Estava à espera que a deslocação ao Bessa fosse um dos jogos mais complicados esta época. Mas o Benfica respondeu com uma das exibições mais sólidas dos últimos meses e resolveu este potencial problema com grande facilidade. Se houve alguma ilusão de equilíbrio, foi apenas porque o Boavista conseguiu marcar na primeira (e quase única) ocasião em que chegou à nossa baliza durante todo o jogo.
Regresso ao onze titular mais habitual das últimas semanas, com a excepção do Tomás Tavares alinhar no lugar do André Almeida, ausente por problemas físicos. A entrada do Benfica foi a matar: logo na primeira jogada de ataque o Pizzi isolou-se após um passe longo para as costas da defesa e fez a bola entrar na baliza, mas o golo foi anulado por um fora-de-jogo de centímetros. Daqueles lances em que um frame a mais ou a menos permite ao VAR validar ou não um golo, e que é daqueles pormenores que me fazem odiar o VAR - dá a sensação de que andam sempre à procura de uma desculpa para anular golos. Mas o lance não fez o Benfica esmorecer - fomos claramente superiores e dominadores em todo o campo, conseguindo mesmo dominar o meio campo com a dupla Gabriel e Taarabt sempre bem apoiada pelo Chiquinho e os dois alas, que frequentemente procuravam as zonas interiores. Isto apesar do critério largo obviamente adoptado pelo Jorge Sousa, que ia permitindo ao Boavista frequentemente matar os lances logo no meio campo com faltas sucessivas ficando sempre o amarelo guardado no bolso. Quando o amarelo finalmente saiu, foi num lance em que com boa vontade poderia ter sido vermelho, porque o Obiora travou o Chiquinho quando este estava em muito boa posição para se isolar (com a pancadaria que este jogador tinha andado a distribuir antes deste lance, com um critério normal ele não chegaria ao intervalo). O jogo continuou sempre com sentido único, com o Boavista acantonado atrás e incapaz sequer de causar qualquer tipo de incómodo em saídas em contra-ataque. Chegámos finalmente ao golo aos trinta e quatro minutos - um grande passe do Pizzi da direita (depois de uma boa saída do Cervi para o contra-ataque, na qual foi obviamente uma vez mais placado) foi encontrar o Vinícius do outro lado, que depois entrou na área e surpreendeu o guarda-redes com um remate forte e colocado para junto do poste mais próximo, quando ele esperava um remate cruzado. O mais difícil estava feito e parecia altamente improvável que o Boavista tivesse capacidade para responder à vantagem do Benfica. Mas de forma muito inesperada o empate surgiu mesmo quase em cima do intervalo, na única vez em que vi o Boavista chegar à nossa área. Culpas algo repartidas entre os dois centrais, já que o Rúben ficou atrasado em relação à linha da defesa e meteu o adversário em jogo, e depois o Ferro não acompanhou o avançado do Boavista e ficou fora do lance, permitindo-lhe ficar à vontade para desviar a bola de cabeça quando o Vlachodimos saiu. O empate ao intervalo era obviamente frustrante dada a enorme superioridade do Benfica em campo, mas se voltássemos para a segunda parte com a mesma atitude não haveria motivos para grande preocupação.
E a verdade é que foi isso mesmo que aconteceu. O Boavista obviamente que estava satisfeito com o empate e manteve-se na retranca, e o Benfica continuou com enorme domínio territorial e foi à procura de novo golo que desse a vantagem no marcador. O Chiquinho deu o primeiro grande aviso logo nos primeiros minutos, obrigando o Bracali a uma boa defesa. E um minuto depois (aos sete) o golo chegou mesmo. Passe do Grimaldo (depois de uma bonita investida do Taarabt) a desmarcar o Vinícius, que entrou na área pela esquerda cruzou rasteiro para o poste mais distante, onde o Cervi apareceu embrulhado com um defesa a empurrar para o golo. Estava reposta a justiça no marcador e desta vez acreditei mesmo que o Boavista já não conseguiria ir outra vez buscar o empate - até porque pareciam estar mais empenhados em reclamar uma suposta falta do Cervi no lance do golo, quando o argentino ganha posição e é depois pontapeado pelo defesa do Boavista quando este tentou cortar o lance. E em boa verdade, o Benfica não deu hipóteses ao Boavista de sequer sonhar com isso, porque continuou a dominar completamente o jogo, sendo recompensado com o terceiro golo dez minutos depois. Bola interceptada pelo Grimaldo logo no início de uma tentativa de saída para o ataque por parte do Boavista e colocada pelo meio da defesa para o Vinícius, que logo na meia lua rematou de primeira de pé esquerdo para o ângulo superior da baliza sem qualquer possibilidade de defesa. Jogo mais do que resolvido e a partir daqui sim, achei que o Benfica abrandou um pouco o ritmo. Sem que isso no entanto desse ao Boavista qualquer possibilidade de regressar ao jogo, já que as poucas vezes em que conseguia chegar à frente eram quase sempre na sequência de livres despejados para a área. Continuou aliás a ser sempre o Benfica a estar mais perto do golo, e ainda deu para chegar ao quarto já em período de compensação. Foi pelo Gabriel, que cabeceou com sucesso após um livre marcado pelo Grimaldo (a castigar falta sobre si próprio) - de assinalar que antes deste jogo o Boavista ainda não tinha sofrido mais do que um golo em qualquer jogo da liga, e tinha uma das melhores defesas. Para não passar o jogo todo praticamente sem fazer nada, mesmo a acabar o jogo o Vlachodimos ainda teve a oportunidade para fazer uma boa defesa a um livre directo.
Homem do jogo, obviamente o Vinícius graças aos dois golos e uma assistência. O homem no qual se deitaram fora dezassete milhões com o único objectivo de fazer um favor ao Mendes (mesmo não sendo ele na altura agenciado pelo Mendes, mas isso são pormenores) vai-se revelando uma das figuras da equipa e tem agora dez golos marcados nos últimos nove jogos pelo Benfica - estou a contar com o golo gamado pelo Veríssimo. Também me parece óbvio que daqui a uns meses o pilantra do Vieira será criticado por estar mortinho por vender o Vinícius, esse jogador que é prata da casa e que só veio para o Benfica contra a vontade do Vieira, porque ele só está interessado em destruir o clube. O Grimaldo também teve grande influência neste jogo, com duas assistências e participação noutro golo. Bom jogo da dupla do meio campo e do Pizzi, como de costume. O jovem Tavares fez uma exibição em crescendo, e creio que assim que vá acumulando experiência será apenas uma questão de tempo até conquistar a titularidade.
Foi uma grande resposta do Benfica num jogo em que tínhamos todas as razões para esperar dificuldades. As dificuldades maiores acabaram por ser criadas por uma arbitragem muito tendenciosa por parte do Jorge Sousa. Num jogo em que os jogadores do Boavista andaram a lavrar o campo e a bater sem critério, o Benfica acaba com o mesmo número de amarelos deles. Na dúvida, decidiu quase sempre a favor da equipa da casa. Só mesmo ele conseguirá explicar como é que o Ricardo Costa não foi tomar banho mais cedo (conseguiu nem ver sequer um amarelo). Mas no final o que fica é mais uma vitória convincente do Benfica - a décima consecutiva nesta liga, e 91 pontos em 96 possíveis é o cartão de visita do Benfica de Bruno Lage. Temos que nos livrar rapidamente deste incompetente, porque tipos capazes de fazer muito melhor do que isto andam por aí aos pontapés. O que é uma chatice é que sempre que os maldizentes ganham um bocadinho de embalo, a resposta seja invariavelmente uma exibição para os desmotivar novamente.
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