O Benfica parece estar a colocar as sequelas deixadas pela COVID-19 para trás: depois da vitória frente ao Famalicão, os encarnados voltaram a vencer, desta feita frente ao Estoril-Praia por 1-3, num jogo que deixa a águia muito perto de voar para a final da Taça de Portugal. Foi a segunda vitória consecutiva do Benfica, algo que já não acontecia há um mês, com seis jogos pelo meio.

As águias voltaram a mostrar intensidade e mantiveram-se em controlo do jogo a maior parte do tempo, sem a inconstância de outros tempos. Apesar de ser obrigado a correr atrás da desvantagem, o Benfica esteve sempre por cima do jogo.

André Vidigal, com um golo aos 23', ainda abalou a águia por instantes, mas o Benfica foi atrás da vitória e alcançou a reviravolta graças aos golos de Darwin e Seferovic.

O Jogo: Golo contra a corrente obriga à reviravolta

Jorge Jesus mexeu em seis peças, em comparação com o último onze apresentado, frente ao Famalicão, com Helton Leite, Diogo Gonçalves, Gabriel, Pizzi, Pedrinho e Rafa a serem titulares, rendendo as saídas de Vlachodimos, Gilberto, Weigl, Taarabt, Cervi e Seferovic.

Os encarnados entraram melhor na partida, pressionando o Estoril-Praia desde o primeiro momento, instalando-se no meio-campo da equipa da linha. O primeiro aviso surgiu aos quatro minutos quando Darwin, após passe de Pedrinho, tentou ultrapassar Thiago, guardião do Estoril, mas sem sucesso, com o guarda-redes dos canarinhos a intercetar o esférico.

Depois foi a vez de Rafa levar tudo à frente. Com uma grande iniciativa individual, o ribatejano ganhou a bola a meio do meio-campo e, com várias fintas e alguns ressaltos pelo meio, deixou a defesa do Estoril para trás, falhando apenas na altura do remate, que saiu ao lado aos 12 minutos.

Minutos depois, aos 15, Rafa, de novo, esteve perto do golo quando, após combinação com Pedrinho, atirou por cima de Thiago, mas acertou em cheio na trave.

O tomba-gigantes Estoril sentia dificuldades para contrariar a toada ofensiva das águias, que não saiam do meio-campo do emblema da Segunda Liga, mas a verdade é que na única oportunidade que teve chegou mesmo ao golo.

Aos 23 minutos, na primeira oportunidade de perigo dos canarinhos à baliza defendida por Helton Leite, após cruzamento de Joãozinho, Murilo controlou no peito e cruzou para André Vidigal que só teve de encostar para o primeiro golo da partida, completamente contra o ascendente encarnado.

O golo do Estoril parece ter abalado a confiança encarnada, que demorou até criar uma situação de perigo semelhante às que se tinham assistido até ao golo de Vidigal, mas à entrada dos últimos cinco minutos do primeiro tempo, o Benfica voltou a deixar fortes avisos aos canarinhos.

Depois de um tiro descalibrado de Pizzi, aos 42’ e de uma enorme defesa de Thiago ao cabeceamento de Darwin, aos 43’, o Benfica acabou por chegar ao empate na sequência de um pontapé de canto: canto batido por Pedrinho, à esquerda, com Darwin, após desvio de Gabriel, a aparecer no sítio certo para cabecear, desta vez sem defesa do guardião do Estoril-Praia.

Estava feito o empate na Amoreira, empate que as equipas levaram para o balneário e que penalizava a toada ofensiva do Benfica, mas premiava a eficácia demonstrada pela equipa da linha.

O segundo tempo começou com o Estoril a testar a defesa encarnada e com André Vidigal a conseguir percorrer o corredor esquerdo para tentar o cruzamento para o interior da área. O passe do jovem desviou em Otamendi e Soria, no remate, atirou muito ao lado.

Bruno Pinheiro foi o primeiro a mexer na equipa, com as entradas de Gamboa, João Carlos e Bruno Lourenço, para os lugares de Zé Valente, André Clovis e Murilo. Minutos depois foi a vez de Jorge Jesus lançar para o jogo Taarabt, Seferovic e Weigl, para renderem Pizzi, Pedrinho e Gabriel.

Saído do banco, Seferovic foi o responsável pelo golo da reviravolta encarnada, depois de ter atirado uma bola ao poste aos 62’. À passagem dos 68 minutos, e após Rafa escorregar na altura do remate, a bola acabou nos pés do suíço que com um forte remate atirou para o 2-1.

O Estoril, que tinha vindo a aguentar o empate até aquela altura, viu a eliminatória ficar mais complicada quando, menos de dez minutos depois, Darwin voltou a molhar sopa.

Boa jogada de Taarabt, a percorrer o corredor esquerdo e a terminar com um cruzamento a régua e esquadro que terminou nos pés do uruguaio que só teve de rematar para o fundo da baliza aos 77 minutos. O Benfica colocava-se com uma vantagem de dois golos, numa segunda parte em que não colocou tanta pressão como na primeira.

Nos últimos minutos, o Estoril ainda ameaçou a baliza defendida por Helton Leite, graças a duas iniciativas de Crespo. Primeiro aos 79’, com um remate/cruzamento a obrigar o guardião das águias a voar bem alto para evitar males maiores e depois com um remate de fora de área, no minuto seguinte, a obrigar à defesa.

Apesar das tentativas, o marcador não voltou a mexer e o Benfica saiu da Amoreira com um resultado que se justifica, mesmo tendo em conta a grande superioridade demonstrada no primeiro tempo que pecou na hora da finalização. Tal como Jorge Jesus disse na flash, os encarnados acabaram por chegar à vantagem na segunda metade do jogo, em que a onda ofensiva encarnada já não era tão forte. Coisas do futebol.

As águias deram bons sinais do que poderão fazer no que resta da temporada, numa altura em que ainda recupera dos efeitos da COVID-19 no plantel. O Benfica não mostrou a inconstância de outros jogos e manteve-se por cima da partida em praticamente todos os momentos.



Nota positiva também para o Estoril que, à semelhança do que tem vindo a demonstrar na Taça e na II Liga, não abdicou da sua ideia de jogo e jogou, dentro do possível, olhos nos olhos com as águias, apesar da diferença abismal no plantel e no orçamento.

Momento: Minuto 68 - Golo de Seferovic

O melhor: Darwin

Foi dos primeiros a criar perigo e assim se manteve ao longo do jogo, sendo dos que mais trabalho deu ao guardião do Estoril. Os dois golos são prémios merecidos pela exibição do uruguaio que deixou o Benfica com uma mão no bilhete para a final da Taça de Portugal.

O pior: Rafa

O ribatejano mostrou-se em jogo e aquela arrancada ainda no primeiro tempo foi demonstrativa da sua qualidade, mas esteve em 'noite não' na altura da finalização. Teve nos pés um par de boas oportunidades que foram desperdiçadas devido à pontaria desafinada (13', 57') ou ao excesso de pontaria (bola à trave aos 15') do jogador das águias.

Reações

Jorge Jesus: "Estamos a mudar o pneu com o carro em andamento, mas tem de ser assim"

Bruno Pinheiro: "Quando gastas 100 milhões para disputar a Champions ..."

Darwin: "Temos de ser mais eficazes"

Miguel Crespo: "Temos de dar valor a tudo o que fizemos e ao nosso caráter"

Resumo