Selado
Sinceramente, já não me sobra muita paciência para continuar a escrever muito sobre jogos de uma equipa que parece insistir em sabotar-se a si própria. Hoje essa sabotagem ditou um empate em casa com o Ajax, que praticamente deixa selado o nosso destino na Champions.
O Ajax veio jogar para o empate e obviamente que saiu de Lisboa com o empate. A primeira parte quase que meteu dó, com longos períodos em que os holandeses se limitavam a trocar a bola na sua zona defensiva, sem quaisquer intenções de avançar no terreno. As jogadas de ataque deles consistiam quase todas em bolas chutadas para a frente, e pouco mais. O Benfica, sem jogar grande coisa, sempre ia tentando chegar ao golo e acabou por se apanhar em vantagem à meia hora de jogo, depois de uma dupla prenda do guarda-redes adversário. Primeiro deixou-se pressionar pelo Jonas e acabou por ter que atirar a bola para fora nas imediações da área. Na sequência do lançamento lateral longo feito pelo Salvio, saiu disparatadamente da baliza e permitiu ao Jonas marcar. O Ajax fez o primeiro remate do jogo aos 38 minutos, na sequência de um livre ainda bem longe da baliza. E o segundo em tempo de descontos, em novo livre a uma boa distância (em ambos os livres esteve perto de marcar). Na segunda parte, o Benfica dedicou-se à sua tradicional gestão do resultado. Ou, como eu prefiro chamar a essa táctica, 'Fazer o adversário acreditar'. E o adversário acreditou mesmo, e acabou por chegar ao golo ao fim de quinze minutos num lance que é uma autêntica ode à imbecilidade. Foi tão simples quanto isto: um chuto da linha do meio campo para a frente. Foi esta a elaboradíssima jogada que o Ajax fez para chegar ao golo. Lá na frente estava um jogador do Ajax sozinho e entalado entre os dois centrais. Apesar dos centrais terem partido à frente, ninguém atacou a bola, o Odysseas saiu já demasiado tarde, e quase em cima da linha de fundo o jogador do Ajax fez um remate enrolado que conseguiu pôr a bola para lá da linha de golo. Depois, como habitualmente, foi preciso correr atrás do prejuízo e nos minutos finais, sempre muito mais com o coração do que com a cabeça e à base de muito pontapé para a frente, quase que chegámos à vitória. Na sequência de um pontapé de canto a bola sobrou para o Gabriel no interior da área, que completamente à vontade rematou para um defesa por instinto do guarda-redes.
O apuramento na Champions é uma espécie de miragem (passaria sempre por ganhar os dois últimos jogos) e com sorte pode ser que consigamos passar para a Liga Europa, o que seria um mal menor. Assumindo que não mantemos este nível exibicional até ao jogo com o AEK, senão até isso somos capazes de estragar. A nossa equipa parece andar emocionalmente descontrolada (basta ver a linguagem corporal dos jogadores) e pior do que isso, estamos sem fio de jogo nenhum. Dependemos sobretudo de iniciativas individuais (Rafa pela direita, Grimaldo pela esquerda) para fazer a bola chegar ao ataque e quando ela lá chega (isso viu-se neste jogo) muitas vezes ninguém tem coragem para assumir a finalização. Muita coisa tem que mudar na forma como estamos a jogar.
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