Foi preciso esperar 65 anos para ver a segunda vitória do SC Braga em casa do Benfica para o campeonato. Rúben Amorim continua a fazer 'estragos' ao 'leme' dos minhotos e, depois de vencer o FC Porto no Dragão, volta a bater outro candidato ao título na própria casa. Palhinha fez o único golo do jogo. Se o FC Porto vencer, no domingo, o Vitória de Guimarães, ficará a um ponto da liderança do Benfica.
Este foi o terceiro jogo seguido sem vencer do Benfica (derrotas no Dragão para a Liga e empate em casa do Famalicão para a Taça), o segundo consecutivo para a I Liga. Já o Braga ultrapassa o Sporting e sobe ao terceiro posto, lugar que os 'leões' poderão recuperar se vencerem o Rio Ave.










Braga à procura da segunda vitória em 63 jogos

Antes deste jogo, para encontrar a primeira e única derrota do Benfica em casa frente ao SC Braga para o campeonato, era preciso recuar à longínqua época 1954/1955, quando os arsenalistas venceram os 'encarnados, treinados por Otto Gloria, por 1-0, com um golo do argentino Mario Imbelloni. Nos 63 jogos anteriores entre ambos para a Primeira Divisão, o domínio do Benfica é avassalador: 50 vitórias e 12 empates, 187 golos marcados e apenas 37 sofridos.
Mesmo com o crescimento do SC Braga, que consolidou o estatuto de quarto grande do futebol português, os arsenalistas têm sentido inúmeras dificuldades no terreno do Benfica para o campeonato. As últimas seis deslocações resultaram em seis derrotas, nos derradeiros 11 encontros na Luz, apenas um empate.
Mas Rúben Amorim estava determinado a provar que a estatística não ganha jogos. Com problemas no centro da defesa, o jovem técnico apostou em David Carmo para jogar ao lado de Raul Silva e Wallace para a defesa a três. Já Lage, sem André Almeida, lançou Tomás Tavares na direita, fez regressar Weigl no meio e apostou em Cervi na ala esquerda.
A equipa do Benfica estava desejosa de esquecer os dois jogos consecutivos sem vencer (derrota 3-2 no Dragão e empate 1-1 em Famalicão que valeu o apuramento para a final da Taça de Portugal). Mas para isso seria preciso um grande Benfica, como Lage pediu na conferência de imprensa, para fazer frente a uns 'guerreiros' que cresceram e muito com Rúben Amorim, técnico que apenas não venceu na derradeira jornada, quando empatou frente ao Gil Vicente (oito jogos, sete vitórias, um empate, sendo que cinco das vitórias são contra os três grandes. Pelo meio, duas vitórias frente ao FC Porto (no Dragão para a Liga e na final da Taça da Liga) e dois triunfos ante o Sporting (Liga e Taça da Liga).

Braga com mais bola, Benfica mais perigoso

A construção a três pelo SC Braga, pelos centrais, com os extremos em zonas interiores e os laterais abertos a dar largura e profundidade, confundia o Benfica. Os campeões nacionais tinham dificuldade em ter bola e quando a ganhavam, tinham muita pressa em chegar à baliza de Matheus. Aos quatro minutos David Carmo, titular esta noite, perdeu a bola para Rafa que correu para a área e rematou ao lado. Aos foi Wallace a perder para Cervi mas o extremo rematou fraco e ao lado quando já estava pressionado. No minuto anterior, tinha sido Vinicius a rematar às malhas laterais, depois de passar pelo guarda-redes, após belo passe de Matheus.
O Braga tinha mais bola mas estava a falhar na definição. Mas este era um jogo para 'homens de barba rija', tal a intensidade colocada na disputa dos lances meio-campo. O árbitro Hugo Miguel teve de puxar do amarelo algumas vezes para punir jogadas onde a agressividade ia para lá do permitido.
Nos instantes finais da primeira parte apareceu o golo do Braga. Primeiro, aos 45 minutos, Odysseas negou o golo a Fransérgio com uma defesa fantástica, após canto. Na sequência do canto, Palhinha ganhou a Ferro e fez o 1-0, de cabeça.

Matheus e Odysseas ao poder

O Benfica voltou bem do intervalo. Logo aos 49 minutos, Vinícius atirou uma 'bomba' ao poste. Aos 59, nova grande oportunidade para a equipa 'encarnada' mas Rafa optou por servir Vinícius em vez do rematar. Esgaio aparece a cortar na hora certa. O Benfica crescia, criava perigo, os adeptos desesperavam nas bancadas. Aos 68 minutos é Matheus, com uma defesa fantástica, a evitar o empate. Grande jogada de Pizzi, a driblar entre os adversários e a rematar em zona frontal, o guarda-redes do Braga negou o empate.
Por esta altura já Lage tinha ao banco trocar Cervi por Seferovic, impondo assim mais presença na área. Rúben Amorim tinha trocado o apagado Galeo por Trincão. O Braga tinha mais dificuldades em sair, apesar do enorme espaço dado pelo Benfica. Das vezes que chegou na área, faltou melhor definição. O Benfica também estava intranquilo e isso via-se nalgumas perdas de bola a meio-campo.
A segunda parte prometia ser dos guarda-redes. Se de um lado Matheus ia desesperando os jogadores e adeptos 'encarnados', do outro era Odysseas a manter o Benfica vivo. Encaixou com segurança um remate de Paulinho aos 65. Aos 77 volta a negar o golo aos minhotos, num remate de Ricardo Horta. Fantástica defesa do guarda-redes grego, a defender para canto.
Nos últimos dez minutos, Lage forçou ainda mais na frente, trocando Weigl por Chiquinho e depois Tomás Tavares por Dyego Sousa, ficando com três pontas de lança em campo. Ruben Amorim refrescou a frente, com a saída de André Horta,que deu o seu lugar a irmão, André Horta.
Nos derradeiros minutos o Benfica tentou o jogo  direto para tentar o empate mas sem sucesso.
Este é o terceiro jogo seguido sem vencer do Benfica, a segunda derrota consecutiva no campeonato. Se o FC Porto vencer o Vitória de Guimarães, ficará a apenas um ponto da liderança 'encarnada'. Já o Braga ultrapassa o Sporting e sobe ao terceiro posto, lugar que os 'leões' poderão recuperar se vencerem o Rio Ave.