Sujaram o fantástico «poker» de Martins
Uma contrariedade no início do jogo acabou por revelar-se numa bênção para o Benfica. Pablo Aimar sentiu-se indisposto no aquecimento e passou o estatuto de «maestro» para Carlos Martins que agarrou a batuta com as duas mãos e partiu para uma noite inesquecível, deixando a sua marca nos quatro golos com que o Benfica brindou o Lyon esta noite no Estádio da Luz (4-3). Com uma demonstração de força antes do clássico, o Benfica chegou a estar a vencer por 4-0, mas descansou muito antes do final do jogo e permitiu que o adversário descaracterizasse um resultado que Martins teve tanto trabalho a construir.
O Benfica, com apenas três pontos no Grupo B, estava obrigado a ganhar para manter esperança de chegar aos oitavos, enquanto o Lyon, com nove pontos, podia garantir desde já a qualificação com um empate. A classificação do Grupo B esteve, assim, bem patente no estado de espírito das duas equipas desde o início do jogo. Um Benfica frenético, sôfrego pela bola e balanceado para o ataque. E um Lyon tranquilo, à espera de um erro do adversário para alcançar os seus objectivos. A equipa de Jorge Jesus assumiu os riscos e, com o relvado bem regado, carregou no acelerador. A balança tinha de cair para um dos lados. O Lyon ainda assustou com dois golos irregulares, mas logo a seguir foi atropelado sem apelo nem agravo pela onda vermelha que se estava a formar na Luz.
Sem Aimar, entrou Salvio para o lado direito e Carlos Martins arrancou do centro para uma exibição inolvidável, dando tudo o que tinha dentro de si em prol da equipa, quer na conquista de bolas, como na organização do ataque encarnado. Foi dos seus pés que nasceu o primeiro golo, aos 19 minutos, na marcação de um livre, bem direccionado para a cabeça de Kardec. O Lyon tentou reagir, subiu as suas linhas e deixou espaço nas suas costas para o segundo golo. Saviola ganhou uma bola, abriu na direita para Carlos Martins que, por sua vez, cruzou para o lado contrário onde surgiu Coentrão a fuzilar de primeira. Como não há duas sem três, novamente Carlos Martins, desta vez na marcação de um canto, a cruzar para a cabeça de Javí Garcia. Em 23 minutos, o Benfica encostou o Lyon às cordas e deixou os adeptos, em delírio, a cantar «o campeão voltou!».
«Poker» de Martins
A partir daqui, o Benfica podia partir para um resultado histórico na segunda parte, até porque na primeira tinha igualado a sua maior vantagem num jogo da fase de grupos (3-0 ao Celtic em 2006). Mas os papéis estavam agora invertidos. Era o Lyon que precisava de atacar e a equipa de Jorge Jesus preferiu entrar na expectativa, à espera de uma reacção francesa que acabou por se revelar muito ténue. Claude Puel decidiu então arriscar tudo, prescindindo de um central (Diakhaté) para lançar mais um avançado (Gomis). O Lyon voltou a aproximar-se da baliza de Roberto e voltou a pagar caro por isso. Mais uma saída num rápido contra-ataque e Carlos Martins completou o seu «poker» de assistências, mais uma para Coentrão concluir com um bonito chapéu. Uma noite fantástica de Carlos Martins que passa a ser o reis das assistências na Champions com cinco passes que deram golos, quatro deles esta noite.
Afinal não tinha acabado¿
O Lyon ainda reduziu, por Gourkouff, mas o vencedor já estava encontrado e, ainda com quinze minutos para se jogar, Jorge Jesus decidiu poupar o herói da noite para o clássico. Carlos Martins deixou o seu nome a ecoar nas bancadas. Já com Weldon e Felipe Menezes em campo, o Benfica perdeu gás e um segundo golo do Lyon, ferido na honra, fez soar os alarmes. Já sem forças para novos raides, a equipa fechou-se na defesa do resultado, mas voltou a consentir novo golo nos descontos. A diferença acaba por ser magra, mas suficiente para o Benfica continuar a acreditar.
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