O Benfica saiu de Belgrado com uma vitória por 1-2. Após uma brilhante primeira parte, as águias resolveram baixar o ritmo, permitindo ao Estrela Vermelha ganhar confiança, reduzir a diferença e terminar o jogo e cima da equipa portuguesa.
O Benfica começou a Liga dos Campeões com uma vitória sofrida por 1-2 diante do Estrela Vermelha. Sofrida única e exclusivamente por culpa própria, e quando nada no jogo fizesse prever tal situação. A equipa de Bruno Lage entrou forte, marcou dois golos e dominou por completo a primeira parte.
Contudo, o segundo tempo foi diametralmente oposto, com as águias a recuarem e a permitirem à equipa sérvia reconquistar a sua confiança e passar o jogo quase sempre para o seu meio-campo ofensivo. Apesar de não ser um prodígio em termos técnicos ou táticos, o Estrela manteve sempre a esperança, reforçando-a ainda mais após o golo, e acabando a partida a sufocar um Benfica que há muito que se tinha posto a jeito.
Apesar do sofrimento, as águias souberam aguentar a vantagem até ao fim, arrecadando três importantes pontos, assim como uns milhões para os cofres da Luz.
O jogo: Duas equipas, os mesmos jogadores
Após a vitória com o Santa Clara, Bruno Lage decidiu, compreensivelmente, manter o mesmo onze. Perante o esperado 'inferno' do Marakana de Belgrado, o Benfica entrou determinado em por água naquela fervura toda e mostrar qual era o 'diabo' que realmente mandava ali.
Bloco subido, pressão alta e o Estrela? Nem vê-lo. As águias tinham o controlo total do jogo e cedo trataram de transformar o domínio em golos. Aos 9 minutos, Akturkoglu aproveitou um bom cruzamento de Bah, tal como a apatia do adversário, para antecipar-se e encostar para o primeiro do jogo.
Contrário ao que se poderia esperar, o golo teve o condão de despertar a equipa sérvia, que agora conseguia chegar perto da área de Trubin, beneficiando também do recuo do clube da Luz no terreno. Contudo, tal subida nunca se traduziu em verdadeiro perigo e as águias lá iam, com maior ou menor dificuldade, anulando as iniciativas do adversário.
A superioridade técnica e tática do Benfica era notória; fosse a pressionar mais alto, fosse em transições ofensivas, aproveitando o muito espaço deixado pelo meio-campo sérvio na altura de recuar. Mas estamos em cenário de Liga dos Campeões, e todo o cuidado é pouco. Por isso, e quando nova oportunidade chegou, o Benfica voltou a aproveitar; livre ganho em posição frontal e Kokçu a bater o mesmo de forma magistral, deixando Glazer pregado ao relvado.
'Dois golos de vantagem e domínio total no final da primeira parte...isto parece resolvido', pensariam certamente aqueles que assistiam ao jogo.
Contudo, na segunda parte o Benfica resolveu tirar uma página do livro dos Monty Python e apresentar agora algo completamente diferente.
Inexplicavelmente o Benfica encolheu-se, perdeu controlo do meio-campo, e permitiu ao Estrela tomar conta do jogo e passá-lo todo para o seu meio-campo ofensivo. O ataque sérvio viu na esquerda do ataque um filão a explorar, agora perante um Kaboré, que entrou para substituir o lesionado Bah, totalmente desnorteado e incapaz de estancar o fluxo ofensivo adversário.
Vendo a postura da sua equipa, Bruno Lage fez entrar Aursnes para o meio-campo e mandou Akturkoglu ajudar na direita. Estas medidas lá tiraram o vento das velas do Estrela Vermelha que, apesar de ter mais bola e circundar a área benfiquista, não conseguiu criar verdadeiras oportunidades.
O tempo passava e, para o Benfica, o pior parecia já ter passado e restava agora esperar pelo fim do jogo, sem grandes agitações, sem grande velocidade...e sem balizas; os encarnados iam controlando 'à distância' o jogo, parecendo dar a vitória como dado adquirido.
Mas, como se costuma dizer, até ao lavar dos cestos é vindima, e os encarnados tiveram o seu amargo de boca que os levou a passar as passas do Algarve; 86 minutos e Milson a aproveitar uma desatenção da defesa para se isolar na cara de Trubin e reduzir a diferença no marcador.
O 'inferno' voltava a acordar e o Estrela volta a acreditar. Bruno Lage colocou trancas à porta com as entradas de Beste, Amdouni e Leandro Barreiro. Contudo, até final, a equipa portuguesa passou por alguns momentos de sufoco dentro da sua área, perante o esforço final dos sérvios, que tentaram de tudo para conseguir pelo menos um empate.
Todavia o Benfica acabou por aguentar o resultado até ao fim, algo que, olhando para a primeira parte, não tinha qualquer necessidade de fazer, tal a superioridade demonstrada. O sofrimento final foi desnecessário, mas talvez sirva de lição para jogos futuros...para já ficam os três pontos e os milhões no bolso.
Momento do jogo: O otomano mete na gaveta
Após o golo sofrido, o Estrela Vermelha reagiu em busca do empate, acercando-se da área de Trubin. Altura perfeita para o Benfica aumentar a vantagem; pressão alta e um livre perigoso em posição frontal, que a arte de Orkun Kokçu transformou no 0-2, dando assim outra tranquilidade às águias...pelo menos até ao intervalo.
O melhor: Inspiração e transpiração
Apesar de Di María ter negado uma mudança de comportamento dos jogadores do Benfica devido à troca de treinador, a verdade é que a diferença, em alguns casos, é por demais evidente. E o caso mais paradigmático será mesmo o de Kokçu.
O médio turco deu continuidade à boa exibição do fim-de-semana com mais um desempenho de alta qualidade. Tal como toda a equipa, o '10' dos encarnados esteve em destaque principalmente na primeira parte, pautando o ataque da equipa, e mostrando muita agressividade na altura de pressionar.
Tudo isto foi coroado com o melhor golo da noite, através de um livre direto superiormente batido. No segundo tempo, e à medida que as pernas iam falhando, Kokçu foi desaparecendo, isto apesar de ainda tentar por vezes esticar o jogo das águias para longe da sua baliza. Acabou por sair já perto do fim, numa altura em que o Benfica lutava para segurar a vitória.
O pior: Um corpo estranho...muito estranho
Aos 37 minutos Alexander Bah foi obrigado a sair devido a lesão, sendo substituído por Issa Kaboré, que assim fazia a sua estreia com a camisola do Benfica. Uma estreia, especialmente na Liga dos Campeões, nunca é fácil; contudo, cedo se percebeu que o lateral direito emprestado pelo Manchester City apresentava fragilidades.
Com a segunda parte, o Estrela percebeu que era por aquele corredor que deveria atacar, então infernizou ainda mais a vida ao africano, que nunca conseguiu acertar o passo, fosse a perder praticamente todos os duelos na defesa, fosse na sua inconsequência cada vez que subia no terreno.
Não se sabe se a lesão de Bah o irá obrigar a parar, seja como for, os primeiros indicadores do seu suposto substituto não são os mais animadores.
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