O Benfica complicou e muito a sua tarefa na Liga dos Campeões, ao perder na Luz com o Liverpool por 3-1, na 1.ª mão dos quartos de final da prova. Os Encarnados chegaram a dividir o jogo com os ingleses mas acabaram castigados pela sucessão de erros no meio-campo, de perdas de bola que os Reds não perdoaram.

Darwin Nuñes ainda deu esperanças ao Benfica já depois de Mané e Konaté terem marcado para o Liverpool mas um terceiro golo de Luis Diaz deixou as Águias a precisar de novo milagre em Anfield Road, no dia 13 de abril.

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Risco não compensou

Nélson Veríssimo deixou de lado o conservadorismo e assumiu um duplo risco frente a uma das equipas mais poderosas do Mundo: o 4-4-2, com Darwin e Gonçalo Ramos, capazes de oferecer soluções diferentes em transições rápidas; e um meio-campo apenas com Weigl e Taarabt. Ter o marroquino num esquema semelhante nuns quartos de final da Champions frente a um Liverpool é um risco enorme já que Taarabt, um acelerador de jogo, é sempre uma bomba-relógio na zona intermédia, pela forma de jogar, pelos riscos que assume com bola.

O Liverpool, sem pressas de acelerar o jogo, controlou desde os primeiros minutos. Salah e Luis Diaz aberto nas alas, Mané entre os centrais, Keita e Thiago a deambular por todos os lados, com Fabinho mais atrás.

A Luz, que se engalou para mais uma noite de Champions, puxou e puxou, gritou pelo Benfica, de uma ponta a outra do estádio.

Salah e Keita ameaçaram aos 10 e aos 13, Konaté concretizou aos 17: canto na esquerda marcado por Thiago Alcântara, o central francês subiu mais alto e cabeceou para o 1-0. A Luz não se apagou, muito pelo contrário, tentou puxar imediatamente pela moral dos jogadores Encarnados, com cânticos.

O Benfica tinha um propósito claro: ganhar a bola e sair rápido em velocidade. Mas, nuns quartos de final de uma Liga dos Campeões, pede-se mais cabeça que coração, quando se tem em mente que o adversário é superior. Darwin esqueceu estes princípios aos 12 minutos, não respeitou a desmarcação de Rafa que poderia ficar isolado, se o passe tem entrado. Perdeu a bola, o Benfica perdeu uma grande oportunidade.

No meio-campo, Taarabt ia somando perdas de bola comprometedoras,  respondidas sempre com um 'bruah' nas bancadas do estádio. A aflição dos adeptos era notória porque sabiam que dali podia estar o perigo do… Liverpool.

Odysseas Vlachodimos ainda negou os golos a Luis Diaz (25 minutos) e Salah (45) com duas grandes defesas, mas depois veio nova asneira Taarabt. O médio fez mais uma das suas e entregou o 'ouro ao bandido': Alexander-Arnold viu a desmarcação de Luis Diaz e colocou a bola no ex-FC Porto que serviu Mané de cabeça na área para o 2-0, aos 34 minutos. Simples e eficaz.

Antes do intervalo, Rafa mostrou que seria uma 'Águia' de cara lavada aquela que viria para o segundo tempo (remate para fora, após arrancada na direita). E era preciso, caso o Benfica quisesse discutir o jogo.

Outro Benfica, Liverpool a tremer e... nova asneira

Logo aos quatro minutos, ou seja, aos 49, Rafa desceu pela direita, centrou tenso para uma falha garrafal de Konaté na área. Darwin agradeceu e empurrou para o fundo das redes, para delírio dos mais de 60 mil presentes na Luz.

O Benfica cresceu com o golo, o Liverpool sentiu-o e sentiu também o fantástico ambiente da Luz. Sucederam-se perdas de bola no meio-campo dos Reds e contra-ataques perigosos do Benfica. Darwin ameaçou o bis aos 56, num cabeceamento torto e por cima; Alisson teve de voar para negar o empate a Everton aos 61, em mais um lance de contra-ataque do Benfica. O Liverpool tremia, o Benfica agigantava-se.

Jurgen Klopp percebeu isso e lançou Firmino, Henderson e Diogo Jota nos lugares de Mané, Salah e Thiago.

Os ingleses estancaram o ímpeto atacante do Benfica, passaram a ter mais bola, a trocar no seu meio-campo, evitando que o jogo se partisse novamente, com transições de parte a parte.

Aos 69 minutos o Benfica pediu penálti, após queda na área de Darwin em lance com Van Dijk mas o árbitro espanhol Jesús Gil Manzano mandou seguir, perante os protestos de quase todos os jogadores Encarnados.

Foi já sem Taarabt em campo (viu amarelo e foi rendido por Meité) o Benfica sofreu o terceiro, em nova perda de bola. Grimaldo tento combinar com João Mário, o passe ficou em Keita que arrancou em direção à baliza do Benfica, antes de isolar Luis Diaz com um grande passe. O colombiano passou por Odysseas Vlachodimos e atirou para a baliza deserta, aos 88 minutos.

Já nos descontos, novamente Vlachodimos a negar o golo a Diogo Jota, isolado, depois de mais uma perda de bola no meio-campo.

Para a história fica o resultado, difícil de reverter, e a ideia que o Benfica podia conseguir algo melhor do jogo, com mais acerto na zona intermédia e também na definição no último terço.

O Benfica perde por 3-1 nesta primeira-mão dos quartos de final da Liga dos Campeões e fica em situação muito delicada para seguir em frente.