavista. Pouca rapidez de processos, pouco jogo de equipa - frequentemente a imagem do portador da bola a esbracejar com os colegas porque estava quase toda a gente parada, entregue à marcação e sem dar linhas de passe - e assim ficámos dependentes sobretudo de acções individuais para tentar furar aquela defesa. O que, quando se apanha tanta gente à frente, tem menor probabilidade de sucesso. Mais uma vez houve a variação táctica de trocar os extremos, o que me deixa sempre com aquela sensação nostálgica de ter voltado vários anos atrás no tempo, mas que em termos concretos nos retira o melhor flanqueador que temos do seu lugar natural, e onde tem criado diversos golos para os colegas. O Gaitán na direita fez aquilo que, presumo, seria expectável e pedido dele, ou seja, flectiu sempre para o centro e tentou rematar, esbarrando sempre na floresta de defensores do Boavista. Claro que uma estratégia como a do Boavista desmorona-se assim que sofrem um golo, e felizmente conseguimo-lo a cinco minutos do intervalo, na melhor jogada da primeira parte (também não me recordo de muitas outras ocasiões de golo). Depois de um canto em que a bola foi aliviada, o Sílvio abriu na esquerda para o Jardel, este deixou para o Gaitán, e o passe atrasado para a entrada da área encontrou o Gonçalo Guedes, que com um remate colocado de primeira fez o golo.


A segunda parte foi um bocadinho melhor do que a primeira, o que até tem sido mais ou menos frequente esta época. Houve um pouco mais de velocidade, mais envolvimento ofensivo dos laterais, e provavelmente uma tímida tentativa do Boavista de subir mais terá também acabado por nos dar mais algum espaço para atacar. O Jonas ficou perto do segundo, num remate colocado de fora da área que levou a bola a bater pela primeira de três vezes nos ferros da baliza. As arrancadas sobretudo do Gaitán e do Gonçalo Guedes iam dando alguma animação ao jogo, que nesta altura me parecia ter apenas dois desfechos possíveis: ou ficava tudo como estava, porque conforme disse antes o Boavista não mostrava a menor capacidade para fazer o que quer que fosse no ataque, ou então o Benfica fazia o segundo golo e arrumava de vez com a questão. Acabou por se verificar a segunda hipótese, ainda que tenha sido necessário esperar quase até ao final do jogo para ver esse segundo golo acontecer. Antes disso o Talisca, de livre, fez a bola acertar pela segunda vez nos ferros, depois de desviar na barreira. Incrível a forma como não entrou mesmo tendo batido na parte interior do poste. Mas desta vez aplicou-se mesmo o ditado de que à terceira é de vez, porque já à beirinha do fim o Carcela (que tinha entrado para o lugar do Jonas) aproveitou a recarga a um cabeceamento do Jardel à barra para acabar com quaisquer dúvidas que pudessem haver, marcando pela segunda jornada consecutiva. O centro para o tal cabeceamento do Jardel veio, como não podia deixar de ser, dos pés do Gaitán. Até final, realce para a estreia do Renato Sanches no Estádio da Luz (que hoje esteve muito bem composto, com mais de 46.000 espectadores). Já se tinha estreado oficialmente pela equipa principal na última jornada, desta vez pôde fazer a estreia em casa. Foram apenas trinta segundos, mas ainda deu para tocar duas vezes na bola.


Não foi uma exibição de encher o olho e portanto nem houve desempenhos individuais particularmente brilhantes. O Gonçalo Guedes foi um dos melhores. Trabalhou como sempre, marcou o golo que desfez o nulo, e só fiquei com pena que não tivesse sido um pouquinho mais egoísta num lance em que, sozinho, teve uma arrancada fantástica onde deixou todos os defesas para trás, e quando estava em frente ao guarda-redes decidiu tentar passar a bola para a entrada da área em vez de finalizar. Se tivesse marcado esse golo, provavelmente via a cotação subir em flecha. O Gaitán esteve mais discreto do que é habitual, mas é impossível passar ao lado do jogo, e deixou a sua marca com uma assistência e a participação no lance do segundo golo. Gosto também quase sempre de ver o Samaris jogar, mas por vezes parece-me que se desperdiça a fazer mais do que aquilo que deveria ser necessário. Mas neste momento, fazendo dupla com o Talisca, por vezes parece que é o único médio da equipa. O Sílvio parece estar a subir lentamente de forma e hoje fez um jogo bastante razoável. Quanto ao Jonas, achei que hoje exagerou no individualismo e agarrou-se demasiado à bola - certamente também pelos motivos que apontei antes.

Foi uma vitória natural e esperada, mas importante como todas as vitórias o são. Agora vamos ver se conseguimos aproveitar a pausa competitiva para consolidar processos e continuar a recuperar jogadores. Anseio pelos regressos do Salvio e do Nélson Semedo, que nos trarão muito mais opções e qualidade.

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