terça-feira, 14 de dezembro de 2010

BENFICA -2 - 0 - JUSTO E MERECIDO


Vontade

A passagem aos oitavos de final da Taça de Portugal foi obtida com uma vitória incontestável sobre o Braga esta noite. O que podemos concluir é que mesmo se mostrarmos alguns dos pontos fracos do nosso jogo esta época, quando os jogadores entram em campo com a atitude certa, a probabilidade de serem (e nos deixarem a nós, adeptos) felizes é muito maior. E foi o que aconteceu esta noite, apesar de ser perfeitamente dispensável o prolongado sofrimento num jogo que, com um pouco mais de inspiração da nossa parte no ataque, poderia ter terminado com uma goleada das antigas.
Com um onze em que a única alteração ao que seria esperado foi a troca de guarda-redes (Júlio César no lugar do Roberto), os nossos jogadores mostraram desde início estar com vontade de resolver esta eliminatória a contento. Com cinco minutos decorridos já o Carlos Martins dispunha de uma boa ocasião para marcar, mas a sua tentativa de chapéu ao guarda-redes saiu demasiado alta. Infelizmente, algo de que nos podemos queixar esta época é de uma menor eficácia no ataque, desperdiçando mais oportunidades do que seria normal, e este lance foi apenas o mote para mais um jogo em que nos podemos queixar disto. Perante um Braga praticamente inofensivo, fomos assistindo ao Benfica a ser invariavelmente melhor e mais perigoso no jogo, com o marcador a manter-se teimosamente em branco, às vezes por culpa nossa, outras vezes por inspiração do guarda-redes adversário, como no lance em que, com uma defesa incrível, tocou na bola com a ponta dos dedos o suficiente para desviar para canto um remate cruzado do Luisão que levava o selo de golo (o nosso capitão acabou por ceder o seu lugar ao Sídnei pouco tempo depois, ainda antes da meia hora de jogo, por lesão). Só perto do intervalo é que conseguimos finalmente chegar ao golo: após um lançamento lateral do Maxi, o Javi García tocou de cabeça para trás, onde apareceu o Saviola, antecipando-se a dois adversários, a rematar de primeira para o fundo da baliza. Mesmo sobre o apito para o intervalo, mais um desperdício enorme do Benfica, ao esbanjar uma ocasião em que, após uma recuperação de bola do Aimar, ficámos com três jogadores para um defesa do Braga - mérito também do guarda-redes do Braga ao conseguir parar o remate do Cardozo.
A segunda parte pouco trouxe de diferente. O Benfica continuou a ser superior e a desperdiçar oportunidades, e o Braga a ser quase inofensivo. Saviola e Cardozo mostraram-se particularmente perdulários, e o resultado foi assim mantendo-se com uma incerteza muito enganadora. Após vinte minutos, o nosso treinador fez uma alteração que se impunha, entrando o Salvio para jogar bem encostado à direita (por onde o Braga atacava preferencialmente) e saindo o Carlos Martins, que após uma boa primeira parte e início da segunda, estava agora a apagar-se no jogo. A entrada do extremo argentino veio dinamizar o nosso jogo, e passámos a criar muito mais perigo por aquele lado - e consequentemente, a desperdiçar ainda mais oportunidades para colocar um ponto final no jogo. Conforme já escrevi, o Braga foi praticamente inofensivo nesta partida, mas já sabemos que quando andamos a desperdiçar muito a sorte tem tendência para ser madrasta, e isto quase que aconteceu outra vez hoje. Na única verdadeira oportunidade de golo que criou em todo o jogo, a dois minutos do final, o Braga quase empatou. Valeu-nos a grande defesa do Júlio César, a salvar praticamente em cima da linha um cabeceamento do Alan ao primeiro poste, após um canto. Pouco depois, e já no período de compensação, lá acabámos com as dúvidas ao marcar o segundo golo, mas até para isto foi preciso sofrer: primeiro remate do Salvio ao poste, recarga do Rúben Amorim para defesa do guarda-redes, e finalmente o Aimar, de cabeça, a fazer o golo que o Benfica já merecia há muito.
Na nossa equipa, sem grandes brilhantismos mas com muita garra em campo, destacaria jogadores como o Maxi Pereira, o Javi García ou o David Luiz. Jogo muito bom do Sídnei, entrado para substituir o Luisão (que, nos minutos que esteve em campo, estava também num bom nível). O Carlos Martins teve pormenores inspirados - o passe que ele fez sobre a defesa do Braga para isolar o Saviola foi excelente - e o Salvio entrou muito bem no jogo. Bem o Júlio César com uma intervenção decisiva quando foi chamado, mas gostaria que fosse mais expedito nas reposições da bola em jogo.
É certo que há coisas menos positivas que continuam a ser evidentes na nossa forma de jogar, e a mais preocupante delas é a lentidão de processos. Especificamente, a lentidão nas saídas para o ataque. Fazermos isto em velocidade valeu-nos incontáveis golos a época passada, mas este ano não estamos a conseguir repetir isto com tanta facilidade, o que significa que muitas das vezes, quando chegamos lá à frente esbarramos com um adversário completamente posicionado e organizado, o que obviamente dificulta muito as coisas. A já referida menor eficácia é também um problema. Mas o valor dos nossos jogadores e a vontade de vencer que eles puseram em campo hoje chegaram e sobraram para me convencerem que, no final, só por muito azar é que não sairíamos vencedores deste jogo.

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