domingo, 2 de setembro de 2012

BENFICA - 3 NACIONAL - 0 CORRECTO


Transfiguração

Num jogo com duas partes muito distintas, vitória justa do Benfica, por um resultado dilatado que acaba por nem deixar adivinhar as dificuldades por que passámos durante a primeira parte.
No primeiro jogo 'pós-Javi' a opção do nosso treinador acabou por ser num meio campo com o Carlos Martins e o Witsel, cabendo a este último ocupar a posição mais recuada. O resto do onze manteve-se igual ao que venceu tranquilamente em Setúbal a semana passada. Foi difícil a primeira parte, por culpa própria e também por culpa do adversário. Sabemos da extrema utilidade que o Javi tinha nos equilíbrios defensivos da equipa, mas durante a primeira parte onde a ausência se acabou por notar mais foi nas saídas para o ataque, na fase inicial da construção das jogadas. O processo habitual de recuo do médio defensivo para permitir que os centrais abram e os laterais subam rapidamente não resultou com o Witsel, de forma que a lentidão foi o tom dominante dos nossos ataques. O Carlos Martins esteve bastante apagado, e o recuo do Witsel pareceu também escondê-lo do jogo - foram várias as vezes em que vimos o Luisão a actuar praticamente como se fosse um distribuidor de jogo, e nunca é bom sinal quando a maioria das nossas jogadas de ataque têm que começar com um central a colocar a bola na frente. Do outro lado apanhámos um Nacional bem organizado a defender e acertado nas marcações e que conseguia, uma vez recuperada a bola, sair rápido para o ataque. Apenas por uma vez o Benfica conseguiu construir uma jogada de real perigo, que terminou num remate do Salvio ao poste. De resto, muita lentidão e falta de ideias. A um minuto do intervalo o Carlos Martins lesionou-se e para o seu lugar entrou o Matic, o que acabou por se revelar decisivo.
Com o Matic em campo na segunda parte, a equipa já jogou de uma forma mais familiar. A subida do Witsel no campo também beneficiou a equipa, pois esteve muito mais em jogo do que o Carlos Martins tinha estado durante a primeira parte e pressionou os jogadores do Nacional de forma mais eficaz - durante a primeira parte tiveram quase sempre demasiado espaço e tempo para jogar. Ao fim de dez minutos decorridos já o Benfica tinha praticamente resolvido o jogo, após marcar dois golos num espaço de cinco minutos. O primeiro nasceu de uma iniciativa do Melgarejo pela esquerda, que fez a bola viajar até ao Salvio na direita, para depois o Maxi desmarcar-se, evitar a saída do guarda-redes e centrar para a conclusão de cabeça do Cardozo. O segundo foi obra do Salvio, que sobre a direita, no meio de uma série de adversários, conseguiu arranjar maneira de sair dali com a bola e fazer um centro perfeito para uma finalização fácil do Rodrigo, de cabeça. Com o jogo resolvido o Benfica foi baixando progressivamente o ritmo do jogo, e os últimos vinte minutos foram jogados de forma muito pausada. Mesmo assim, foi quase a passo que o Benfica ainda fez o terceiro golo, novamente pelo Cardozo, a passe do Aimar já mesmo sobre a hora.
O melhor jogador do Benfica foi, na minha opinião, o Salvio. Mais uma vez a nossa ala direita esteve bastante activa, pois o Maxi acompanhou-o bem. Boa (e decisiva) entrada do Matic - o jogo desta noite deverá ter servido para clarificar que a opção natural para o lugar do Javi será mesmo ele, e também gostei do jogo que o Garay fez. O Rodrigo fez uma primeira parte muito apagada, mas acabou por conseguir fazer o golo da ordem. E o Cardozo mostrou continuar a ter jeito para fazer aquilo que sabe: apareceu no sítio certo na altura certa, e marcou por duas vezes.
Não foi tão fácil quanto o resultado poderá fazer crer, mas a vitória do Benfica é indiscutível. Fomos a melhor equipa no jogo, e soubemos ser eficazes no aproveitamento das oportunidades que criámos na segunda parte. A transfiguração da equipa da primeira para a segunda parte acabou por justificar plenamente a vitória. Os tempos do 'rolo compressor' já lá vão, mas não deixa de ser agradável termos dez golos marcados nos primeiros três jogos do campeonato.

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