Assobios, muitos assobios. Foi assim no Estádio da Luz depois do apito final após o Benfica deixar fugir a vitória e perder dois pontos na receção ao Casa Pia. As águias estiveram bem longe de fazer uma boa exibição (só depois de sofrerem o golo do empate, a dez minutos do fim, sufocaram verdadeiramente o adversário) e, apenas quatro dias depois de perderem com a Real Sociedad para a Liga dos Campeões, os encarnados voltaram a escorregar no seu terreno, agora para a Primeira Liga.

Na conferência de imprensa de antevisão ao encontro, Roger Schmidt tinha dito que este era o pior momento desde que estava ao leme das águias na Liga dos Campeões, mas não no campeonato, sublinhando que depois da derrota na jornada inaugural a sua equipa havia somado sete vitórias consecutivas na prova, ainda que nem sempre jogando bem. Só que na noite de sábado, na receção ao Casa Pia, voltou a não jogar bem...e desta vez pagou caro por isso. A crise que Schmidt admitia na Liga dos Campeões, terá agora chegado - também a nível de resultados - ao campeonato.

As águias poucos lances de perigo criaram nos primeiros 45 minutos e foi com alguma felicidade - e alguma arte de João Mário - que foram para o intervalo a vencer por 1-0, graças a um golo do médio mesmo ao cair do pano da primeira parte. Na segunda parte viram Trubin adiar o golo dos visitantes, ao defender uma grande penalidade, mas foram traídas por uma abordagem infeliz do guardião ucraniano no lance que ditou o empate. Depois, sim, o Benfica correu atrás do prejuízo, mas foi demasiado pouco, demasiado tarde.

As exibições menos conseguidas não são de agora (por exemplo, na jornada anterior, antes da paragem para as seleções e para a Taça, o Benfica tinha precisado de um golo nos descontos do segundo tempo para vencer o último classificado, Estoril), mas agora corresponderam a uma escorregadela em casa diante de um adversário que luta por outros objetivos. Algo que não aconteceu na temporada passada, em que, na caminhada para o título, no Estádio da Luz o Benfica só perdeu pontos ante os rivais Sporting e FC Porto, vencendo os restantes 15 jogos.

A história do encontro em fotos

O jogo: no melhor pano caiu a nódoa

Depois da má exibição frente à Real Sociedad, Roger Schmidt promoveu várias mexidas no onze inicial, com destaque para a presença de Florentino (tão pedida pelos adeptos) no meio campo e para a titularidade de Arthur Cabral na frente (Musa ficou de fora devido a uma amigdalite, mas o brasileiro voltou a não convencer).

O Benfica até pareceu entrar cheio de vontade de fazer as pazes com os adeptos, mas o ímpeto inicial depressa se perdeu e as ocasiões de golo escassearam nos primeiros 45 minutos. Apenas Arthur Cabral, aos 24 minutos, e Neres, aos 34, ameaçaram o golo, antes de este surgir quando já todos esperavam o intervalo, num lance em que Aursnes serviu João Mário e este, com um remate brilhante, pleno de intenção e colocação, abriu o marcador.

Em vantagem ao intervalo, o Benfica poderia partir para uma segunda parte tranquila, mas isso esteve longe de acontecer. O Casa Pia entrou bem no segundo tempo e conquistou uma grande penalidade. Trubin - que havia já defendido um penálti em Portimão, algumas jornadas atrás - brilhou e defendeu o remate de Felippe Cardoso, recebendo uma enorme ovação dos mais de 57 mil adeptos presentes no Estádio da Luz. Só que no melhor pano caiu a nódoa e, depois de brilhar nesse lance, o guarda-redes do Benfica comprometeu no lance do golo do empate do Casa Pia, aos 81 minutos, ao deixar passar por entre as pernas o remate de ângulo apertado de Larrazabal.

Ao ver-se empatado com menos de dez minutos para jogar até aos descontos (mais os sete de desconto que o árbitro viria a dar), o Benfica reagiu e conseguiu criar vários lances de perigo, enviando mesmo duas bolas à trave, em cabeceamentos de Florentino e António Silva. Mas não conseguiu voltar a marcar, viu dois pontos escaparem por entre as mãos e acabou a ouvir os adeptos a assobiar.

O momento: Empate por entre as pernas de Trubin

Minuto 81: o Benfica vencia pela margem mínima e o Casa Pia ia acreditando que podia fazer uma surpresa no Estádio da Luz. Os gansos tinham ameaçado no minuto anterior e, depois, marcaram mesmo. Larrazabal entrou na área pela direita no seguimento de uma excelente jogada individual, deixou para trás Jurásek e, já de ângulo apertado, rematou rasteiro e cruzado. A bola passou por baixo das pernas de Trubin e os casapianos chegaram ao empate.

A figura: Larrazabal foi dor de cabeça para a águia

O ala direito espanhol não comprometeu nunca a defender, até porque o Benfica atacou muito mais pelo flanco oposto, e aproveitou para, aos poucos, se soltar e causar o pânico com as arrancadas pela direita no segundo tempo. Ameaçou algumas vezes, e ao minuto 81 marcou mesmo o golo que valeu um ponto à sua equipa no terreno dos atuais campeões nacionais.

As reações

Schmidt diz que Benfica "esqueceu-se de decidir o jogo", Aursnes considera empata "desapontante"


Filipe Martins não acreditava que o Benfica "estivesse tão mal como diziam", Fernando Varela sabia que o Casa Pia podia "fazer mossa"

O resumo