Paris é uma festa e Portugal é o primeiro convidado a chegar
Por João Paulo Godinho, em Lyon sapodesporto@sapo.pt
E ao sexto jogo neste Euro2016, Portugal somou esta noite a primeira vitória nos 90 minutos. Um triunfo (2-0) com um sabor muito especial, pois valeu o apuramento para a final do Campeonato da Europa, doze anos depois do sonho perdido do Euro2004. Os golos de Ronaldo e Nani fizeram a diferença em Lyon e levam agora Portugal para o jogo do título no Stade de France.
No encontro da meia-final, o selecionador nacional Fernando Santos não pode contar com Pepe a cem por cento e apostou por isso em Bruno Alves, fazendo também regressar Raphael Guerreiro ao onze inicial. Sem fados ou dramas da pressão do momento, a Seleção entrou melhor no jogo: com mais personalidade, confiança e dinâmica.
Os galeses, de Chris Coleman, cumpriam a sua estreia numa meia-final e pareciam acusar o nervosismo nos primeiros minutos. Todavia, o ascendente de Portugal era insuficiente para se traduzir em ocasiões claras de golo. Por outro lado, o País de Gales queria continuar a sonhar e a sua estrela, Gareth Bale, começou então a brilhar. Com uma série de arrancadas, desmarcações e remates, o extremo galês colocou Portugal em sentido e reequilibrou o jogo.
O aviso serviu a Portugal, que recuperou de imediato o controlo da partida. Ao impor maior segurança na gestão da posse da bola, a equipa das quinas ‘matou’ esse ímpeto galês. Porém, faltava alguma velocidade no último terço do terreno para fazer a diferença na organização defensiva do País de Gales. Ronaldo estava bem marcado, Nani não se conseguia soltar e apenas Renato Sanches e João Mário conseguiam aparecer a espaços no ataque.
Assim, o nulo chegou ao intervalo sem surpresas e com uma perspetiva muito cinzenta sobre a capacidade das duas equipas em fazer golos.
No entanto, Portugal regressou para a segunda parte com a acutilância e a eficácia que faltavam. Aos 50’, Portugal fez o 1-0, através de golo de cabeça de Cristiano Ronaldo, na sequência de um cruzamento de Raphael Guerreiro após um canto. Foi o terceiro golo do capitão da Seleção no torneio e o seu nono na história da prova, igualando assim Michel Platini no trono dos melhores marcadores de sempre. Um feito histórico do capitão de Portugal.
O mote estava dado e logo de seguida Nani seguiu o exemplo. Três minutos depois, Ronaldo tenta o remate de longe mas este é desviado de forma intencional e feliz por Nani para o 2-0. Os adeptos de Portugal explodiam de alegria nas bancadas e de Lyon começava a avistar-se a final de Paris.
Chris Coleman ainda tentou inverter o filme do jogo e fez quase de rajada três alterações para tentar reagir à desvantagem. Contudo, Portugal mostrou nesta fase grande maturidade e astúcia, convidando Gales a subir para então explorar o contra-ataque. E a verdade é que o terceiro golo da Seleção esteve mais perto de surgir do que o eventual tento dos galeses.
Fernando Santos optou então por gerir os jogadores e lançou André Gomes, Moutinho e Quaresma para os lugares de Renato Sanches, Adrien e Nani. A Seleção não se desuniu, resistiu às investidas galesas e assegurou um triunfo tão justo quanto inequívoco. Sem vestir o fato de gala, mas aprumando-se para a final de Paris. E o sonho do título europeu está agora a noventa minutos de distância para Portugal. Para recuperar a inspiração da obra de Ernest Hemingway, só falta mesmo que Paris seja uma festa para os portugueses...
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