Clube Académico de Futebol de ViseuO Clube Académico de Futebol, mais conhecido como Académico de Viseu, era o histórico representante futebolístico daquela cidade da beira alta. Oficialmente fundado em 1914 e após 91 anos de uma história que orgulha todos os visienses o popular CAF foi judicialmente extinto no ano de 2005 devido a intransponíveis dificuldade financeiras.Apesar da dissolução do Clube Académico de Futebol, a verdade é que a designação conhecida nacionalmente - antes mais popular, agora mesmo oficial - de Académico de Viseu mantém-se, depois de um protocolo assinado em 2005 entre a comissão administrativa do extinto clube e o Grupo Desportivo de Farminhão. Nesse acordo, esta modesta colectividade do concelho de Viseu alteraria a sua denominação para Académico de Viseu Futebol Clube.O surgimento do Clube Académico de Futebol deu-se em 1908, quando um grupo de jovens entusiastas do Liceu da cidade e do Colégio Via Sacra, decidiram criar uma organização desportiva em Viseu.Só em 14 de Julho de 1914 é que aquela organização desportiva assumiu carácter oficial. E a partir de 1929 começou a praticar o futebol, modalidade onde o clube veio a atingir considerável projecção nacional, sobretudo desde da década de 70, altura em que atingiu a 1ª Divisão Nacional.Até então o clube passou a sua existência pelos escalões secundários do futebol português, alcançado, regularmente, êxitos desportivos que muito orgulhavam as gentes da cidade de Viseu.Em 1935/36 joga pela primeira vez na 2ª Liga Nacional, onde terminou classificado no 3º lugar. Na temporada de 1947/48 sagra-se vice campeão nacional da 3ª Divisão. Atinge a final da competição defrontando o GD Cova da Piedade, equipa que venceu por 5-2.
.Já na época de 1949/50 esteve próximo de atingir a 1ª Divisão Nacional. Depois de vencer a Zona B da 2ª Divisão Nacional, a Série 3 da fase seguinte, o clube visiense chegou à fase final da prova e discutiu o acesso ao primeiro escalão do futebol português.Contudo, na ocasião, as equipas do Boavista FC, da Associação de Futebol do Porto, e o Clube Oriental de Lisboa, da Associação de Futebol de Lisboa, foram mais fortes e terminaram a fase final, respectivamente, na primeira e segunda posição, cabendo ao Clube Académico de Futebol o 3º lugar na classificação final..
Depois de alguns anos consecutivos na 2ª Divisão Nacional, o Clube Académico de Futebol voltou ao terceiro escalão do futebol português no final da época de 1955/56. Mas, poucas épocas depois regressou à 2ª Divisão Nacional, concretamente, na temporada de 1958/59. Foi o 2º classificado da sua Série e foi disputar o Torneio da Competência da Zona Norte, conseguindo subir ao segundo escalão.Até aos inícios da década de 70, a existência do Clube Académico de Futebol foi um constante sobe e desce entre a 2ª e 3ª Divisão Nacional. Desceu três vezes ao terceiro escalão do futebol português, para outros tantos regressos.Como se disse, a partir dos inícios da década de 70, tudo foi diferente. A partir desta altura o clube ganhou maior notoriedade, logrando mesmo alcançar a 1ª Divisão Nacional.
Na época de 1977/78, o Clube Académico de Futebol, terminou a Zona Centro da 2ª Divisão Nacional, atrás do SC Beira Mar, que subiu directamente à 1ª Divisão Nacional. No verão de 1978, o Clube Académico de Futebol disputou a Liguilha com os segundos classificados da outras zonas da 2ª Divisão Nacional, respectivamente, da Zona Norte, o Aliados de Lordelo FC, e da Zona Sul, o Juventude de Évora SC.Nessa fase decisiva da competição que apurava um clube para a 1ª Divisão Nacional, venceu o Clube Académico de Futebol, nobel representante da cidade de Viseu, ascendendo assim, pela primeira vez na sua historia, ao principal patamar do futebol português, comandado pelo jovem técnico Mário Morais.
No Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1978/79, o Académico de Viseu não teve uma boa prestação. Acusando, exageradamente, a responsabilidade, o clube não demonstrou capacidade suficiente para garantir a permanência.Embora dotado com jogadores de qualidade e bastante experientes na 1ª Divisão Nacional, como eram os casos, por exemplo, do avançado Joaquim Rocha, Rachão, José Freixo ou Penteado, o certo é que o clube não conseguiu resistir ao andamento do primeiro escalão e acabou por descer à 2ª Divisão Nacional.Apenas cinco vitórias e um empate em toda a competição, marcando tão só 13 golos contra 75 sofridos, redundaram, naturalmente, num 16º e ultimo lugar na classificação final do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1978/79.
Nesta prova, obviamente, defrontaria pela primeira vez o Vitoria SC do escalão máximo do futebol português. Na Taça de Portugal, a outra principal prova nacional, o clube da cidade berço e o Académico de Viseu já se haviam encontrado.Aconteceu em duas ocasiões, tendo, em ambos os casos, a equipa do Vitoria SC eliminado o Clube Académico de Futebol. Na época de 1959/60, apesar da derrota em Viseu por 3-0, o Vitoria SC venceu na partida de Guimarães por 6-1.E na temporada de 1967/68, quando nos dezasseis avos de final, o Vitoria SC eliminou o Académico de Viseu, triunfando nas duas mãos da eliminatória, na cidade da Beira Alta por 0-1 e na cidade berço por 3-1.Mas o primeiro encontro entre os dois clubes na 1ª Divisão Nacional aconteceu na 8ª jornada do Campeonato Nacional da época de 1978/79, precisamente, no dia 29 de Outubro de 1978. Nessa ocasião, o Vitoria SC deslocou-se ao Estádio do Fontelo para defrontar o estreante Clube Académico de Futebol.
Com cerca de 20.000 pessoas a lotar completamente o recinto de jogo, com muitos apaniguados vitorianos nas bancadas, o Académico de Viseu alinhou com a seguinte equipa: Vaz; Pele, Amadeu, José Freixo e Xico Santos; Ramon, Rachão e Brandão; Albasini, Basto e Orivaldo.Já a turma vitoriana, liderado pelo treinador Mário Wilson, apresentou-se no pelado do Fontelo com Melo; Ramalho, Manaca, Soares e Alfredo; Pedroto, Abreu e Almiro; Romeu, Jeremias e Dinho.
Curiosamente, diga-se que o Académico de Viseu jogou aquela partida frente ao Vitoria SC sob protesto, por discordar do castigo de dois meses imposto pela Federação Portuguesa de Futebol ao seu jogador Joaquim Rocha. Tal punição surgiu pelo facto de o futebolista ter assinado contrato, simultaneamente, com três clubes.Quanto ao desenrolar deste histórico jogo, diga-se que o Académico de Viseu tomou desde cedo a iniciativa e o domínio de jogo, embora criteriosamente consentido pelo Vitoria SC.Apesar da ascendência visiense, os vitorianos, superiores no meio campo, filtravam bem as jogadas de ataque do adversário, não chegando a constituir qualquer perigo os remates à baliza do guardião Melo. Já o Vitoria SC, fruto de perigosos contra ataques, desenvolvia jogadas perigosas junto à baliza à guarda de Vaz, criando enorme desassossego à defensiva visiense.
De todo o modo, o final da primeira parte chegou com uma igualdade a 0-0. No reinicio, o Académico de Viseu entrou disposto a marcar, balanceando-se ainda mais no ataque. Sentindo o perigo, o Vitoria SC decidiu dar a uma estocada decisiva no adversário forçando o andamento do jogo em rápidos contra ataques.E assim chega ao golo da vitória. Um cruzamento bem medido para o interior da área do Académico de Viseu, onde surge o vitoriano Romeu, completamente sozinho, a cabecear para o fundo das redes de Vaz. Estava feito o 0-1, aquele que seria o resultado final da partida.A partir daí, a equipa do Vitoria SC, mais experiente e com um resultado favorável, dominou completamente a partida, segurando a preciosa vantagem, apesar da insistência dos locais.
No jogo da 2ª volta deste Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1978/79 entre os vimaranenses e o Académico de Viseu, disputado na cidade de Guimarães, o Vitoria SC tornou a vencer por 1-0.O Clube Académico de Futebol voltou então a disputar a 2ª Divisão Nacional na época de 1979/80 para, no final da temporada, voltar a ascender ao primeiro escalão do futebol português..
Esse desiderato voltou a alcançar ao vencer novamente a Liguilha de promoção à 1ª Divisão Nacional. No final da Zona Centro da 2ª Divisão Nacional da temporada de 1979/80, o Académico de Viseu voltou a ser 2º colocado, agora atrás da Académica de Coimbra.Essa Liguilha foi disputada entre o Clube Académico de Futebol, a AD Fafe, representante da Zona Norte, e o Lusitano de Évora. Com o treinador José Moniz liderando a equipa visiense, o Clube Académico de Futebol venceu aquela competição e regressou à 1ª Divisão Nacional.
Disputa então a 1ª Divisão Nacional na temporada de 1980/81, com uma equipa onde se destacava o guarda-redes Hélder e o avançado Inaldo, autor de 7 golos na competição e o melhor marcador do Académico de Viseu.Nesta época de 1980/81 venceu pela primeira vez o Vitoria SC em jogos a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Triunfo por 2-1 em Viseu, enquanto na cidade de Guimarães, a vitoria sorriu aos vimaranenses por 2-0.
No final deste Campeonato Nacional o Clube Académico de Futebol ficou no 13º lugar. Por esse facto, foi obrigado a disputar novamente a Liguilha, competição que passou a contar com uma equipa do primeiro escalão, juntamente com os segundos classificados das três zonas da 2ª Divisão Nacional.Conseguiu a permanência, superando as formações do Leixões SC, do AD Nazarenos e do Juventude de Évora SC, representantes, respectivamente, da Zona Norte, Centro e Sul do segundo escalão do futebol português. O Clube Académico de Futebol tornou-se num verdadeiro campeão das liguilhas.
Registou, portanto, a terceira presença no Campeonato Nacional da 1ª Divisão na época de 1981/82, mas aí não conseguiu atingir a permanência e foi relegado novamente ao segundo escalão do futebol português.Terminou no 14º lugar da classificação depois de uma grande luta pela salvação. Comandado por Fernando Cabrita, o Académico de Viseu teve um início de temporada de 1981/82 muito comprometedor, cedendo muitos pontos e sentindo muitas dificuldades.No 2º terço da prova demonstraram uma visível melhoria e pularam para o meio da tabela classificativa, terminando a 1ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão numa esperançosa 8ª posição.
Depois de ligeiras oscilações, a equipa do Académico de Viseu entrou muito mal na fase decisiva da prova, quebrando, definitivamente, até aos lugares da descida, terminando num 14º lugar da geral que ditou a descida de divisão.Nos confrontos com o Vitoria SC na época de 1981/82, refira-se a nova vitoria sobre a equipa vitoriana, no jogo disputado na cidade de Viseu, enquanto na cidade berço, o triunfo sorriu ao Vitoria SC, por 3-0.
A seguir a este descida de divisão, o Clube Académico de Futebol entrou numa crise directiva que afundou o clube em enormes dificuldades. No final da temporada de 1983/84, disputando a competitiva Zona Norte da 2ª Divisão Nacional, o Académico de Viseu foi relegado, dez anos depois, à 3ª Divisão Nacional.Disputou então a 3ª Divisão Nacional, Série C, na época de 1984/85. Venceu esta série depois de intensa disputa com o Viseu e Benfica, 2º classificado, com os mesmos pontos do Académico de Viseu.Alcançado o regresso ao segundo escalão, o Clube Académico de Futebol venceu, em seguida, a Zona Norte, na 2ª fase da prova, e foi disputar ao Estádio Municipal de Coimbra a final do Campeonato Nacional da 3ª Divisão.Não conseguiu conquistar o troféu em discussão pois a equipa do União de Santarém, vencedor da Zona Sul, venceu aquele decisivo encontro por 2-1, já após o prolongamento.
Depois de algumas temporadas na 2ª Divisão Nacional, o Clube Académico de Futebol iria voltar a disputar a 1ª Divisão Nacional, pela última vez na sua história, na época de 1988/89.Na temporada de 1987/88, tecnicamente comandado por Carlos Alhinho, o Académico de Viseu venceu a Zona Centro da 2ª Divisão Nacional. Disputou, posteriormente, a fase final para a atribuição do título de campeão nacional, terminando em 2º lugar, atrás do campeão FC Famalicão.
No Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1988/89 o Académico de Viseu foi quase o “bombo da festa”. Foi o último classificado, numa competição disputada por 20 clubes, vencendo apenas 5 jogos e empatando 9, coleccionando derrotas em todas as outras partidas. A sorte do Clube Académico de Futebol, nesta ultima presença no nacional maior, foi prematuramente traçada já que rapidamente ficou muito longe da salvação.Referencia, ainda quanto à temporada de 1988/89, às partidas frente ao Vitoria SC. Em Viseu o Clube Académico de Futebol voltou a vencer o Vitoria SC, por 2-1, num dos poucos triunfos da turma visiense na prova. Em Guimarães, numa altura em que o espectro da descida era iminente, o Académico de Viseu foi derrotado, amplamente, pelo Vitoria SC minhoto por 5-0.
Em 1989/90 disputou a 2ª Divisão Nacional, Zona Centro, com o objectivo conseguido de entrar na 2ª Divisão de Honra, a nova competição nacional. Este dois anos consecutivos neste segundo escalão do futebol português, regressando, agora à 2ª Divisão Nacional “B”, no final da temporada de 1991/92.Entretanto, na época de 1991/92, o Vitoria SC e o Clube Académico de Futebol voltaram a encontrar-se, desta feita, em jogo da 4ª eliminatória da Taça de Portugal. Jogando em Guimarães, o Vitoria SC venceu a formação visiense por 2-0..
(Equipa do Académico de Viseu na época de 1990/91)
Alternou então presenças na 2ª Divisão de Honra com a 2ª Divisão Nacional “B”. Venceu a Zona Centro, da 2ª Divisão Nacional, na temporada de 1992/93, mas logo na época seguinte de 1993/94 voltou a descer.Ao longo desta temporada de 1993/94, o Académico de Viseu andou sempre na corda bamba, mas por manifesta infelicidade foi relegado ao escalão inferior. Aconteceu apenas a 12 minutos do final do jogo da última jornada do Campeonato Nacional da 2ª Divisão de Honra, quando o FC Penafiel, no seu jogo, marcou o golo da salvação..
Venceria, novamente, a Zona Centro da 2ª Divisão Nacional “B” na época de 1994/95 e regressou ao segundo escalão do futebol português. Permaneceu então três temporadas consecutivas na 2ª Divisão de Honra.Na época de 1995/96 foi mesmo uma das grandes revelações da competição, com João Cavaleiro à frente do comando técnico da equipa visiense. Durante a 1ª volta esteve a lutar pelos lugares da subida, mas no decurso da segunda metade da prova acabou por quebrar, terminando no 9º lugar da tabela classificativa.
Em 1996/97 salvou-se da descida de divisão, depois de um final de temporada de muito bom nível, compensando uma primeira volta na 2ª Divisão de Honra verdadeiramente lastimável.Finalmente, na época de 1997/98, o Clube Académico de Futebol não conseguiu resistir e acabou por ser relegado à 2ª Divisão Nacional “B”. E de então para cá o Académico de Viseu nunca mais conseguiu subir. Alem disso, viu agravar-se, irremediavelmente, a sua situação económico-financeira.
Entretanto, uma divida ao antigo jogador Paulo Ricardo, um avançado brasileiro que chegou ao futebol português para representar o Vitoria SC, resultou num impedimento federativo em inscrever jogadores.O futebol sénior do clube transitou então para o Académico de Viseu Futebol Clube, a nova denominação social do GD Farminhão.Tal situação, insanável, levou à extinção do futebol sénior do clube no final da temporada de 2004/05. O futebol sénior do clube transitou então para o Académico de Viseu Futebol Clube, a nova denominação social do GD Farminhão.
Permaneceu apenas em actividade as camadas jovens do clube, mas, depois de um longo processo judicial iniciado por duas antigas funcionarias, credoras do clube, o Tribunal Judicial de Viseu, decretou em Janeiro de 2006 a insolvência do Clube Académico de Futebol e o fim da colectividade.Na sequencia desta decisão judicial a Federação Portuguesa de Futebol determinou em Janeiro de 2006 a suspensão do clube e a actividade desenvolvida na formação de futebolistas, terminando a participação do Clube Académico de Futebol nos campeonatos nacionais de juniores, juvenis e iniciados..(Equipa de Veteranos do Académico de Viseu)
O Académico de Viseu FC de hoje é um clube em crescimento. Começou pelas divisões distritais da Associação de Futebol de Viseu, encontrando-se, actualmente, a militar na 3ª Divisão Nacional, disputando a Série C.Presentemente, é ao Académico de Viseu FC que cabe honrar a tradição e os gloriosos 91 anos de história do Clube Académico de Futebol, o genuíno representante da cidade de Viseu.
Autor: Alberto de Castro Abreu