Gestão
Um jogo que o Benfica começou a resolver cedo e depois se limitou a manter controlado no ritmo que mais lhe convinha, fazendo uma gestão bastante sóbria do esforço sem que alguma vez tivesse deixado a ideia de que a conquista dos três pontos pudesse estar em causa.
O Rio Ave entrava neste jogo apresentando as credenciais de estar 100% vitorioso desde que o Luís Castro assumiu o comando da equipa. Quatro vitórias noutros tantos jogos eram um sinal bastante claro que este jogo teria que ser encarado com toda a seriedade pelo Benfica. E foi isso mesmo que fizemos, desde o apito inicial. Com o Mitroglou a ser desta vez o escolhido para ocupar a posição mais avançada da equipa, o Benfica tomou imediatamente conta do jogo e remeteu o Rio Ave para a defesa, procurando chegar ao golo o mais cedo possível. Tirando partido sobretudo da grande mobilidade e constantes trocas de posição do Gonçalo Guedes, Rafa e Cervi, sempre com o apoio do Pizzi, o cerco à baliza adversária foi-se apertando e o golo chegou, com toda a naturalidade, com catorze minutos decorridos. O Mitroglou, que no início da jogada tinha demorado um pouco mais a concluir e acabou por tentar finalizar de calcanhar, acabou por ficar com a bola nos pés bem no centro da área depois de um remate enrolado do Gonçalo Guedes, e enquanto os defesas do Rio Ave pediam um fora de jogo inexistente finalizou com toda a calma. Conseguido o golo, o Benfica imediatamente levantou um pouco o pé. Não passou a defender o resultado, simplesmente começou a querer sair de forma mais organizada e estruturada para o ataque, privilegiando a posse de bola, e recuou também a linha de pressão. O Rio Ave aproveitou então para ter mais alguma bola, mas foi incapaz de construir qualquer lance de perigo, e pelo menos de memória digo que nem sequer um remate conseguiu fazer. O melhor que conseguiu foram alguns cruzamentos para a nossa área, que morreram quase todos nas mãos do Ederson. O Benfica, mesmo neste ritmo mais pausado, dava ideia de poder marcar um segundo golo sem precisar de forçar muito mais, pois as iniciativas individuais dos nossos jogadores eram suficientes para semear a atrapalhação na defesa adversária. Já quase sobre o intervalo veio a confirmação disto, quando o Pizzi arrancou com a bola, tabelou com o Rafa à entrada da área, e depois picou a bola sobre o guarda-redes à saída deste. Tudo aparentemente simples, a resultar num golo muito bonito.
Sobre a segunda parte, não tenho praticamente nada a dizer. Se com um golo de vantagem o Benfica já parecia estar tranquilo e sem grande vontade de forçar muito, então com dois isso foi ainda mais notório. Acho que as notas de maior destaque foram a entrada do Jonas, para somar mais alguns minutos à tarefa de ganhar ritmo de jogo, e uma grande defesa do Ederson, lá para o meio desta segunda parte, naquele que terá sido o primeiro (ou na melhor das hipóteses o segundo) remate do Rio Ave no jogo. Mais uma vez o Ederson a confirmar a sua qualidade e aptidão para guarda-redes de equipa grande: quase todo um jogo sem ter que fazer uma defesa, tendo tido mais acção a jogar com os pés para os colegas do que a tocar na bola com as mãos, e quando finalmente foi chamado, correspondeu de forma brilhante. O outro facto a realçar é a expulsão do Pizzi, forçada pelo próprio. O amarelo que tinha visto a meio da segunda parte (não percebi bem qual o motivo, só se foi por palavras e foi o único amarelo mostrado pelo árbitro em todo um jogo no qual teve um critério disciplinar larguíssimo, optando por deixar jogar sempre que era possível - e às vezes até quando isso não parecia ser a opção correcta) deixava-o suspenso para o próximo jogo do campeonato, em Guimarães. Por isso nos instantes finais ele retardou a marcação de um livre até ser admoestado com o segundo amarelo e consequente expulsão, o que faz com que se mantenha à beira da suspensão por amarelos, mas cumpra o jogo de castigo no próximo compromisso do Benfica, contra o Paços de Ferreira para a taça da liga. Parece estúpido, mas os regulamentos estão redigidos assim, e recordo-me perfeitamente de há uns anos o Fucile, então no Porto, ter feito a mesma coisa num jogo contra o Belenenses, de forma a estar disponível para jogar contra nós. Quanto ao jogo jogado, o Rio Ave ainda tentou durante alguns minutos chegar a um golo que relançasse o resultado, mas mostrou demasiada incapacidade para o fazer, e na fase final do jogo já nem sequer conseguia ter bola para tentar o que quer que fosse.
Destaques no Benfica, para mim, o Fejsa por mais uma exibição sólida e sóbria, a dobrar sempre bem os colegas da defesa e a cobrir com eficácia a sua zona, o Cervi e, a espaços, o Pizzi. Não foi jogo para grandes destaques individuais mesmo.
Gosto destes jogos. Não é necessária grande nota artística nem números de circo. Temos uma tarefa a cumprir, e fazemo-la de forma eficaz e segura. Quem tiver assistido ao jogo viu que em nenhuma altura do mesmo a vitória do Benfica pareceu ser algo menos do que uma certeza. E é assim que se somam três pontos em cima de três pontos, e que no final se conseguem somar mais pontos do que todos os outros adversários. É esta competência que nos permite passar o ano confortavelmente instalados no topo.
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