Surreal o que acaba de acontecer no Estádio da Luz. O Benfica operou uma reviravolta quase milagrosa diante do Sporting, com dois golos marcados aos 90+4 e aos 90+7, no jogo grande da 11.ª jornada da I Liga. Os leões, a jogar com menos um desde os 51 minutos após expulsão de Gonçalo Inácio, marcaram na 1.ª parte, aos 45 minutos, por Gyokeres.

Quando já se esperava mais uma derrota do Benfica, eis que surge os golos de João Neves aos 90+4 e Tengstedt aos 90+7 a darem os três pontos aos campeões nacionais. Uma vitória importante para dar uma machadada na minicrise encarnada, após o afastamento prematuro da Liga dos Campeões.

O Benfica iguala assim o Sporting na liderança com 28 pontos. O FC Porto é terceiro com 25. Os leões sofrearam a primeira derrota a nível nacional esta época, a segunda da temporada após terem perdido com a Atalanta.

FOTOS: Veja as melhores imagens do Benfica-Sporting

Um 3-4-3 que afinal era um 4-3-3

Esperava-se mudanças no onze do Benfica depois de Roger Schmidt ter admitido que errou na preparação e na tática aquando da derrota na quarta-feira diante da Real Sociedad mas, surpreendentemente, o técnico manteve o mesmo 3-4-3, embora com nuances diferentes. Morato parecia muitas vezes um lateral esquerdo, Aursnes era o lateral/ala direito.

No Sporting, a novidade foi a inclusão de Matheus Reis mas como ala esquerdo e não como um dos elementos do trio de centrais.

Pressionado pelo afastamento prematuro da próxima fase da Liga dos Campeões a meio da semana (zero pontos na prova e apenas um golo marcado), após perder 3-1 com a Real Sociedad, o Benfica tinha no dérbi uma oportunidade para lavar a sua imagem, principalmente o técnico Roger Schmidt, muito contestado por estes dias na Luz.

O Sporting, líder com mais três pontos que os encarnados, sabia que um empate deixaria tudo na mesma na frente mas um triunfo daria uma almofada de seis pontos na liderança, ao cabo de 11 rondas.

Os leões entraram melhores no encontro mas as duas primeiras oportunidades são do Benfica. Aos nove minutos, Musa insistiu numa bola que parecia perdida na área, est sobrou para Rafa que, em boa posição, atirou ao lado. O avançado do Benfica voltou a ter o golo no pé aos 12 minutos, após mau passe de Diomande na saída do Sporting, mas o seu remate, desviado pelo próprio Diomande, foi bater na barra.

Aos 24, nova ameaça de golo. António Silva isolou João Mário que, com pouco ângulo, tentou o chapéu a Adán. A bola subiu muito, por pouco Florentino não desvia para golo.

O Sporting tinha muito espaço no corredor central do Benfica, quando conseguia bater a deficitária pressão encarnada, e facilmente encontrava espaço no corredor contrário, principalmente á esquerda, para explorar. Faltava acutilância para ferir a defensiva do Benfica.

Os leões cresceram no jogo e, aos 30 minutos, Trubin teve de se aplicar para negar o golo a Diomande, na sequência de um canto. Aos 33, novamente o guardião encarnado, agora a travar o remate de Pedro Gonçalves, após passe fantástico de Edwards, que isolou Pote. Grande defesa de Trubin!

Gyokeres resolve, Gonçalo Inácio complica

Aos 45 minutos, apareceu Gyokeres a fazer estragos. Perda de bola de João Mário na zona central, Marcus Edwards saiu disparado para o contra-ataque, lançou na hora certa para o avançado sueco que disparou forte, junto ao poste de Trubin, para um golaço. O ucraniano pareceu surpreendido pela espontaneidade do remate.

O Sporting marcava antes do intervalo mas no regresso dos balneários, teve logo uma contrariedade. Gonçalo Inácio, que já tinha amarelo, entrou tarde num lance com Rafa, viu o segundo amarelo e consequente vermelho, aos 51. Rúben Amorim ajustou a defesa, com a entrada de St. Juste no lugar de Edwards, ficando Gyokeres mais só na frente.

Apesar de ter mais um jogador, o Benfica sentia dificuldades em superiorizar-se ao Sporting. Só aos 62 minutos, num remate de longe de João Mário, se viu o primeiro perigo dos encarnados após estarem a jogar com mais um.

Roger Schmidt tentou algo diferente, trocando Musa por Arthur Cabral e Florentino Luís por Tengstedt, aos 64 minutos, alargando assim a sua frente de ataque para quatro homens, perante um Sporting que se fechava bem atrás. Mas quem ficaria perto de marcar seria o Sporting, no minuto seguinte. Livre de Pedro Gonçalves, St. Juste fugiu a Aursnes tentou servir Morita, valeu Trubin a defender com os pés.

Seria de longe que o Benfica criaria nova oportunidade, aos 77 minutos, agora por Di Maria. O extremo pegou na bola atrás e disparou uma bomba, que Adán desviou para canto. Fantástico pontapé, espetacular defesa. Os adeptos do Benfica começavam a perder a paciência.

Rúben Amorim refrescou a equipa, com Nuno Santos no lugar de Matheus Reis, Trincão no posto de Pedro Gonçalves e Paulinho para a saída de Morita.

João Mário deu o seu lugar a Gonçalo Guedes, aos 87, e saiu sob um grande coro de assobios.


No terceiro dos seis minutos de descontos dados pelo árbitro Artur Soares Dias, apareceu o pequenino João Neves, mais uma vez decisivo. Na sequência de um canto, Morato desviou ao primeiro poste, a bola foi ter com o incansável médio que dominou e disparou para o fundo das redes. Loucura na Luz!

Aos 90+7, Tengstetd operou a reviravolta no marcador, num desvio na pequena área após centro de Aursnes, num lance validado pelo VAR. O árbitro auxiliar marcou fora de jogo, o lance foi analisado na Cidade de Futebol, que confirmou o golo. Posição regular por quatro centímetros, de acordo com as linhas traçadas pelo VAR.

O Benfica dá assim um safanão na minicrise e iguala o Sporting na liderança da Primeira Liga, com 28 pontos. O FC Porto é terceiro com 25.

VÍDEO - Veja o resumo do Benfica-Sporting