domingo, 12 de maio de 2024

BENFICA - 5 AROUCA - 0 - VITÓRIA

 Rafa Silva bisou numa tarde marcada pela sua despedida ao Estádio da Luz ao fim de oito anos.

O adeus digno de um ídolo! Benfica goleia Arouca com bis de Rafa
O adeus de Rafa Silva ao Benfica ao final de oito anos de águia ao peito. TIAGO PETINGA/LUSA © 2024 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Foi com goleada que o Estádio da Luz se despediu de uma atribulada época. Rafa Silva foi o herói numa tarde marcada pela despedida do extremo ao fim de oito anos de águia ao peito.

Foi uma mão cheia de golos aquela que os adeptos encarnados puderam assistir no último jogo em 'casa' da temporada 2023/24. Os bis de Rafa Silva, que se despediu em grande, e os golos de Ángel Di María, Orkun Kokçu e Tengstedt selaram a vitória caseira na penúltima jornada da Primeira Liga.

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Três foi a conta que Deus fez

Em dia de despedida da temporada 2023/2024 no Estádio da Luz, foi também altura para dizer adeus a uma das figuras maiores do plantel encarnado nos últimos oito anos. Rafa Silva realizou, este domingo, o último jogo de águia ao peito, ao fim de três Campeonatos Nacionais, duas Taças de Portugal e três Supertaças.

E foi mesmo o número 27 das águias o primeiro a criar perigo, aos seis minutos de encontro, com um remate por cima da baliza do Arouca e, pouco depois as bancadas da Luz ainda gritaram golo mas o português atirou ao lado.

O Benfica mostrava ao que vinha e entrou mais forte com João Neves, Ángel Di María e João Mário a tentar fazer o gosto ao pé no primeiro quarto de hora do encontro. E, como se não bastasse aos 21 minutos João Mário voltou a tentar a sua sorte, a antecipação crescia na Luz e quase em câmara lenta a bola embateu no poste da baliza dos lobos de Arouca.

Ao minuto 24', Robson Bambu jogou a bola com a mão e Fábio Melo aponta para a marca dos onze metros. A Luz ainda gritou para Rafa bater a grande penalidade mas o extremo não quis bater o penalti. Ángel Di María não desperdiçou e num penálti clássico, com a bola a ir para um lado, guarda-redes para o outro, estava inaugurado o marcador da partida.

O ímpeto ofensivo dos encarnados fazia prever que o resultado não ficaria por aqui e, sete minutos depois, nova grande penalidade e novo golo. Agora foi dos pés de Kokçu que as águias dilataram a vantagem no marcador depois de falta cometida pelo guardião dos arouquenses.

Mas, o momento alto da primeira parte surgiria aos 42 minutos. Depois de ao minuto 27 as bancadas da Luz gritarem por Rafa, o extremo respondeu em forma de golo, com um remate forte e colocado, a bola entrou junto ao ângulo, sem hipótese para Arruabarrena e estava feito o 3-0.

Melhor despedida era impossível

Decorriam os primeiros segundos da segunda parte e Rafa já prometia deixar muitas saudades. Numa jogada típica do extremo, recebeu o passe de Carreras de costas para a baliza, rodou sobre Montero e arrancou para a área, onde na cara de Arruabarrena acabou por picar a bola e bisar na partida. 

Quando já se cheirava o quinto golo, João Mário à boca da baliza cabeceou por cima.

Para os lados do Arouca pouco mudou na segunda parte, o Benfica continuava a dominar e poucas eram as vezes que os lobos se conseguiam aproximar da baliza de Trubin.

Porque não há quatro, sem cinco. Tengstedt na primeira vez que tocou na bola regressou aos golos. Saída rápida dos encarnados no contra-ataque, João Mário para Rafa, este assiste o dinamarquês que contorna Arruabarrena e faz o 5-0.

Aos 84 minutos, a Luz levantou-se para despedir-se de Rafa, entre vénias e cânticos de apoio ao número 27, o extremo despediu-se e passou o testemunho a João Rego que se estreou pela equipa principal do Benfica.

Já nos minutos finais Rollheiser teve nos pés a oportunidade de fazer o sexto mas, a bola saiu ligeiramente ao lado da baliza do Arouca.

segunda-feira, 6 de maio de 2024

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL - CAMPEÃO NACIONAL

 Para se sagrar campeão, o emblema leonino precisou de ter todos os envolvidos ao mais alto nível. O SAPO Desporto analisou os contributos dos jogadores mais preponderantes, que tiveram em 2023/24 uma época de afirmação plena e ajudaram o Sporting a conquistar o 20.º título da I Liga.

Os destaques do Sporting no caminho para o título: as revelações, as confirmações e as contratações certeiras
© 2024 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Para conquistar um titulo de campeão nacional é preciso que todas as peças do 'puzzle' encaixem e se apresentem ao mais alto nível para derrotar a competição feroz proporcionada pelos outros candidatos à conquista do troféu. O SAPO Desporto analisou ao pormenor as revelações, as confirmações e as melhores contratações da temporada, que ajudaram Ruben Amorim a conduzir o Sporting ao 20.º troféu da I Liga.

Contratações escolhidas a dedo

O plantel da temporada passada já tinha dado muito bem conta de si, mas Amorim sentiu que era preciso algo mais para completar o grupo e colmatar alguma lacunas identificadas em 2022/23. Para isso, o Sporting contratou Mortem Hjulmand e Viktor Gyokeres, no verão, completando o rol de transferências com a chegada de Koba Koindredi no inverno.

Gyokeres chegou, viu e...venceu. O avançado sueco provou no imediato a sua importância na equipa e foi o abono de família dos leões, tendo contribuído com (muitos) golos decisivos, além de assistências. O avançado permitiu a Ruben Amorim ter mais alternativas na forma de jogar dos leões, passando de um jogo quase sempre mais curto e posicional, para uma forma de atacar mais direta, aproveitando a capacidade de Gyokeres de ganhar a profundidade para deixar os adversários mais desconfortáveis.

A análise, os protagonistas e as fotos no especial Sporting Campeão 2023-24

Além disso, o sueco, de 25 anos, é o primeiro a pressionar os oponentes, dando mais tempo aos colegas para recuperar posições em transição defensiva e a sua capacidade física permite-lhe correr o jogo todo, sempre em alta intensidade. Esta contratação traduziu-se em golos, mas também foi benéfica noutros aspetos do futebol leonino, além de ter permitido aos adeptos verem no homem da máscara um novo ídolo e já ninguém se lembra que custou 20 milhões de euros aos cofres do leão.

Hjulmand também veio para Alvalade na mesma ótica de Gyokeres, para tentar agarra a titularidade depois de uma bela época 2022/23 no Lecce. A qualidade existente era notória, mas havia dúvidas se conseguiria impor-se numa equipa que luta por títulos. No entanto, não foi preciso muito para obter resposta, uma vez que o dinamarquês surpreendeu tudo e todos, impondo-se categoricamente e transformando-se num esteio defensivo, que faz lembrar João Palhinha.

O médio defensivo, de 24 anos, é dono de uma agressividade brutal na procura da bola e parece estar sempre no sítio certo para intercetar os ataques adversários. É um ponto de equilíbrio na construção ofensiva e tem sido o elo de ligação perfeito entre a defesa e o meio-campo. Já assumiu o papel de líder do balneário sportinguista e aparenta ter capacidade para voos ainda maiores. A par de Gyokeres, prova que por vezes mais vale qualidade do que quantidade e justifica os 18 milhões de euros investidos no seu passe.

O caso de Koba Koindredi é distinto dos anteriores. O médio com raízes na Nova Caledónia impressionou na primeira metade da época ao serviço do Estoril e ganhou um convite para integrar a turma de Ruben Amorim. Chegou já com o comboio em andamento e teve dificuldades para acompanhar o ritmo, tanto que ainda não somou muitos minutos, mas tem tido algumas oportunidades para mostrar ao treinador que pode ser uma mais-valia.

Dono de uma capacidade física impressionante, tem semelhanças a Matheus Nunes no estilo de jogo, pela capacidade de transporte de bola e a chegada fácil à área. Ainda tem muito para evoluir em termos táticos, especialmente para jogar num meio-campo a dois, mas tem mais do que capacidade para crescer e conseguir conquistar um lugar no onze leonino, até porque ainda só tem 22 anos.

As revelações que aproveitaram o espaço livre

Se todos os anos há jogadores cujo impacto na equipa já é esperado pela sua qualidade, há boas surpresas que superam as expectativas e se tornam soluções importantes. Franco Israel, Eduardo Quaresma, Geny Catamo e Francisco Trincão são os jogadores que destacamos e que consideramos encaixarem-se nestes padrões.

Começando pela baliza, Franco Israel começou a época como suplente, mas beneficiou de uma lesão de Antonio Adán para assumir a baliza leonina em definitivo a partir da primeira mão da meia final da Taça de Portugal, contra o Benfica. O uruguaio tem crescido em contexto de jogo e tem provado que é uma solução muito válida para substituir o espanhol que, aos 36 anos, já não está no auge das suas capacidades. Israel é exímio entre os postes, tendo reflexos muito rápidos, mas ainda tem que evoluir nas saídas, que é a parte do jogo em que denota menos confiança. Os minutos vão ajudá-lo a crescer, mas parece um jogador com capacidade para assumir a baliza leonina a longo prazo.

Passando para Eduardo Quaresma, o jovem defesa central retornou após um período de empréstimos a Tondela e Hoffenheim, que lhe parecem ter feito bem. Uma das coisas que Amorim considerava que lhe faltava era a maturidade competitiva e Quaresma regressou com essa lacuna colmatada, demonstrando uma maior concentração nas partidas. A velocidade e qualidades técnicas defensivas sempre estiveram presentes e o facto de ter aliado as capacidades mentais a esta vertente fizeram do central um jogador mais completo que poderá aproveitar eventuais saída de de Inácio e Diomande para se afirmar em definitivo.

Subindo no terreno Geny Catamo deve ter sido o que mais evoluiu. Chegou conotado como extremo, mas o treinador do Sporting viu-lhe potencial para desempenhar funções na ala. O moçambicano uniu o virtuosismo na hora de atacar a uma grande disciplina defensiva quando necessária e tem-se revelado muito importante na manobra da equipa. De dispensado passou a titular e foi a maior revelação da temporada leonina. 

Por fim, Francisco Trincão. Após ter brilhado no SC Braga não conseguiu vingar no Barcelona e voltou a Portugal para renascer ao serviço do Sporting. Após um período sem grande brilhantismo, o que muitas vezes lhe valeu a posição de suplente, agora parece ter desabrochado e tem sido dos elementos mais desequilibradores da frente de ataque dos leões. Aliou a capacidade de drible aos números e tem sido decisivo em muitos dos jogos, o que lhe até valeu uma chamada à Seleção Nacional (que não se confirmou por lesão). Aos 24 anos ainda tem espaço para crescer mais e, a este ritmo, ainda tem hipóteses de protagonizar mais uma transferência milionária e atingir patamares mais elevados.

As confirmações de potencial

Se uns foram surpresas, outras apenas confirmarem as primeiras impressões deixadas. Diomande, Morita e Pedro Gonçalves provaram que não foram fogo de vista e foram decisivos no sucesso leonino desta temporada.

O central costa-marfinense chegou a meio da temporada passada e não demorou a conquistar o lugar. Desde cedo provou que tinha competências acima da média, tanto pela sua imponência física, como pela velocidade e jogo defensivo. Já provou que é jogador para outro nível e depois de amadurecer e limar algumas arestas próprias da idade, relacionadas com impetuosidade e uma melhor leitura dos lances, poderá possivelmente tornar-se num dos melhor centrais do Mundo.

Já Hidemasa Morita é outro tipo de jogador. Discreto, quase não se dá por ele em campo, mas é fundamental para o equilíbrio do onze. Já se tinha complementado bem com Matheus Nunes e agora faz uma parceria diferente com Hjulmand, mas que não fica nada atrás da do ano passado. O nipónico tem muita qualidade de passe de posicionamento, tendo aprendido este ano a chegar à área com mais frequência para ganhar expressão na parte ofensiva do jogo. É um dos esteios da equipa e, aos 28 anos, parece estar no pico das suas capacidades, algo que provou especialmente este ano, sendo essencial nos planos de Amorim.

A situação de Pedro Gonçalves é especial. Na primeira temporada ao serviço do Sporting teve a melhor etapa da carreira, tanto em termos de números como de influência no jogo, mas este ano não atingiu o mesmo brilhantismo, embora seja claramente dos melhores jogadores da I Liga. Embora não tenha tido tanto impacto direto na equipa em termos de golos, em comparação com o período anteriormente referido, continua a ser dos mais irreverentes e dos que mais contribuiu para o elevado número de vitórias, ajudando a equipa com passes decisivos, golos oportunos e muito futebol. A cada ano que passa parece mais perto de sair de Portugal e já provou que tem qualidade para tal. É um dos líderes do Sporting em campo, não liderando pela palavra, mas sim pelas ações e nisso é de classe mundial.

Estes são os grandes destaques desta temporada, que fizeram do Sporting novamente campeão. Seguramente será difícil manter todas estas estrelas, mas os leões parecem ter encontrado o caminho do sucesso e quando se perdem uns, têm aparecido outros para colmatar a vaga, o que leva a crer que este projeto tem pernas para andar.