terça-feira, 23 de agosto de 2011

BENFICA -3 FEIRENSE - 1 - SOFRIDO SEM NECESSIDADE

Por culpa exclusivamente nossa, sofremos mais do que seria previsível para levarmos de vencida o Feirense. E as culpas distribuem-se entre o desperdício no ataque - em particular na primeira parte - e a insegurança na defesa a partir do momento em que consentimos o golo do empate.

O Jorge Jesus neste momento parece uma espécie de viciado, incapaz de largar o hábito a que está agarrado. Quando pensamos que já temos provas suficientes sobre qual é o sistema táctico que melhor parece adaptar-se às características do plantel, e que o treinador também já estará convencido, de repente distraímo-nos um pouco e quando damos por isso lá está ele outra vez agarrado aos velhos hábitos e a lançar o 4-1-3-2 para dentro do campo, relegando o Witsel para o banco. Foi o que aconteceu hoje, com o Benfica a apresentar um onze cuja maior novidade foi a presença do Capdevilla na esquerda da defesa. Mesmo sem grande brilho, o Benfica dominou completamente uma primeira parte de sentido único, durante a qual o Artur foi um mero espectador. Já depois de uma primeira grande oportunidade de golo desperdiçada, pelo Saviola, o golo chegou relativamente cedo, um pouco antes de atingido o primeiro quarto de hora, e pelo suspeito do costume: Nolito. Depois de um lançamento lateral do Maxi, o Cardozo na zona do primeiro poste tocou de cabeça para trás e o espanhol apareceu solto de marcação para fazer o seu quinto golo em cinco jogos. Daqui para a frente, a descrição da primeira parte quase que se resume às oportunidades falhadas pelo Benfica. Ou por falta de pontaria, ou por inspiração do guarda-redes Paulo Lopes, fomos incapazes de dar maior expressão ao resultado, e vimos o Aimar, o Nolito ou o Gaitán (acertou no poste) desperdiçar boas ocasiões, pelo que a vantagem mínima do Benfica com que se chegou ao intervalo era justa, mas escassa.

A segunda parte iniciou-se sob o mesma tendência do desperdício: depois de um canto do Aimar, o Luisão apareceu completamente sozinho junto da pequena área a cabecear (nem precisou de saltar) mas conseguiu o mais difícil, não acertando na baliza. Aos oito minuto, o Feirense teve uma rara subida ao ataque, beneficiou de um canto (tavez o primeiro do jogo) e, como não podia deixar de ser, marcou. O Benfica atá teve uma reacção positiva ao golo durante alguns minutos, voltou a criar perigo (teve um fora-de-jogo muito mal tirado ao Saviola, que o deixaria isolado), mas findo o primeiro quarto de hora o jogo ficou completamente aberto, atravessando-se um período em que o próprio Feirense parecia poder aspirar a vencer o jogo. Viu-se aquilo que costuma acontecer muitas vezes quando jogamos com esta táctica, ou seja, assim que a condição física começou a falhar um pouco a equipa ficou praticamente partida ao meio, com metade a defender, outra metade a atacar, e um vazio no meio, que ia sendo preenchido com esforço pelo Aimar. Após quinze minutos nesta indefinição, o Maxi decidiu ir por ali fora, ganhou a linha de fundo, entrou na área e centrou rasteiro para o Cardozo, em esforço, tocar para o golo. O mais difícil estava conseguido, mas o descanso só apareceu já em período de descontos com um grande golo do Bruno César, que tirou vários adversários do caminho, entrou na área pela esquerda, e com um remate cruzado fez um grande golo.

Num jogo em que não me pareceu haver grandes motivos de destaque, os melhores do Benfica acabaram por ser, para mim, o Nolito, pelo golo marcado e por estar envolvdo na maioria dos lances de ataque mais perigosos, e o Aimar, cujos esforços para fazer a ligação entre os sectores da equipa chegam a cansar so de ver. O Witsel teve uma boa entrada em jogo e ajudou a trazer mais alguma organização ao nosso meio campo.

Saí da Luz satisfeito com o resultado, mas não muito contente com a exibição. O Benfica não deveria ter que sofrer tanto para levar de vencida o Feirense. Houve, mais uma vez, desperdício no ataque, mas mais preocupante foi o muito espaço que a nossa defesa deu a partir do momento em que sofremos o golo. Além disso isto foi um jogo que, pela forma como correu, me pareceu ter obrigado os nossos jogadores a um esforço mais intenso do que seria desejável antes do playoff da Champions. Esperemos que não haja consequências disto na quarta-feira.


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